90 minutos a ver em Bruno Fernandes um inconformado com critério - TVI

90 minutos a ver em Bruno Fernandes um inconformado com critério

Sporting-Benfica

Médio foi o melhor em campo nos leões

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O dérbi de Lisboa começou nos pés de Bruno Fernandes e acabou nos pés de Bruno Fernandes. O médio foi o leão mais em jogo frente ao Benfica, o mais inconformado e aquele que teve mais critério. Até ao último suspiro da partida, tentou sempre um pouco mais.

Se com o passar do tempo o Sporting foi perdendo aquilo que era mais elogiado aquando da chegada de Keizer, a simplicidade do futebol, Bruno Fernandes é aquele que mantém intactas todas as linhas desse futebol.

Foi isso que tentou colocar em campo no jogo com o Benfica, mas faltou-lhe melhor acompanhamento. O Sporting no dérbi foi muito Bruno Fernandes a simplificar e os companheiros a complicar. A escolher os caminhos mais apertados.

Bruno Fernandes também falhou, é certo. Mas é normal isso acontecer com quem tenta de forma mais insistente.

Depois de ter começado o jogo a tentar lançar a equipa para a frente desde trás – viu-se isso aos 4m e aos 6m -, aos 9m calculou mal um passe longo para a direita do ataque e Grimaldo adivinhou-lhe as intenções.

Do lance resulta o primeiro golo do Benfica mas, verdade seja dita, depois do passe errado, a equipa teve mais do que tempo para se recolocar, Grimaldo até trava o movimento de progressão para colocar em Gabriel mais atrás, mas a desorganização da linha defensiva do Sporting facilita o inaugurar do marcador.

Com a equipa em desvantagem, Bruno Fernandes começa a surgir em zonas mais adiantadas para fazer uso do remate de meia-distância que tantas alegrias já deu aos leões.

O camisola 8 tenta o remate aos 14m, mas vê a bola desviar num adversário e sobrar para Rúben Dias e, no minuto seguinte, volta a tentar, desta feita na conversão de um livre direto que não passa a barreira do Benfica.

Com o Benfica a controlar mais a posse de bola, entre os 17 e os 26 minutos, toda as ações de Bruno Fernandes são defensivas: aos 17 faz falta sobre Rafa, aos 19 volta a carregar o mesmo jogador das águias e, aos 26m recupera uma bola à entrada da área, sofre falta de João Félix e acaba envolvido numa discussão com Pizzi que resulta num cartão amarelo para ambos os jogadores.

Por esta altura, as esperanças de um bom resultado do Sporting pareciam todas depositadas em Bruno Fernandes. E o médio não acusava a pressão, apesar de se mostrar várias vezes inconformado com decisões do árbitro, principalmente, pelas faltas que sofria nos duelos a meio-campo.

Aos 42m, recupera uma bola à entrada da área, roda sobre Samaris e sai a jogar, mas a bola perde-se para o Benfica. No momento em que os leões a voltam a recuperar, Bruno Fernandes está longe da ação, mas não desligado do lance.

Enquanto a jogada se desenvolve pela esquerda do ataque verde e branco, Bruno Fernandes vai subindo pela direita e, ao perceber que Nani recebe ao meio, acelera e pede o passe no espaço. Quando a bola lhe chega, já dentro da área, o médio remata de primeira, cruzado, sem hipótese de defesa para Vlachodimos.

Aquele era o sinal que a equipa precisava para reagir à desvantagem, que voltava a ser de apenas um golo e, apesar da proximidade do intervalo, até ao descanso, é uma canseira ver Bruno Fernandes em campo.

Aos 44m, o médio sofre uma falta à entrada do meio-campo ofensivo e ele próprio levanta para a área, com a defesa encarnada a afastar. Aos 45+2, recupera a posse de bola na zona intermediária, mas vê um companheiro perdê-la pouco depois; e um minuto depois volta a recolher uma bola a meio-campo, toca para Gudelj e recebe um metro mais à frente já sem a pressão de qualquer adversário, tenta lançar a corrida de Jefferson no corredor esquerdo, mas a bola acaba por perder-se pela linha lateral.

Dados recolhidos pelo Sofascore para o Maisfutebol a partir das estatísticas da Opta

O rugido do capitão não chegou a todos os companheiros

Com novo golo sofrido logo na reabertura do jogo, Bruno Fernandes desaparece um pouco do jogo. É dele, porém, o grito de revolta. Pouco depois dos 50m volta a pegar no jogo e a tentar lançar a equipa para a frente, progredindo pelo corredor central a fixar dois adversários antes de abrir à direita em Raphinha. O extremo perde a bola, Bruno volta a recuperá-la e cruza para a área à procura de Bas Dost, mas Jardel antecipa-se.

Aos 53m, volta a estar em destaque. Recua até à primeira linha de construção do Sporting, recebe descaído para a esquerda, roda para dentro e, bem dentro do meio-campo defensivo, faz um passe a rasgar que encontra Bas Dost entre os centrais do Benfica, que voltam a levar a melhor sobre o holandês.

A prova de que o futebol da equipa passava todo pelo jogador que voltou do balneário como capitão do Sporting é que entre os 55m e os 63 sofre três faltas.

Aos 67, a enésima prova de que estava muito desacompanhado nas intenções: após receber sobre a linha de meio-campo, roda e com esse movimento tira Samaris e Gabriel da jogada, antes de abrir à direita em Bruno Gaspar… que perde o duelo com Grimaldo e a posse de bola.

À entrada dos últimos dez minutos, Bruno Fernandes volta a surgir em destaque. O médio descai para o lado esquerdo, recebe de Jefferson e devolve ao brasileiro que, mais à frente, já com o adversário direto para trás, cruza para o golo de Diaby que acabaria anulado pelo VAR.

Dois minutos depois volta a surgir na mesma zona, desta feita a combinar com o extremo maliano, que perde a bola ao procurar a linha.

Até ao fim da partida, é o leão que mais ruge, tenta aproveitar o embalo que o 4-2 dá para os minutos finais, mas volta a estar muito isolado na luta que prolonga até ao último lance.

Aos 90+6 disputa no corpo a corpo um lance com Samaris junto à linha de fundo, por onde a bola acaba por se perder, com protestos do médio do Sporting que se queixa que o adversário o afastou de forma ilegal.

Era o último suspiro do leão que sai derrotado do dérbi e a precisar de «uma reflexão». Isso mesmo pediu Bruno Fernandes, em declarações na zona de entrevistas rápidas da Sport Tv.

Bruno Fernandes esteve longe de fazer o melhor jogo que já se lhe viu. Errou. Terá errado, porventura, mais até do que os companheiros. Mas fê-lo porque tentou também muito mais. Foi inconformado, e aquele que teve mais critério no meio da desordem que reinou na equipa do leão. 

 

 

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