AICEP quer Portugal e Espanha unidos a atrair investimento - TVI

AICEP quer Portugal e Espanha unidos a atrair investimento

Passos Coelho e Mariano Rajoy (LUSA)

Agendas internacionais dos dois países devem ser alinhadas, defende

Portugal e Espanha devem acertar cada vez mais as suas agendas internacionais para captar investimento de multinacionais para o cluster ibérico e para fomentar as exportações para novos mercados, defendeu o presidente do AICEP.

Em entrevista à Lusa, em Madrid, Pedro Reis considerou que Espanha «é absolutamente crítica e incontornável para a economia portuguesa», ocupando lugar cimeiro nos rankings de exportações, captação de investimento para Portugal e integração das economias.

«Devemos coser mais as duas economias no posicionamento para atrair investimento externo de grandes multinacionais para o cluster ibérico. Aí não temos que estar em rivalidade ou concorrência», disse.

«Podemos repartir unidades e competências na lógica ibérica, com unidades nos dois países, a lutar contra a concorrência asiática, do leste europeu, latino-americana», considerou.

Para Pedro Reis isso obriga, também, a realizar um trabalho de fundo em questões como a política de transportes ou logística, criando a base para «concorrer ao leilão internacional de investimento em parceria».

Avizinha-se «um abrandamento da economia espanhola», que deve ser «encarado de forma realista pelas empresas portuguesas», apostando nas «oportunidades que a própria Espanha irá construir».

Noutro âmbito, Pedro Reis considera que as empresas portuguesas ainda têm «margem de progressão a nível da capilaridade de Espanha» apostando em regiões autónomas onde ainda não estão a investir.

Globalmente, os indicadores do comércio externo português são, sublinhou, mais positivos que os espanhóis (a taxa de cobertura de importações pelas exportações é quase de 100%, enquanto a espanhola ronda os 86%; a percentagem de exportações sobre o PIB é de 36% em Portugal, seis pontos acima do valor espanhol).

Espanha tem maior diversificação

Mas Espanha, adianta, tem já uma «maior diversificação em relação à UE», apostando em mercados emergentes e fora do continente europeu, algo que as empresas portuguesas podem capitalizar.

Assim, recorda, ainda que as exportações de consumíveis para a construção (como o ferro e aço) estejam a cair, as exportações de «produtos de consumo, produtos alimentares, absorvidos para o mercado próprio de Espanha ou para integrar nas suas próprias exportações, têm aumentado».

«Devemos coser a nossa agenda internacional o máximo possível com Espanha. Seja nos mercados que são complementares, naturais, de Espanha e de Portugal, como em mercados alternativos», afirmou.

Sobre a situação em Portugal, Pedro Reis considera que a economia nacional vive «uma metamorfose absolutamente estrutural», com as exportações a crescer 6%, conquistando novos mercados e lançando mais investimento português no exterior.

«Portugal não tem que competir consigo próprio mas com o melhor que há no mundo», sublinhou.

AICEP ouve elogios ao Governo

O responsável do AICEP disse ouvir «muitos elogios à capacidade reformadora do Governo em tudo o que tem a ver com a competitividade das empresas» e acima de tudo «elogios dos investidores internacionais que reconhecem a coragem e a determinação do país em imprimir reformas que mexem com o coração da economia».

Cita como exemplo as «reformas laborais, justiça económica mais célere, um fast track do licenciamento industrial, nova lei das insolvências, lei da concorrência, um Estado mais forte como regulador e supervisor mas com mais transparência nos mercados».

«Os empresários reconhecem esses esforços e sentem nas suas atividades e na previsibilidade dos seus planos futuros essas mudanças em Portugal», considerou.

«Todos temos que ser muito exigentes e precisamos de acelerar toda uma política económica e toda uma aposta no exterior, com uma colaboração pública e privada», disse.
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