O que fica do passeio de Ronaldo no Funchal - TVI

O que fica do passeio de Ronaldo no Funchal

Ronaldo feliz com a mãe de volta a casa

Ou pelo menos o que deve ficar

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A imagem de Cristiano Ronaldo a passear com a família no centro do Funchal diz verdadeiramente muito mais sobre nós do que sobre ele.

Sobre Ronaldo diz o óbvio: que é apenas um português como tantos outros, que atravessam a ponte para ir ver as praias da Costa ou que enchem a marginal da Póvoa.

Ronaldo mostrou ser um insensato que não é capaz de refletir sobre como aquele passeio pode colocar em risco a saúde dele e dos seus: sobretudo da mãe, que devia ser especialmente protegida.

Por muitos gestos de solidariedade que tenha, ou por muitos apelos faça nas redes sociais, Ronaldo falha na atitude mais básica de um cidadão: mostrar um pouco de apreço por quem se vê obrigado a arriscar a vida para nos proteger, e já agora um pouco de respeito por quem verdadeiramente cumpre com a sua obrigação social de isolamento.

Lá está, é apenas mais um português como tantos milhares. Nem mais, nem menos.

Agora sobre nós, sim, aquelas imagens dizem bastante mais.

Dizem, por exemplo, como nos tornámos uma sociedade fútil, agarrada a ídolos de quem esperamos o que eles não nos podem dar: protagonistas empurrados para um pedestal por uma exposição mediática que não entendem.

Não estou a falar especificamente de Ronaldo: estou a falar dos ídolos do mundo do espetáculo.

Porquê do mundo espetáculo?

A verdade é que enquanto sociedade estamos a falhar no essencial: em conseguir criar uma pirâmide de prioridades que nos sirva e nos beneficie. Somos, infelizmente, uma comunidade agarrada às aparências, ao mediatismo, ao supérfluo.

Criámos heróis só porque aparecem na televisão, sem nos darmos ao trabalho de perceber se eles podem corresponder a essa exigência: de serem nossos heróis.

Podem ser jogadores, músicos, atores, enfim: pessoas a quem lhes falta espírito para serem modelos perante a sociedade que os admira, ama e deseja. E de quem é a culpa? Nossa, claro. De todos nós. Que vivemos cobertos até as orelhas de superficialidade e fingimento.

Se não der para mais, que esta pandemia sirva pelo menos para isso: para nos aperfeiçoarmos enquanto sociedade e para valorizarmos quem escolhemos para nossos modelos.

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