Construção: desemprego em risco de duplicar - TVI

Construção: desemprego em risco de duplicar

Construção civil [Arquivo]

Aposta na requalificação urbana permitiria criar de imediato 40 mil postos de trabalho

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O Sindicato da Construção do Norte alertou esta quarta-feira que o desemprego no sector pode praticamente duplicar até Setembro, atingindo mais 30 mil trabalhadores, se não forem urgentemente tomadas medidas.

Em conferência de imprensa numa rua do Porto frente a prédios devolutos, o presidente do sindicato afirmou que «ninguém pode dizer com certeza o número de desempregados na construção civil», garantindo que, «para além dos 29 mil de que se fala, há pelo menos mais 10.000 trabalhadores que não têm direito a fundo de desemprego porque os patrões não descontavam para a Segurança Social».

«E, se não forem tomadas medidas, mais 30 mil postos de trabalho irão desaparecer no sector da construção. Não tenho qualquer tipo de dúvidas», sustentou Albano Ribeiro.

Aposta na requalificação e reconstrução dos imóveis

Para o sindicato, a solução para travar a escalada do desemprego no sector é a aposta na requalificação e reconstrução dos imóveis degradados em todas as cidades do país, nomeadamente nas capitais de distrito.

Só na cidade do Porto serão mais de 7.000 as casas «a precisar de uma intervenção urgente».

Aposta permitiria criar 40 mil postos de trabalho

Segundo Albano Ribeiro, esta aposta «permitiria criar de imediato 40 mil postos de trabalho. Não há razão nenhuma para se dizer, como fez recentemente o Presidente da República, que não há nada a fazer, só solidariedade para com os desempregados. Há muito a fazer porque só a reconstrução e requalificação das cidades pode dar muito trabalho a trabalhadores têxteis, metalúrgicos ou de outros sectores».

«O poder central, local e os senhorios podem ser responsáveis por evitar a miséria de milhares de famílias. Neste momento não é preciso construir mais casas, é preciso é recuperar as que estão degradadas», disse Albano Ribeiro, destacando que «o Estado e as autarquias têm que dar o exemplo».

Linha de crédito para senhorios

No que diz respeito aos senhorios, o sindicato defende a criação de uma linha de crédito «que possibilite a recuperação dos imóveis para fim de arrendamento a famílias carenciadas» e que a renda seja paga «em função do rendimento do agregado familiar».

Relativamente às obras públicas, o dirigente sindical considera que «são importantes», mas não a solução para o desemprego no sector. «A barragem do Baixo Sabor, o túnel do Marão e a auto-estrada transmontana poderão criar até ao fim do ano cinco mil postos de trabalho, mas é preciso criar 40.000».

Outra preocupação de Albano Ribeiro são as empresas que operam ilegalmente no sector, «porque não cumprem com o Estado nem com os trabalhadores, não descontam para o Fisco nem para a Segurança Social e os trabalhadores depois não têm direito a fundo de desemprego».

«Temos contabilizados, no sindicato, 350 mil euros de salários e direitos por pagar a trabalhadores, muitos de empresas ilegais que não têm sequer alvará para trabalhar», afirmou, revelando que, «no sector, estão a ser desviados por ano 1.600 milhões de euros à Segurança Social».
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