«Tive uma depressão no FC Porto, o meu agente roubou-me 540 mil euros» - TVI

«Tive uma depressão no FC Porto, o meu agente roubou-me 540 mil euros»

DESTINOS escuta o impressionante desabafo de Pena. O melhor marcador do campeonato 2000/01 fala pela primeira vez sobre os problemas que o atormentaram no segundo ano nas Antas. «Não aguentei, estourei. Não tinha cabeça nem para jogar, nem para pensar»

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DESTINOS é uma rubrica do Maisfutebol: recupera personagens e memórias dessa década marcante do futebol. Viagens carregadas de nostalgia e saudosismo, sempre com bom humor e imagens inesquecíveis. DESTINOS.

PENA: FC Porto (de 2000 a 2002); Sp. Braga (2003/2004); Marítimo (2004/2005)

O vazio provocado pela saída de Mário Jardel, em 2000, foi preenchido com as contratações de Juan Antonio Pizzi, Silvio Maric e, sobretudo, Pena. O FC Porto ficou órfão de um dos maiores goleadores da história e, numa primeira fase, Pizzi e Maric não convenceram. Chegou Pena, fez um bis na estreia e acabou a primeira época com 29 golos marcados e a Bota de Prata. 

Impossível pedir mais. E depois? O provocou o ocaso do avançado brasileiro? 

Pena é o primeiro a admitir que a segunda época foi péssima. Mas faz revelações fortíssimas e aponta objetivos concretos para essa quebra brutal de produção. Uma quebra que o levou à porta da dispensa - decisão de José Mourinho - e à perda da possibilidade de ganhar a Liga Europa e a Liga dos Campeões nos anos imediatamente a seguir. 

De bem com a vida, a trabalhar no ramo imobiliário e já com um projeto a crescer no mundo do futebol, Pena atende o Maisfutebol como quem atende um amigo que já não vê há muitos anos e sente ter um segredo por revelar.

Um DESTINOS forte. 

FC Porto 2000/01: Capucho, Jorge Costa, Ovchinnikov, Jorge Andrade, Secretário e Paredes (em cima)
Nelson, Deco, Clayton, Alenitchev e PENA (em baixo)

Maisfutebol – Como vai a vida do Pena em Vitória da Conquista?

Pena – Tudo bem por aqui. Está um dia abafado. Continuo aqui com as minhas coisas. Tenho três filhos a morar em Portugal. O Pablo joga no Famalicão e tenho duas meninas a viver em Amarante. Uma é enfermeira e outra é fisioterapeuta.

MF – Então continua muito ligado a Portugal.

P – Muito, muito, mas já não vou aí há algum tempo. Na última vez que aí estive fui ao Dragão ver o FC Porto-Krasnodar. Dei azar, fiquei muito triste. Fui ver com o Clayton, que é como um irmão para mim. Estivemos juntos anteontem, por acaso, porque ele vai alargar a empresa dele e quer construir uma delegação em Vitória da Conquista. Estou a ajudá-lo no que posso.

MF – O que faz o Pena profissionalmente? Está ligado ao futebol?

P – Bem, a minha principal atividade é o ramo imobiliário. Tenho apartamento e faço arrendamentos. Além disso, tenho um projeto aqui em Vitória chamado Centro de Formação Moriá. Temos 120 atletas, dos seis aos 17 anos. E há alguns mais velhos, de 18/19 anos, que já estamos a preparar para enviar para Portugal ou outro país europeu. Temos já uma parceria com a empresa do Jorge Mendes [Gestifute] e estamos a tentar fazer uma colaboração com o Famalicão – onde joga o meu filho – e com o António Salvador, do Sp. Braga. Ainda tenho casa em Portugal, sempre a pensar no futuro dos meus filhos.

MF – Essa ligação a Portugal nasceu em 2000. Estava no Palmeiras e o FC Porto escolheu-o para ser o sucessor do Mário Jardel, foi assim?

P – Não, não foi bem assim (risos). Eu estava no Palmeiras e o clube passou por uma grande reformulação. Saíram grandes nomes e os que ficaram não conseguiram manter o nível. O início foi muito irregular e no final de um jogo eu tive um desentendimento com adeptos do Palmeiras. Fiquei chateado porque dentro do campo sempre dei o máximo. Não é possível marcar e jogar sempre bem, mas podemos sempre suar. Fui ameaçado, senti que o clima era mau e quis sair.

MF – E não foi diretamente para o FC Porto?

P – Tive um convite do Espanhol e fui para Barcelona. Fiquei um mês num hotelzinho mesmo em frente ao Camp Nou. Pensei que ia assinar, mas os dias foram passando e eu só corria nas ruas de Barcelona. O meu empresário era o Josep Mingella e tinha 50 por cento do meu passe. Como o Palmeiras tinha uma dívida com ele, o Minguella acabou por ficar com a totalidade dos meus direitos e teve liberdade para negociar a minha situação. Daí essa espera de um mês.

MF – Foi o senhor Minguella que o colocou no FC Porto?

P – Exatamente. Assim que ficou com o meu passe na mão, ele entrou em contacto com o Porto. Tinha uma ligação boa com eles, até acho que foi ele que negociou o Mário Jardel para lá. Isso foi numa terça ou quarta-feira. Cheguei e perguntaram-me se eu podia jogar imediatamente no fim-de-semana. Disse que sim, claro. Disse que estava há um mês sem treinar com bola, mas cheio de vontade de jogar. O Minguella disse-me que jogar no FC Porto envolvia uma pressão grande e perguntou-me se eu ia aguentar isso. ‘Pressão? Pressão era quando eu acordava de manhã e não tinha o que comer’. Jogar num gigante da Europa não era pressão, era prazer. Fiz os exames médicos, assinei por cinco anos, treinei duas vezes e fui para o jogo. Estreei-me com dois golos contra o Paços de Ferreira.

MF – Vamos então rever as imagens dessa estreia.

VÍDEO: a estreia de Pena com dois golaços nas Antas (imagens RTP)

P – Até me emociono porque estou a ver o ‘chefinho’ [Reinaldo Teles, falecido em novembro]. Perdemos uma pessoa que foi um amigo, um pai, ajudou-me muito. Ele e o Pinto da Costa foram pessoas maravilhosas comigo. Tenho uma consideração enorme por eles, ajudaram-me a crescer como homem e jogador de futebol. Sou-lhes muito grato. Esse dia é inesquecível, é impossível apagar. Todas as vezes que vejo este vídeo emociono-me, porque os vejo ali a sorrir na bancada. Vou levar isso para o resto da minha vida. Nunca fui um artista, mas sempre fui um guerreiro. Saí de um lugar pequeno, sem grande tradição no futebol, e tive muita garra e vontade de fazer história.

MF – O Pena veio como sucessor do Jardel, apesar de ser um avançado muito diferente. As comparações eram injustas para si?

P – No futebol há espaço para todos. O Jardel foi sempre um grande jogador, fez história por onde passou, mas éramos totalmente diferentes. Eu sempre adorei movimentar-me, ajudar a defender e isso acabava por me desgastar. Muitas vezes rematava já muito desgastado e falhava coisas que não devia falhar. O futebol hoje é diferente, muita coisa mudou e acho que é mais fácil jogar hoje em dia. A exigência no meu tempo no FC Porto era gigante. Empatámos contra o Liverpool e fomos vaiados. Ganhámos por dois ou três golos no campeonato e fomos vaiados. Nós tínhamos vergonhas de andar na rua depois de um empate. Parece-me que hoje a exigência baixou um pouco e há mais liberdade.

MF – O Pena fez 29 golos na primeira época no FC Porto. É um registo ótimo, principalmente para quem tinha a pressão de fazer esquecer o Jardel.

P – Eu cheguei motivadíssimo. Jogar no FC Porto não era para qualquer um. Representar um gigante desses acaba por nos dar uma motivação diferente. Eu só queria saltar para o relvado e dar tudo. O FC Porto dava-nos todas as condições que precisávamos. Estávamos rodeados de gente competente: o presidente, o ‘chefinho’, o Antero [Henrique], o sr. Domingos [Pereira, antigo dirigente, já falecido] que nos levava para todo o lado. Isso obrigava-nos a criar uma ligação de amor. Os adeptos iam ver os treinos, era bonito. O início não é simples, porque quem vem de fora sente que vai tirar o lugar a alguém. E havia muitas opções para o ataque [Domingos, Pizzi, Maric e Romeu]. Eles não estavam a fazer golos e chega um gajo de fora, faz logo dois golos… vem o ciúme, a vontade de nos colocar de lado. Sinceramente, acho que dei a volta por cima e o balneário foi sempre muito unido, muito correto comigo.

MF – Trabalhou nas Antas com o Fernando Santos, o Octávio e o José Mourinho.

P – Só posso dizer que tive o privilégio de trabalhar com os três. O Octávio ajudou-me muito, conversava, orientava. O Fernando era um estudioso, um detalhista, sabia tudo dos adversários e tirava tudo o que podia dos seus atletas. Gostei de trabalhar com os três e sinto que passei pouco tempo com o Mourinho. Foram só alguns meses e deu para perceber o quão especial ele era.

MF – Quem eram os melhores amigos do Pena no FC Porto?

P – Na mesa do pequeno-almoço ficavam o Clayton, o Deco, o Rafael, o Rubens Júnior, o Ibarra e… estão a faltar mais dois. O Chainho, o Jorge Andrade, o Aloísio eram outros com quem tinha grande amizade. Mas, para mim, o maior senhor era o Vítor Baía. Um tipo espetacular, sempre justo, honesto, sempre que havia algum problema ele intervinha e era imparcial. Português ou brasileiro, para o Vítor era igual. Havia problemas como em todas as famílias, mas o ambiente era bom.

MF – O Pena também foi praxado à chegada?

P – Claro (risos). Estava sentado numa cadeira e de repente já só via água por todo o lado (risos). Eu acho que era água, espero que sim. Meteram o balde por mim abaixo. Uma bagunçada. O que fica é a amizade e o respeito. Há coisas que aconteciam e não entendia na altura, agora entendo.

MF – Fez 42 golos em duas épocas no FC Porto. Quais os melhores?

P – Marcar um golo no FC Porto é importante em qualquer momento mas, se tiver de escolher, escolho os dois da estreia. Veja bem: o Jardel saiu, havia uma pressão enorme, o grande Domingos estava no banco e um menino desconhecido aparece e marca dois golos. Foram momentos que me abriram a porta no clube. Aliás, eu marquei nos meus primeiros nove jogos do campeonato nacional e isso ainda é um recorde.

MF – A esta distância consegue explicar a grande quebra de rendimento que teve da primeira para a segunda época?

P – Há coisas que ninguém sabe. Eu vou contar estas histórias pela primeira vez, ninguém imagina. Primeiro: tive uma pubalgia muito grave a meio da segunda época, mas havia poucas opções e pediam-me sempre para jogar. Eu levava dez injeções por semana para as dores e para a inflamação. Não estava bem fisicamente e o meu forte era o físico. Quem tem pubalgia percebe o que digo. Eu chegava a casa e tinha de colocar três sacos de gelo, as dores eram insuportáveis. Diziam que eu saía à noite, inventavam motivos e não era nada disso. Fui a 10/12 testes de doping, queriam apanhar-me, mas nunca fui apanhado porque não havia nada. Eu corria porque era mesmo assim e só deixei de correr por culpa deste problema. Eu nunca tinha jogado com pitões de alumínio, altos, e isso rebentou a minha parte muscular. Não tenho nada a apontar ao departamento médico, ajudavam-me dentro do possível, mas o problema é que eu parava.

MF – Nunca pensou em ser operado?

P – Não havia tempo para isso, eu tinha de jogar. Hoje os jogadores queixam-se por isto ou por aquilo, queixam-se muito. Eu jogava sempre. Está a ver isto? [Pena mostra a mão] Fui pisado num jogo da taça, abriram-me isto tudo e as cicatrizes estão aqui. Sabe o que eu fiz? Peguei numa toalhinha e joguei até ao fim. Hoje isso não existe. Vi muitos colegas a jogarem lesionados também. Ainda bem que estou vivo para ver a evolução. No meu tempo íamos até à morte, para o pau, não me arrependo de nada.

MF – Os seus problemas foram só físicos?

P – Infelizmente, não. Vou contar isto também pela primeira vez. Eu estava a fazer uns investimentos no Brasil quando cheguei ao FC Porto e por isso pedi adiantado o dinheiro dos meus dois primeiros anos de contrato. 300 mil dólares pelo primeiro ano e 350 mil dólares pelo segundo ano, não tenho problema nenhum em divulgar as verbas. Recebi esses 650 mil dólares [540 mil euros no câmbio atual] para construir 14 apartamentos e depois vender ou arrendar.

MF – O que correu mal?

P – Eu tinha outro empresário na época, além do Minguella. Nós fomos fazer um jogo da Liga dos Campeões, esse empresário ficou com o dinheiro para depositar na minha conta e nunca depositou. Até hoje. O FC Porto foi fantástico, aceitou fazer esse pagamento adiantado, só me queriam ver motivado. Quando cheguei da viagem, muito satisfeito, esse gajo roubou todo o meu dinheiro. ‘Não te roubei, vou dar-te o dinheiro’. Nunca mais. Desapareceu, não atendeu mais o telemóvel. Eu tinha assumido grandes compromissos na minha cidade – construtoras, empreiteiros – e não consegui cumprir o que estava acordado. Colocaram-me na Justiça. Se eu tivesse ido lá nessa altura, de certeza que seria preso.

MF – Mas como é que o dinheiro acabou nas mãos desse senhor?

P – O FC Porto transferiu o dinheiro para o Minguella e o Minguella, em vez de depositar numa conta minha, depositou na conta desse empresário e o homem fugiu. Nunca me pagou nada. Fiquei com a cabeça ruim. No verão de 2001 ainda fui à minha cidade, acertei algumas dívidas, amenizei as coisas, mas não tinha condições para pagar tudo. O investimento era alto e nunca esperei ser roubado dessa forma. Tive de me explicar à Justiça e mostrar que estava disposto a pagar tudo o que devia. Comecei a segunda época no FC Porto com a cabeça destruída.

MF – Explicou ao clube o que se estava a passar consigo?

P – Expliquei, mas a culpa não era deles. Disseram algo assim: ‘Vamos indo e vamos vendo, não é possível pagar antecipado mais um ano de contrato’. A minha cabeça já não era a mesma, não estava concentrado, não estava a ser capaz de pensar em jogar. Havia coisas extra-campo que me estavam a prejudicar. O que me deixava mais triste é que as pessoas diziam que era a noite, era isto ou aquilo e não sabiam o que eu estava a passar. A minha mãe tinha morrido há poucos anos, perdi a amizade desse empresário que era um amigo próximo e roubou-me 650 mil dólares, um carro Mercedes e um apartamento em São Paulo. Pedi-lhe para adquirir esse apartamento e ele pôs as coisas no nome dele. Confiei e fui roubado. Mas eu não podia falar na imprensa.

MF – Qual o nome desse empresário que o roubou?

P – Não posso dizer o nome. Ainda estou a responder por difamação, porque mencionei o nome dele num chat de amigos e ele soube. Fiquei chateado com ele e com o Minguella. Eu pedi-lhe ajuda e ele disse que já tinha transferido o dinheiro para a conta desse outro homem e que não podia fazer nada. Foi por tudo isto que eu não voltei a render o que rendi na primeira época no FC Porto. Não estava com cabeça, não tinha ajudas e havia pessoas a criarem confusão. Foi exatamente isso: a pubalgia muito grave e esse roubo que me deixou com uma depressão no FC Porto.

 

O Marítimo foi o último clube de Pena em Portugal

MF – Não teve acesso aos documentos das transferências feitas pelo FC Porto e o senhor Minguella?

P – Os meus advogados arranjaram tudo e até hoje esse dinheiro desapareceu. Tive tanto azar que saí em 2002, imediatamente antes de o FC Porto ganhar a Liga Europa e a Liga dos Campeões com o Mourinho. Ficaram o McCarthy e o Derlei. Sem menosprezá-los, eu tinha nível para eles e com o Mourinho eu podia render dez vezes mais. O empresário não me tirou só o dinheiro. Tirou-me algo incalculável, roubou-me a minha carreira no FC Porto. Ele ficou com o dinheiro de dois dos cinco anos de contrato que eu tive com o clube. E quem estava de fora pensava que era por eu sair à noite…

MF – Nunca tentou explicar-se através dos Media para os adeptos saberem a verdade?

P – Nunca quis, porque havia processos em tribunal. Tive uma grande conversa com o Macaco [líder da claque Super Dragões] na altura, para lhe explicar as coisas. Ele ficou muito surpreendido. ‘Carago, Pena, então era isso?’. Eu estava fora do meu país, queria poupar a minha família e acabei por me afundar. Eu não tive segundo ano, desci ao fundo do poço. Foi por isso que o José Mourinho me dispensou, ele sentiu que eu não tinha condições emocionais para jogar. Até assinei pelo Estrasburgo e financeiramente foi ótimo, mas fiquei com uma frustração enorme. Perdi a oportunidade de ser campeão da Europa com o FC Porto. Roubaram os meus sonhos, impediram-me de ser dois anos seguidos o melhor marcador do campeonato. Não tive estrutura emocional. Não aguentei, estourei, não conseguia pensar e não conseguia jogar. Não culpo o FC Porto de nada, sempre foi corretíssimo. Culpo é o Minguella, porque me devia ter ajudado e não o fez, e o outro empresário.

MF – Os seus colegas de equipa no FC Porto estavam a par de tudo?

P – Poucos. O Deco, o Clayton, o Rafael e mais nenhum. Só mesmo os mais chegados. As pessoas só sabem que o Pena fez uma grande temporada e uma péssima temporada. Não sabiam os motivos e estou a contá-los hoje aqui. Felizmente reergui-me e hoje tenho uma boa condição financeira. Ficam as boas memórias. Quando estive no Dragão para ver o FC Porto, em 2019, liguei ao ‘chefinho’ Reinaldo para dizer que estava lá e ele, prontamente, pegou em duas credenciais e veio ter comigo e com o Clayton. Foi ele mesmo a receber-nos, colocou-nos as credenciais ao pescoço, deu-nos aquele abraço e não há dinheiro que pague isso. Isso é o melhor de tudo, nem um milhão paga essas amizades que eu fiz no FC Porto.

MF – Temos de acabar num tom diferente. Qual é a história de Portugal que mais gosta de contar aos amigos?

P – Eu fui para Portugal e não sabia nada do mundo. O estrangeiro para mim era uma dúvida enorme. O sr. Domingos foi levar-me a almoçar, quis que eu comesse uma feijoada transmontana e lá fui eu, cheio de medo e desconfiado. Entrei num restaurante, toda a gente a olhar para mim e eu sem saber bem o que fazer. Até ele se sair com esta: ‘Pena, relaxa pá, isto é melhor do que o Brasil’. E deu uma gargalhada. É uma história muito simples, mas esse momento simbolizou o meu abraço a Portugal. Os portugueses estão representados na figura do sr. Domingos. Chorou comigo, riu comigo, foi meu confidente e meu pai. Senti-me abraçado pelos portugueses no gesto daquele homem. Marcou-me muito.

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