Numa mistura de organização, preparação e desejo, os «Ticos» já mostraram que podem derrotar grandes seleções, nomeadamente depois de terem ficado em primeiro lugar no chamado «grupo da morte», com Itália, Uruguai e Inglaterra. A festa foi de arromba.
O guarda-redes Keylor Navas foi o herói, defendendo o penálti decisivo, mas a explicação para o sucesso vai muito além da inspiração de um ou outro indivíduo. Se Joel Campbell e Bryan Ruiz são jogadores-chave, o técnico é o grande mago da tática e curiosamente um entusiasta do jogo da Holanda, nomeadamente de Robben.
As fundações do sucesso da Costa Rica assentam no seu sistema tático, com a utilização sólida de cinco defesas, que só sofreram um golo em jogo nos quatro já disputados (na vitória por 3-1 sobre o Uruguai, na primeira jornada). O meio-campo assenta na liderança de Celso Borges, capaz de proteger a defesa e lançar o trio de ataque, composto por Joel Campbell, Bryan Ruiz e Christian Bolanos.
«Vamos continuar a lutar para continuar em competição. Vimos coisas bonitas, mas somos ambiciosos, queremos crescer e seguir em frente. Vamos enfrentar uma equipa extraordinária, vencedores no mundo com grandes jogadores, mas estamos feliz», disse o treinador.
Robben como modelo
Jorge Luis Pinto é colombiano, mas toda a sua vida desportiva tem sido feita de viagens pelo mundo. Esteve muito tempo em São Paulo, onde aprendeu a ser adepto do Corinthians, mas também na Europa, embora admita que lhe falta ter contactos com Mourinho e Guardiola.
No seu site pessoal apresenta exemplos de táticas a utilizar e algumas delas têm como protagonista o holandês Robben, mas em jogos do Bayern Munique. O extremo é inspiração, por isso não terá segredos para o treinador: «Gravámos o jogo da Holanda com o México e agora vamos analisá-lo. Vamos enfrentá-los com respeito, mas também com desejo de ganhar».
Pinto refere-se a Robben como «mediocampista puntero» e mostra como o holandês é capaz de fazer a diferença.
Pinto refere-se a Robben como «mediocampista puntero» e mostra como o holandês é capaz de fazer a diferença.
Mas a grande figura desta seleção é o guarda-redes Keylor Navas, um dos principais responsáveis pelo facto da Seleção tricolor só ter sofrido um golo. Defesas fantásticas, outras apenas eficazes e uma esperança enorme. Keylor é jogador do Levante, mas o mais provável é que mude de guarda-redes esta época e FC Porto e Benfica atá terão mostrado interesse em contratá-lo.
Com muitos interessados em contratá-lo, quando chegou aos 27 anos, o guardião está preparado para dar o salto, mas opta para sublinhar o festejo do golo solitário e as defesas nos penáltis contra a Grécia.
Considerado o melhor guarda-redes a atuar na Liga espanhola, representando as cores do Levante, Navas aposta tudo na preparação técnica e até partilha vídeos em que mostra como é o seu treino inovador.
Esta parada es para Dios,mi familia,mis compañeros,para toda Costa Rica. Viva la sele y Costa Rica!!! pic.twitter.com/55IkL4tgQQ
— Keylor Navas (@NavasKeylor) 30 junho 2014
Considerado o melhor guarda-redes a atuar na Liga espanhola, representando as cores do Levante, Navas aposta tudo na preparação técnica e até partilha vídeos em que mostra como é o seu treino inovador.
Incrível é, também, o video partilhado no clube oficial do clube, em que Navas aceita um duelo com o tenista Pablo Andujar. À entrada da área, o opositor «remata» com a raquete e Keylor defende as pequenas bolas.
Do gelo do Colorado ao calor de Salvador
A sonho lindo da Costa Rica vai continuar no próximo sábado, quando defrontar a Holanda no calor tórrido da Arena Fonte Nova, em Salvador, mas não deixa de ser curioso que a caminhada para o Mundial tenha passado pelo gelo do Colorado, quando teve de defrontar os Estados Unidos no Dick's Sporting Goods Park, em Commerce City.
Os Estados Unidos precisavam de vencer para manterem vivas as esperanças de apuramento para o Campeonato do Mundo e acabaram mesmo por vencer por 1-0, com golo do inevitável Dempsey. Os costa-riqueinhos protestaram, não queriam jogar naquela tempestade, mas o jogo foi mesmo para a frente e muito provavelmente o resultado seria muito diferente se as condições climatéricas não fossem tão adversas.