Daniel dos Anjos (Benfica) «está ótimo», mas miocardites preocupam médicos - TVI

Daniel dos Anjos (Benfica) «está ótimo», mas miocardites preocupam médicos

Daniel dos Anjos, Paredes-Benfica (2020/21)

Avançado brasileiro está afastado da competição devido a problema cardíaco resultante da infeção por covid-19

O cardiologista do Benfica garante que Daniel dos Anjos está a recuperar muito bem, mas a miocardite, anomalia cardíaca detetada ao avançado brasileiro na sequência da covid-19, é uma preocupação para os médicos dos clubes, conforme assumido num webinar promovido pela Liga à margem da «final four» da Taça da Liga.

«O Daniel está ótimo. Está como sempre esteve, ou seja, a doença é ligeira. Teve uma dor no peito, nos primeiros dias da infeção, como outros sintomas típicos. Mas a partir do momento em que há o diagnóstico de miocardite, temos de fazer esta pausa. Está estável. Tem sido acompanhado de perto. Claro que é um jovem, com potencial, e não é fácil dizer que tem de parar, ainda mais com uma doença que não tem muitos sintomas. Quando é outro tipo de lesão é mais fácil perceber. Mas ele tem um grande suporte, tanto no clube como a nível familiar», explicou Hélder Dores.

O cardiologista do Benfica diz que o caso de Daniel dos Anjos «podia perfeitamente ter passado despercebido», se não tivesse sido feita uma avaliação que o próprio diz que «peca por excesso», mas que considera fundamental.

«O atleta queixou-se de dores no peito, e a suspeita surgiu devido a uma alteração no eletrocardiograma», precisou.

«A doença provoca uma inflamação do miocárdio que demora a passar. Pode ser o gatilho para arritmias que podem ser fatais. Alguém com miocardite, seja atleta ou não, tem de ficar alguns meses sem praticar exercício físico: o mínimo é três meses, mas pode ser seis», acrescentou.

Hélder Dores lembra que a doença é recente, e por isso não há noção exata das complicações a longo prazo. O médico ligado ao Benfica assume que a miocardite «é uma complicação muito importante», mas por outro lado relativiza essa ameaça: «É uma das causas de morte súbita nos atletas, mas isso é muito raro, e a miocardite afeta cerca de cinco a dez por cento dos casos de morte súbita. Por isso a incidência é muito baixa.

A preocupação em torno das miocardites foi também assumida pelo médico do FC Porto, Nélson Puga, outro dos oradores deste webinar.

«Não tenho tanta experiência em relação ao retorno da atividade, pois os nossos casos são mais recentes», começou por dizer o clínico portista, antes de falar dos efeitos da covid-19 nos atletas.

«Pelo menos têm uma paragem forçada de dez dias, de atividade específica. Não quer dizer que os assintomáticos, ou outros com doença ligeira, não possam permanecer em atividade, ainda que isolados. Mas isso faz perder a atividade desportiva, provoca o destreino, mas a nossa primeira preocupação é o impacto na saúde. Termos a certeza que podemos ter atletas aptos, capazes de praticar atividade física e profissional de forma segura», acrescentou depois, antes de abordar a consequência mais preocupante.

«Quando regressam, os atletas são sujeitos a exame medico-desportivo que inclui alguns exames subsidiários, no sentido de percebermos se não têm alguma doença que contraindique a atividade física. E aquela que mais nos preocupa é a doença cardíaca aguda, as miocardites, que temos inevitavelmente de excluir quando retomam a atividade», concluiu Nélson Puga.

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