França desaconselha férias em Portugal e Espanha, Governo lembra regras da UE - TVI

França desaconselha férias em Portugal e Espanha, Governo lembra regras da UE

  • Henrique Magalhães Claudino
  • Atualizada às 11:07
  • 8 jul 2021, 08:28

“Quem ainda não reservou as férias, evite, evite Portugal, Espanha", disse secretário de Estado do governo de Macron

O governo Francês desaconselhou esta quinta-feira os seus cidadãos a reservarem férias em Portugal e Espanha por causa da evolução da pandemia nestes países.

O secretário de Estado para os Assuntos Europeus disse, numa entrevista ao canal France 2, enviou "uma mensagem de cautela" para os viajantes, especialmente durante o verão.

Em geral, a pandemia não acabou”, disse o governante Clément Beaune, sublinhando que a situação em alguns países, incluindo Grécia, Portugal e Espanha, está a ser acompanhada de perto.

Caso os contágios continuem a multiplicar-se, medidas reforçadas podem ser anunciadas nos próximos dias" em relação a estes países, tidos como de risco para o governo de Macron.

O Secretário de Estado apelou ainda a quem pretende viajar para estes destinos durante o verão a ter paciência: “Quem ainda não reservou as férias, evite, evite Portugal, Espanha. É melhor ficar em França ou ir para outros países ”, disse.

As declarações do secretário de Estado surgem um dia após Portugal ter atingido o número maior de novos casos de covid-19 desde 11 de fevereiro e ter ultrapassado os limites definidos pela primeira matriz de risco. Na sequência, a Direção-Geral de Saúde colocou em vigor uma nova matriz - em que o limite do número de novos casos por 100 mil habitantes a 14 dias é agora alargado a 480 por 100 mil habitantes

Dessa forma, a incidência no território nacional fixa-se agora nos 247,3 casos de infeção por 100 mil habitantes, sendo que, no Continente, o valor é de 254,8 casos de SARS-CoV-2.

De notar que na segunda-feira a incidência a nível nacional situava-se nos 224,6. No continente, o valor a 5 de julho era 231,0.

A incidência tem estado a crescer, sem interrupções, desde o dia 19 de maio, altura em que se situava nos 51,4 casos.

A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 3.996.519 mortos em todo o mundo, resultantes de mais de 184,4 milhões de casos de infeção pelo novo coronavírus, segundo o balanço mais recente feito pela agência France-Presse.

Portugal regista esta quarta-feira oito mortes atribuídas à covid-19, o número mais elevado desde 14 de abril, 3.285 novos casos de infeção pelo coronavírus SARS-CoV-2, e uma diminuição nos internamentos, segundo os dados da Direção-Geral da Saúde (DGS).

No boletim epidemiológico da DGS assinala-se que estão internadas 603 pessoas com covid-19, menos 10 do que na terça-feira, 130 das quais em unidades de cuidados intensivos, menos três.

A área de Lisboa e Vale do Tejo tem 52,2% do total das novas infeções, concentrando 1.717 novos casos.

No caso de Espanha, a incidência acumulada voltou a subir, principalmente entre os jovens, mas a pressão hospitalar mantém-se relativamente estável, segundo os números divulgados pelo Ministério da Saúde.

O nível de contágios teve uma subida de 27 unidades, tendo a incidência acumulada passado dos 225 (terça-feira) para 252 casos (quarta-feira) diagnosticados por cada 100.000 habitantes nas últimas duas semanas.

As comunidades autónomas espanholas com os níveis mais elevados são as da Catalunha (557), Cantábria (373), Navarra (345), Castela e Leão (343), Comunidade Valenciana (240), Astúrias (233) e Andaluzia (212).

Entre os jovens de 20 a 29 anos a incidência acumulada disparou para um nível de 814 (717 na terça-feira) pessoas infetadas por cada 100.000 pessoas, nos últimos 14 dias, mais 77 unidades do que na segunda-feira.

Portugal compreende conselho de França e lembra regras da UE quanto a viagens

O ministro dos Negócios Estrangeiros disse compreender a posição do governo francês de desaconselhar viagens não essenciais para Portugal, mas lembra que este conselho deve ser enquadrado com as decisões da UE quanto às viagens.

A situação de Portugal no que diz respeito à pandemia agravou-se e as preocupações de um Estado amigo, como a França, em relação aos seus cidadãos, no que diz respeito à possibilidade de viajarem para Portugal, são compreensíveis. Trata-se de um conselho”, afirmou Augusto Santos Silva, sublinhando que esta posição deve ser enquadrada com as decisões da União Europeia (UE) relativas ao certificado digital.

Em declarações à agência Lusa, governante lembrou que, desde o dia 01 de julho, as pessoas que estejam vacinadas, imunizadas ou que realizem teste negativo à covid podem circular livremente pela União Europeia e sublinhou a exceção: “nas zonas consideradas vermelho escuro, de muito alta prevalência do vírus, o Estado membro pode desencorajar viagens não essenciais nessas zonas”.

As zonas classificadas como vermelho escuro têm de ter, por exemplo, mais de 500 novos casos de infeção por 100.000 habitantes nos últimos 14 dias", explicou.

Santos Silva recordou ainda que as viagens das pessoas que pretendem reunir-se com a família, como é o caso dos emigrantes portugueses, se enquadram na classificação de viagens essenciais.

No caso dos emigrantes portugueses que se desloquem para reunir-se com a família, isso entra na categoria das viagens essenciais. Devem ter as preocupações que já temos divulgado, como quem não está vacinado fazer teste à covid-19”, afirmou.

O ministro deixou ainda o alerta para a necessidade de reduzir a incidência de novos casos por 100.000 habitantes em Portugal.

Temos mesmo de reduzir a incidência de novos casos por 100 mil habitantes”, afirmou o ministro, reconhecendo que a conjuntura atual é diferente da de janeiro/fevereiro e que isso se espelha na menor pressão sobre o Serviço Nacional de Saúde.

Contudo, o governante sublinhou que se Portugal não reduzir a incidência de novos casos por 100 mil habitantes é a imagem do país que fica em causa e é mais difícil recuperar a economia.

O aumento do número de novas infeções por 100 mil habitantes é um sinal de alarme e nós temos que reduzir esse número porque os efeitos de limitação da mortalidade, os efeitos negativos sobre o turismo e os efeitos negativos sobre a capacidade de circulação das pessoas são evidentes”, afirmou o ministro, lembrando que para reduzir o numero de infeções, além da vacinação, se devem cumprir as medidas divulgadas pelas autoridades.

 

Nós continuamos a precisar de usar máscara, respeitar a distância social, evitar ajuntamentos públicos, não realizar festas ilegais ou outro tipo de ajuntamentos, designadamente em espaços fechados, e temos que cumprir todas as regras da Direção-Geral de Saúde, para além de respeitar a interdição de circulação na via pública a partir das 23:00 e respeitar os horários dos restaurantes que foram estabelecidos. Essas medidas são essenciais”, considerou o ministro.

Augusto Santos Silva disse ainda ser seu dever, enquanto ministro dos Negócios Estrangeiros, chamar a atenção dos portugueses para o facto de ser muito importante contrariar o aumento de casos em Portugal, “para evitar qualquer imagem negativa do país e para criar as condições para o relançamento da circulação e para o lançamento do turismo e de outras atividades económicas”.

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