Sporting: diretor clínico defende mini pré-época e três dias entre jogos - TVI

Sporting: diretor clínico defende mini pré-época e três dias entre jogos

João Pedro Araújo defende que é preciso pensar numa forma de concluir a Liga «de forma responsável»

Embora o desfecho da Liga continue a ser uma enorme incógnita, por força da pandemia de covid-19, o «staff» do Sporting está preocupado com os moldes do (eventual) regresso da prova. Francisco Tavares, responsável pela Unidade de Performance, já tinha defendido a necessidade de uma mini pré-época, e essa opinião é partilhada também por João Pedro Araújo, diretor clínico do emblema leonino.

«Vamos ter de necessidade de uma mini pré-época. Vai ter de ser tudo bem planeado, pois estamos a falar de uma preparação para realiza o resto do campeonato de uma forma condensada. Os atletas estão a sofrer de destreino, e depois vão ter muitos jogos seguidos, de grande exigência. Penso que conseguiremos encontrar uma solução, mas não podemos empurrar os atletas para este calendário sem a devida preparação. Podemos estar a cometeu um erro grave e podem surgir depois lesões, com consequências para as carreiras dos jogadores. Não podemos ignorar esta questão. Queremos concluir o campeonato de forma responsável, sem colocar os atletas em risco desnecessário», afirmou o médico, em conversa com jornalistas por videoconferência.

João Pedro Araújo aponta também para um mês de pré-época, sensivelmente, e depois alerta para a necessidade de três dias de intervalo entre os jogos como margem mínima.

«Precisaremos sempre de três dias completos entre jogos. Se tivermos um jogo ao domingo, só podemos voltar à competição na quinta-feira. Jogar domingo, quarta, e depois sábado, é claramente insuficiente. Colocará todos os atletas em risco de lesão. Esse risco existe sempre, mas a ciência diz-nos que aumentamos o risco, e podemos deixar sequelas. E já é um esforço acrescido, pois os atletas vêm de uma inatividade grande. Com estes três dias de intervalo já estamos a salvaguardar a integridade física», reforçou.

O diretor clínico do Sporting revelou ainda que foram realizados dois testes no universo Sporting, ambos negativos, e defendeu ainda que «a Liga esteve na vanguarda» ao decidir a paragem a 12 de março.

João Pedro Araújo acrescentou, de resto, que os emblemas de maior dimensão até teriam condições para isolar os jogadores nos centros de treinos e mantê-los a treinar, mas que a visão conjunta foi outra.

«Entendemos que o futebol tinha uma palavra muito grande a dizer, de responsabilidade social. Quisemos estar na vanguarda desse exemplo que temos de dar, e por isso nunca quisemos abrandar as medidas. A realidade não é igual para todos os clubes, e por isso também podíamos ser injustos, daí a necessidade de um acordo generalizado. Para já vamos manter esta rigidez de deixar os atletas em casa, que tem a ver também com o exemplo que queremos passar», justificou.

Os lesionados e o lado mental

Na conversa com os jornalistas, realizada esta sexta-feira por videoconferência, o diretor clínico do Sporting explicou também como tem sido feito o acompanhamento dos jogadores com lesões.

«Foram selecionados os casos de gravidade, nos quais a falta de tratamento podia ter consequências, podia deixar sequelas. O caso mais revelante, que vinha de uma cirurgia extensa, foi o Luiz Phellype. Só ele está a ser tratado nas instalações do Sporting. Os outros, com leões menores, ou na fase final de recuperação, continuaram os programas em casa. O Renan estava num patamar intermédio, e vem pontualmente à academia, para tratamentos que até são feitos por mim», referiu João Pedro Araújo.

O médico do Sporting falou ainda do acompanhamento que o departamento de psicologia tem dado aos atletas, até pela necessidade de acompanhar depois o regresso à (relativa) normalidade.

«Existe aqui uma componente de ansiedade generalizada. Alguns colegas têm levantado essa questão, de uma eventual fobia no retorno inicial aos treinos. Será normal. A denominada agorafobia, depois de um isolamento extenso. São situações algo desconhecidas, que não foram estudadas na população desportiva. Mas certamente que estamos atentos a isso. Neste período há uma certa ansiedade, e daí também as sessões de treino em grupo, com todos ligados em vídeo. Depois vai ser necessário um retorno muito criterioso, para controlar fobias que possam surgir», acrescentou.

[artigo publicado originalmente às 20h00 de 27 de março]

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