Bruno de Carvalho esteve esta sexta-feira na TVI, para uma oportunidade perdida.
O antigo presidente do Sporting deu a primeira entrevista depois de ter sido detido e acusado pelo Ministério Público de cumplicidade no ataque a Alcochete.
Tratava-se, portanto, de uma oportunidade rara, e em horário nobre, de explicar o que aconteceu e até iniciar a recuperação da imagem junto da opinião pública.
No entanto, e ao fim de cerca de mais de uma hora e meia, o que Bruno de Carvalho nos apresentou foi mais do mesmo: acusações, mais acusações, e ainda mais acusações. Jorge Jesus fez tudo mal, Marco Silva era perverso, os jogadores não gostavam do Sporting, os adeptos eram uns ingratos.
Pelo meio, a vitimização do costume. Que fez muitos sacrifícios, que dedicou os dias ao Sporting, que prejudicou a família, que não merecia isto.
Ele fez tudo bem, os outros fizeram tudo mal. O post após Madrid não tinha mal nenhum, por exemplo, e o ataque à Academia seria impossível de prever.
Os melhores jogadores, por outro lado, foram contratados exclusivamente por ele, à revelia do treinador: Bruno Fernandes, Slimani, Bas Dost e até William Carvalho. Já Ryan Gauld, Gerson Magrão, Shikabala, Bruno Paulista ou Slavchev não tiveram nada a ver com ele.
No fundo, lá está, foi mais do mesmo, de um homem que não consegue mudar.
Bruno de Carvalho é incapaz de assumir erros e de admitir que foi ele que conduziu os sócios à destituição. É incapaz de reconhecer que desvalorizou com um certo egocentrismo (e o sentimento que era intocável) as coisas boas que fez no Sporting.
É incapaz de aceitar que tinha que genuinamente mudar para criar saudades nos associados que votaram pela sua saída. Mas a verdade, porém, é que continua exatamente igual.