É triste e revoltante, mas sim, os árbitros erram (e todos vão passar por isso) - TVI

É triste e revoltante, mas sim, os árbitros erram (e todos vão passar por isso)

Michael Oliver (Reuters)

Em Portugal há erros de árbitros que sobrevivem vinte anos: não será demasiado tempo?

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«Eu sou a pior pessoa para responder a essa pergunta. Já há pouco, falando de Frederico Varandas, disse que não tinha paciência para falar deste tipo de coisas. Já disse que não era falta, não era sequer cartão amarelo, a expulsão mudou um bocadinho a história do jogo, mas há momentos em que umas equipas são favorecidas e outras são prejudicadas. Todos vão ter os seus argumentos. O Benfica já falou de penáltis, o Sporting já falou de adversários, todos vão estar chateados um dia.»

Gostava que as palavras deste parágrafo anterior fossem minhas, porque traduzem exatamente tudo aquilo que eu penso, mas infelizmente não são. São de Helena Costa, que na Sporttv fez uma análise que para mim, na maneira como eu vejo o futebol, é perfeita do que se passou em Braga.

Antes de mais, e para que fique claro, considero que o FC Porto tem motivos para se sentir prejudicado e, nesse sentido, para estar revoltado. O árbitro errou, e o erro acabou por marcar algumas diferenças no que seria o jogo a partir do momento em que Luis Díaz foi expulso.

Mas apenas isso.

Querer extrapolar o erro de Luís Godinho – que foi feio, ninguém diz o contrário – para narrativas persecutórias ou teorias da conspiração, já é claramente um exagero.

A verdade é que em Portugal fala-se muito de arbitragem. Quando há um erro que nos prejudica, esse erro é elevado ao expoente da loucura, como se nada mais importasse.

Pelo contrário, quando o erro nos beneficia, é como se nunca tivesse acontecido. Melhor ainda, é como se fosse apenas aquilo que ele realmente foi: um erro.

Portugal é, recorde-se, o país que ainda hoje argumenta que não esteve no Mundial 98 porque Marc Batta expulsou injustamente Rui Costa na Alemanha. Passados vinte anos, ainda se reduz toda uma fase de apuramento a um erro do árbitro.

Curiosamente, ninguém diz que o FC Porto foi campeão europeu em Gelsenkirchen porque o árbitro anulou um golo limpo a Paul Scholes em Manchester que faria o 2-0. Da mesma forma que ninguém diz, ou pelo menos ninguém o diz sem ser com um sorriso divertido, que o Benfica foi à final da Taça dos Campeões Europeus porque o Vata fez um golo com a mão frente ao Marselha.

Agora imaginem que estes erros tinham acontecido ao contrário. Imaginem que o Marselha tinha eliminado o Benfica com um golo com a mão ou que o FC Porto tinha tido um golo limpo anulado pelo árbitro frente ao Man. United. O choradinho, o queixume, as lamentações, as teorias da conspiração, as acusações que não se fariam ainda hoje...

A verdade é que os árbitros erram. Hoje erraram contra o FC Porto, amanhã erram contra o Benfica, depois de amanhã erram contra o Sporting. Hoje queixa-se Sérgio Conceição, ontem queixou-se Frederico Varandas. Os árbitros erram quando o FC Porto não é campeão, mas também quando o é. Quando o Benfica não é campeão, e quando o é. Erram sempre.

É triste? É. É injusto? Sem dúvida. É revoltante? Consegue ser. Mas todos vão passar por isso.

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