UGT admite recurso à greve caso Salário Mínimo não aumente - TVI

UGT admite recurso à greve caso Salário Mínimo não aumente

  • Atualizada às 21:59
  • 1 mai 2017, 17:44

Secretário-geral da central sindical de inspiração socialista exige que 580 euros sejam o mínimo de remuneração no próximo ano. CGTP volta às ruas a 3 de junho, em Lisboa e Porto

O secretário-geral da UGT, Carlos Silva, afirmou esta segunda-feira, em Viana do Castelo, que o cenário de uma greve não está afastado, caso o Governo não cumpra o que prometeu relativamente ao aumento do Salário Mínimo Nacional (SMN).

Nós não aceitamos que só haja aumentos salariais em 2020. Dez anos sem aumentos salariais é uma barbaridade e, acima de tudo, uma grande injustiça, que leva os trabalhadores da administração pública à indignação. E se tiverem que ir para a greve, nós acompanharemos e estaremos lá", afirmou Carlos Silva, perante cerca de dois mil trabalhadores.

O líder da UGT, que discursava no centro cultural da cidade, durante as comemorações nacionais do 1º de Maio, afirmou que em 2019, o Salário Mínimo terá de atingir os 600 euros.

Esperamos que o Governo cumpra o seu compromisso, porque está escrito no seu programa. Em 2019, queremos os 600 euros. E no ano que vem não fazemos por menos, queremos os 580 euros, que é aquilo que está no programa do Governo. A política tem de ser cumprida com verdade e esperamos que o Governo a cumpra e a aplique", reforçou.

"Integração total dos precários"

Carlos Silva apelou ainda ao Governo para que, até final do mandato, em 2019, proceda "à integração total dos trabalhadores precários nos quadros do Estado".

Senhor primeiro-ministro, abra as portas ao diálogo social. Não permita que se continuem a castigar os trabalhadores da administração pública. Ficamos satisfeitos pelo facto de o Governo assumir o compromisso de integrar já, ou nos próximos meses, 50 mil trabalhadores precários, mas até ao final do seu mandato, que terminará em 2019, tem de assumir outro compromisso com o país. É o de resolver o problema da integração total dos precários no Estado", reforçou.

Sobre a sustentabilidade da Segurança Social, o secretário-geral da UGT disse "não querer trabalhadores a trabalhar até à morte".

Venha lá o argumento que vier, para nós, 40 anos de carreira contributiva e 60 anos de idade é mais do que tempo de os homens e mulheres deste país terem direito a uma reforma condigna sem qualquer penalização", defendeu.

Apelou também ao Governo "para não se esquecer de repor a progressividade nos escalões do IRS, afirmando que a carga fiscal é de loucos", e "aplaudiu" a decisão do Governo de decretar tolerância de ponto para a Função Pública do dia da chegada do papa Francisco a Portugal, a 12 de maio, mas não defendeu a mesma medida para os trabalhadores do setor privado.

Cabe aos patrões deste país, com responsabilidade social (…) acompanharem o Governo numa medida positiva, de grande alcance para Portugal. Temos liberdade religiosa. Pois que cada um cumpra a liberdade à maneira da sua crença", defendeu.

CGTP convoca manif.s

A Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP) vai realizar duas manifestações a 3 de junho em Lisboa e no Porto.

O anúncio da jornada de protesto foi feita pelo secretário-geral da Intersindical, no discurso após a manifestação do 1.º Maio cheio de recados ao Governo, perante milhares de pessoas concentradas na Alameda Afonso Henriques, em Lisboa.

Arménio Carlos anunciou aí que a CGTP-IN convocou “duas grandes manifestações”, inseridas no Dia Nacional de Luta, com o lema “Unidos pela valorização do trabalho e dos trabalhadores”.

Um dia de luta nacional de conferência que convoca todas as mulheres e homens trabalhadores (…) que lutam pela efetivação da mudança de política e que irão, a uma só voz, transmitir ao Governo que este é o momento de avançar, porque é a partir do que se faz no presente que se constrói o futuro”, disse Arménio Carlos.

As referências e os recados ao Governo foram, aliás, uma constante no discurso do secretário-geral da CGTP, que defendeu que foi também graças à luta da plataforma sindical que foi possível “travar a política de destruição de direitos laborais e sociais”.

Valorizamos o que foi feito. Mas a vida continua, o tempo passa, os problemas estruturais mantêm-se, as respostas tardam e é preciso atender às legítimas expectativas de todos os que lutaram pela mudança. Este é o tempo de mudar e de fazer mais e melhor”, defendeu.

Milhares nas ruas

Com a UGT a concentrar as suas comemorações em Viana do Castelo, em Lisboa, milhares de pessoas desfilaram pela avenida Almirante Reis.

“A Luta continua. Maio está na rua”, “É urgente, é necessário, o aumento do salário” ou “trabalho é um direito, sem ele nada feito” foram algumas das frases ouvidas, enquanto os manifestantes caminhavam em direção à Alameda Dom Afonso Henriques, destino final da manifestação convocada pela CGTP.

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