Ponto prévio: a opção de Brahimi pelo Al-Rayyan, do Qatar, é absolutamente legítima.
Mas não me peçam para a compreender.
Brahimi foi durante muitos anos o jogador mais talentoso do FC Porto e um dos craques mais evidentes do futebol português. Fez jogos fantásticos na Liga dos Campeões, por exemplo.
Por isso era natural que tivesse ambições maiores. Querer o campeonato inglês ou alemão, querer uma equipa que lutasse pela Liga dos Campeões, querer escrever o nome nas estrelas.
Tudo isso era natural, lá está, e torna coerente a decisão de deixar o FC Porto.
Mas não foi isso que aconteceu. O argelino deixou o FC Porto a custo zero e virou as costas ao clube para assinar pelo Al-Rayyan. O que é totalmente incompreensível para mim.
Brahimi trocou uma carreira por dinheiro. Podia construir uma história bonita, criar um legado, tornar-se um herói: quem joga futebol a um alto nível está sempre perto de o fazer.
Podia fazer isso tudo e, ainda assim, ser rico. Mas Brahimi trocou-o por apenas uma coisa: ser muito rico. Por dinheiro o argelino escolheu abdicar, aos 29 anos, de jogar as grandes competições, nos melhores estádios, frente aos adversários mais mediáticos.
Preferiu um campeonato marginal e sem adeptos.
A estima que sempre tive por Brahimi autoriza-me a dizer que não se desrespeita assim o talento.