Guia para o grande final da Liga - TVI

Guia para o grande final da Liga

Benfica-FC Porto

O Maisfutebol olhou para a história e as histórias de decisões na última jornada, para o Clássico e para tudo o mais que ainda há em jogo nesta última ronda. Como o título de melhor marcador entre os «amigos» Seferovic e Bruno Fernandes, ou um Benfica a olhar para marcas históricas

Agora é que é. Três anos depois, o campeonato volta a decidir-se apenas na última jornada. Uma Liga que deu muitas voltas, virou na segunda volta e chega à última jornada com o Benfica a procurar gerir na Luz, frente ao Santa Clara, dois pontos de vantagem. O FC Porto corre atrás, com clássico no Dragão frente a um Sporting que fecha o campeonato no terceiro lugar. O Maisfutebol olhou para a história e as histórias de decisões na última jornada, para o Clássico e para tudo o mais que ainda há em jogo nesta última ronda. Do título de melhor marcador entre os «amigos» Seferovic e Bruno Fernandes ao último lugar de descida, passando por um Benfica a olhar para marcas históricas. Um guia para o cair do pano sobre a Liga 2018/19, que vai ter muito que contar.

Uma decisão que não é tão rara assim e a memória da única vez que virou

Uma decisão do título na última jornada é sempre empolgante. E mais frequente do que possa parecer. Aconteceu em mais de um terço das 84 edições da Liga o campeão ter de esperar pelo último apito para celebrar. Só neste século foram seis vezes e tocou a todos os chamados três «grandes»: desde o título do Sporting em 1999/2000 ao triunfo do Benfica em 2015/16, passando por mais duas conquistas das águias, em 2004/05 e 2009/10, e duas do FC Porto, em 2006/07 e 2012/13. E o passado reforça a expectativa do Benfica. Em toda a história do campeonato só por uma vez o líder à entrada para a última ronda não segurou o título: aconteceu ao Belenenses em 1954/55. Um única exceção e com tanto que contar. Há 64 anos o Belenenses partia para a última ronda com um ponto de vantagem sobre o Benfica e dois sobre o Sporting. E defrontava precisamente nesse dia nas Salésias os «leões», que ainda tinham hipóteses remotas de chegar ao título, dependendo dos resultados dos dois rivais. O jogo começou com golo do Belenenses, mas o Sporting igualou de penálti. Antes do intervalo Matateu voltou a adiantar os azuis, enquanto na Luz o Benfica ainda empatava sem golos com o Atlético. Mas os «encarnados» construíram a vitória na segunda parte e já venciam por 3-0 quando o Sporting gelou as Salésias. O jogo levava 86 minutos quando Martins, de recarga, fez o 2-2. O Sporting «entregava» o título ao Benfica e o Belenenses ficava a quatro minutos do seu segundo título de campeão. 

Resultados e classificação da Liga

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O Sporting volta agora a ter uma palava a dizer na decisão, mas sem estar na luta. Num final de luxo, a Liga a terminar com clássico no Dragão. Onde pode haver festa, ainda que o FC Porto corra atrás do Benfica e contra a história. Mais um dado, além de nunca ter ganho um campeonato em que partia de trás na última ronda, o FC Porto nem conseguiu aliás vencer nas últimas quatro vezes em que isso aconteceu, de acordo com os dados recolhidos pela Lusa.

A história do futebol português está cheia de duelos decisivos entre FC Porto e Sporting. Foi entre eles aliás que se decidiu o primeiro campeonato, em 1934/35. A última jornada teve Sporting-FC Porto no Lumiar, um 2-2 que permitiu ao dragão manter a vantagem de dois pontos e conquistar o primeiro título nacional. E há outra memória forte bem mais recente de um título ganho pelo FC Porto em duelo direto com o Sporting. Foi em 1994/95, no jogo que ficou marcado pela tragédia em Alvalade. Antes de começar o clássico, a queda de um varandim sob a pressão dos adeptos causou a morte a duas pessoas. Apesar disso, o jogo realizou-se, sem que tivesse havido sequer um minuto de silêncio, e a vitória no final selou matematicamente o título do FC Porto. Domingos, autor do único golo, já recordou esse dia dramático ao Maisfutebol.

Embora possa sair daqui um campeão, são circunstâncias bem diferentes as do clássico deste sábado. Quando o Sporting já não tem hipótese de chegar ao segundo lugar, perdida com o empate frente ao Tondela na última jornada, este é também um clássico para medir forças a uma semana da última grande decisão da época entre os dois rivais, a final da Taça de Portugal. Sim, este será o terceiro «round» da época entre FC Porto e Sporting e ainda haverá um quarto naquele que é o duelo mais repetido das últimas temporadas. Em 2017/18 defrontaram-se nada menos que cinco vezes, já com Sérgio Conceição no banco portista. Para o campeonato deu empate em Alvalade e triunfo do FC Porto no Dragão, para a meia-final da Taça da Liga o Sporting levou a melhor nos penáltis e também foi nas grandes penalidades que passou ao fim das duas mãos das meias-finais da Taça de Portugal, depois de uma vitória para cada lado. Na temporada atual o padrão tem-se repetido, em Alvalade também acabou 0-0, já com Keizer no banco do Sporting, e para a Taça da Liga, agora na final, o Sporting também ganhou a partir dos 11 metros. O tom dos duelos entre ambos é de equilíbrio, mas com vantagem clara do FC Porto no Dragão, onde levou a melhor em oito dos últimos dez duelos para a Liga. Nesse período há apenas uma vitória do Sporting, em 2015/16, numa antepenúltima jornada em que corria atrás do Benfica na luta pelo título.

Seferovic e Bruno Fernandes, título em jogo entre amigos

O campeonato chega ao fim com uma diferença muito curta entre os melhores goleadores e esse é outro título em jogo nesta última jornada. Na frente está o benfiquista Seferovic, com 21 golos, logo a seguir Bruno Fernandes, a fazer uma época incrível e com 20 golos apontados na Liga. Uma diferença curta, que pode facilmente ter alterações na última ronda. Será um duelo especial entre o suíço e o português, que têm um passado comum em… Itália. Jogaram juntos no Novara, onde Bruno Fernandes chegou ainda adolescente e Seferovic jogou meia época em 2012/13, por empréstimo da Fiorentina. Ainda há dias recordaram esses tempos, com humor e muito «fair play». «Fiz de ti um avançado», disse Bruno Fernandes.

Os dois chegam aqui na frente depois de ambos fazerem segundas voltas bem acima do registo da primeira metade do campeonato e lideram os melhores marcadores com distância considerável: o terceiro é o benfiquista Rafa, com 16 golos, seguido do sportinguista Bas Dost e do portista Tiquinho Soares, ambos com 15. Se ultrapassar Seferovic sobre a meta, Bruno Fernandes tornar-se-á o primeiro português a levar o título de melhor marcador da Liga em mais de década e meia. O último foi Simão Sabrosa, em 2002/03, em igualdade com o boavisteiro Fary, ambos com 18 golos. Antes dele só Domingos Paciência, em 1995/96, com 25 golos. E será o primeiro médio a consegui-lo.

Duelos diretos pela manutenção e pelo quinto lugar

A última jornada, que começou já nesta quinta-feira com o Belenenses a despedir-se vencendo o já despromovido Nacional, tem mais decisões importantes em jogo, até ao último suspiro, na noite de domingo. Ainda há um lugar de descida por atribuir e vai decidir-se em duelo direto entre o Tondela e o Desp. Chaves. Com Feirense e Nacional já despromovidos, resta uma vaga para o lugar que ninguém quer. As duas equipas partem para a última jornada em igualdade pontual. Quem ganhar fica na Liga, mas o Desp. Chaves pode jogar com dois resultados. Como tem vantagem no confronto direto, segura a presença na Liga também em caso de empate. Há outro duelo direto decisivo no jogo que fará correr o pano sobre a Liga 2018/19. O Moreirense-V. Guimarães de domingo à noite tem o quinto lugar em jogo. A equipa orientada por Ivo Vieira tem três pontos de vantagem, pelo que só será ultrapassada em caso de derrota, o que deixaria as duas formações iguais em pontos e o V. Guimarães com vantagem no desempate. O quinto lugar é o último de acesso à Liga Europa, mas essa é outra conversa. Confirmando-se a informação, ainda não oficializada, de que o Moreirense não procedeu ao licenciamento, esse lugar será do V. Guimarães de qualquer forma.

Escorregadelas, Lage à beira da história e o Benfica com os 100 na mira

O campeonato teve muitos altos e baixos e foi marcado pela irregularidade dos principais candidatos. Antes de mais o FC Porto, que chegou a ter sete pontos de vantagem mas deixou-os fugir. O Benfica fez o percurso inverso, uma segunda volta bem acima da primeira com a chegada de Bruno Lage, que desde que substituiu Rui Vitória está há 18 jogos sem perder e apenas com um empate cedido nesse período. Se for campeão o Benfica repetirá algo que apenas conseguiu uma vez, ganhar o título depois de mudar de treinador a meio da época. Só tinha acontecido na Luz em 1967/68 e é algo raro também na história da Liga: aconteceu apenas por cinco vezes, a última das quais no Sporting em 1999/00.

A época do Benfica tem um denominador comum, também ele a olhar para marcas históricas. Golos e mais golos. As águias chegam à última jornada com 99 marcados, um registo que já não se vê há quase meio século. E com goleadas históricas pelo meio, à cabeça os 10-0 ao Nacional. Só por quatro vezes houve ataques mais goleadores no campeonato, todos acima dos 100. A primeira vez foi em 1946/47 e mantém-se como recorde absoluto: o Sporting dos «Cinco Violinos» marcou 123 golos, num campeonato com 26 jornadas, uma incrível e praticamente irrepetível média de 4.7 golos por jogo. Foi uma época de ouro do ataque dos «leões», que até 1952 tiveram mais cinco campeonatos com mais de 90 golos marcados. E pelo meio voltaram a chegar aos 100, em 1948/49. O FC Porto nunca alcançou esses números, o Benfica passou os 100 por duas vezes, a primeira em 1963/64, no tempo de Eusébio (103), a segunda em 1972/73, quando foi campeão sem derrotas (101). Os 100 golos estão portanto na mira deste Benfica, num campeonato que tem também o outro lado da moeda. O Benfica já sofreu 30 golos, e se ganhar o título entra no «top 10» dos piores registos defensivos de um campeão.

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