BCE pode vir a emprestar dinheiro directamente às empresas - TVI

BCE pode vir a emprestar dinheiro directamente às empresas

BCE

Do montante injectado pelo banco central só 77% está a chegar à economia real

O Banco Central Europeu (BCE) tem injectado cada vez mais dinheiro na economia, através dos bancos, mas este não chega à economia real, pelo que pode ser necessário a instituição europeia passar a emprestá-lo directamente às grandes empresas.

A sugestão é feita por economistas, numa altura em que a crise financeira continua a dificultar a concessão de crédito, gerando o perigo de um ciclo vicioso em que os bancos, por recearem emprestar dinheiro devido à crise, a agravam ainda mais.

«O BCE tem descido as taxas de juro e disponibilizado toda a liquidez e, mesmo assim, isso não se reflecte em maior crédito concedido», disse o professor da Faculdade de Economia do Porto e especialista em questões monetárias João Loureiro à Lusa.

Desconfiança continua

O mau funcionamento do mercado monetário e o aumento do risco levaram os bancos a pedirem cada vez mais dinheiro emprestado ao BCE. O montante cedido pela autoridade monetária aumentou 13%, desde Setembro de 2008, totalizando 696,3 mil milhões de euros.

Esse dinheiro entra no sistema através da banca, recordou João Loureiro, mas como a desconfiança continua, muitos bancos preferem fazer depósitos junto do BCE do que emprestar o dinheiro a outras instituições, acabando por não o fazer chegar à economia real.

«Não está a ser eficiente injectar o dinheiro através dos bancos», reconheceu o mesmo professor, uma opinião partilhada por Margarida Abreu, professora do ISEG e responsável pela cadeira de Política Monetária, que diz que «o dinheiro não está a chegar à economia real».

Segundo dados do BCE, do montante injectado pelo banco central só 77% está a chegar à economia real. Antes da queda da Lehman Brothers (Setembro de 2008), essa percentagem era de 100%.

O crédito a empresas e famílias da Zona Euro tem desacelerado. Em Dezembro, o crédito ao sector não financeiro chegou mesmo a contrair-se pela primeira vez desde o início da crise financeira.
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