Os gémeos que passaram pelo FC Porto, jogaram com Paím e brilham no Freamunde - TVI

Os gémeos que passaram pelo FC Porto, jogaram com Paím e brilham no Freamunde

Gémeos Martins (Foto: Arquivo Pessoal)

Diogo e Pedro Martins jogam juntos desde que se lembram. Começaram no Folgosa, jogaram no Trofense, Leixões e São Pedro da Cova, além de uma passagem pela formação dos dragões, e agora alimentam o sonho dos «capões»

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"Conto direto" é a rubrica do Maisfutebol que dá voz a protagonistas dos escalões inferiores do futebol português. As vivências, os sonhos e as rotinas, contados na primeira pessoa.

Diogo Martins e Pedro Martins, 23 anos, médios do Freamunde

«Começámos a jogar futebol da mesma forma que tantas outras crianças: no clube da nossa terra. Inicialmente fazíamos natação, mas os meus pais achavam que não gastávamos a energia que devíamos e colocaram-nos a jogar no Folgosa. 

Estivemos dois anos no Folgosa, mas depois surgiu o interesse do Trofense, no mesmo ano em que o clube tinha subido à I Liga. Como era relativamente perto, acabámos por ir. Tínhamos 11 anos.

Jogámos um ano no Trofense até que recebemos um convite para ir para o FC Porto. Era uma realidade totalmente diferente. Mesmo nessa idade, os jogadores já têm qualidade. Aprende-se muito com os treinadores, sobretudo pela forma como ensinam e orientam os treinos. Era tudo muito distinto do que estávamos habituados.

Acabámos por regressar ao Trofense no ano seguinte. Foi uma decisão de ambas as partes. Eles perceberam que se calhar não iríamos jogar tanto como gostaríamos e nós decidimos voltar com 13 anos. Curiosamente voltámos e 'apanhámos' o Vítor Matos, que agora é adjunto do Klopp, como treinador.


 

Pedro Martins (à direita na imagem) e Diogo Martins (à esquerda) jogaram um ano nas escolinhas do FC Porto. (Foto: Arquivo pessoal)


Foi o treinador que nos mudou para a posição onde jogamos hoje. Antigamente jogávamos como extremos, mas o Vítor Matos percebeu que poderíamos jogar melhor como médios. Ainda não se sabia onde poderia chegar, mas percebia-se pela forma de ensinar e de comunicar com os jogadores que era um treinador diferente.

Estivemos no Trofense até aos 16 anos e depois saímos para o União Nogueirense. Fizemos duas épocas no clube até que surgiu a oportunidade de ir jogar no Campeonato Nacional de Juniores pelo Leixões.

A meio da época no Leixões fomos para o Trofense. As coisas começaram a ser diferentes no Leixões, houve várias mudanças e saímos. Fomos para o Trofense com a promessa de integrar a equipa sénior no ano seguinte, mas isso acabou por não acontecer depois da entrada de uma nova direção e de um novo treinador.

Regressámos ao Leixões para jogar na equipa B. Na altura havia uma certa distância entre a equipa B e equipa principal pelo facto de jogarmos nas distritais da AF Porto. Era uma diferença grande para a II Liga, naturalmente. Só quem tinha contrato profissional com o clube é que treinava regularmente com a primeira equipa.

Na equipa B do Leixões cruzámo-nos com o Fábio Paím. Ele chegou a meio da época, mas acabou por não ficar muito tempo. Acabámos por reencontrá-lo no ano seguinte no São Pedro da Cova, mas também só esteve lá cerca de dois meses. Deu para perceber que ele tinha muita qualidade, obviamente. Se calhar o corpo já não lhe permitia fazer o que ele queria, mas tinha muita qualidade. Podemos dizer que sempre foi cinco estrelas com todos os colegas.

A equipa B do Leixões acabou e o treinador, o Armando, levou vários jogadores para o São Pedro da Cova. Fizemos a melhor época da história do clube. O plantel tinha muitos jogadores jovens e os treinos eram ou de manhã ou ao início da tarde. Fizemos um final de época muito bom, mas depois perdemos pontos na secretaria e acabámos em quinto lugar.


 

Pedro Martins (à frente) e Diogo Martins (atrás) representaram o São Pedro da Cova em 2018/19. (Foto: arquivo pessoal).



Depois decidimos ir para o Freamunde. Fomos para o Freamunde um bocadinho com pé-atrás. O clube tinha fama de não pagar, mas nestes três anos não ficou a dever um cêntimo a ninguém.

Posso dizer que o Freamunde tornou-se no clube do nosso coração pela mística, pelos adeptos e pelas pessoas que lá trabalham. É tudo o que esperamos ter num clube de futebol. Mesmo jogando na divisão de Elite da AF Porto, sentimo-nos jogadores pela quantidade de adeptos que temos a assistir aos jogos.

Pelo meio ainda jogámos no Pedras Rubras, mas desportivamente não correu como esperávamos. O clube desceu, inclusive, de divisão. Entretanto surgiu a pandemia, o campeonato parou e só este ano é que estamos a fazer uma época sem parar no Freamunde.

Sabíamos que tínhamos qualidade para lutar pela subida ao Campeonato de Portugal. Mas o objetivo não era subir. Queríamos tentar ganhar todos os jogos. Acabámos a primeira volta invictos e vimos que tínhamos qualidade para tentar subir de divisão. O facto de termos um treinador muito bom e com experiência em campeonatos profissionais ajudou muito a equipa. Para já está a correr bem [Freamunde iniciou a fase final com um empate contra o Foz].

Jogámos sempre juntos. Até aos 18 anos dependíamos dos nosso pais e a logística de levar um a determinado clube e o outro a outro era complicada. Acabou por ser uma necessidade. Enquanto seniores os clubes sempre mostraram interesse em contar com ambos. Nunca foi uma condição imposta por nós.

Há mais discussão entre nós do que com outros colegas. Sabemos o que cada um vale e queremos o melhor para cada um. Mas também há muitas vantagens. Já jogámos há muito tempo juntos e sabemos o que cada um está a pensar ou vai fazer. 

Há muito tempo que não treinávamos ao fim da tarde e nunca procurámos um trabalho, além do futebol. Mas acredito que no Freamunde, com a época que estamos a fazer, que estamos mais perto do objetivo de chegarmos ao futebol profissional.

Por norma acordamos às 10h30 e tentamos ir ao ginásio antes do almoço. Caso não seja possível, vamos ao princípio da tarde. Gostamos de fazer reforço muscular, ajuda-nos muito. Muito raramente paramos por lesão ou seja, esse trabalho acaba por valer. Ao fim da tarde vamos para o treino que começa às 19h00 e voltamos a casa por volta das 21h.»










 

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