Motoristas de "pedra e cal" na greve e revoltados com Governo - TVI

Motoristas de "pedra e cal" na greve e revoltados com Governo

  • Alda Martins
  • (Atualizada às 16:02 com declarações do presidente do SNMMP)
  • 10 ago 2019, 12:37

Só uma mudança por parte da ANTRAM poderá travar a paralisação prevista a partir de segunda-feira

Os sindicatos de motoristas que entregaram um pré-aviso de greve, com início na segunda-feira, estão a reunir-se hoje em vários plenários com os seus associados em todo o país.

Em Leiria, Anacleto Rodrigues do Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM), disse aos jornalistas que as reuniões foram convocadas para estabelecer os piquetes da greve, para que tudo corra de forma ordeira. 

Queremos garantir que os veículos que estejam a assegurar os serviços mínimos possam atravessar os piquetes de greve sem qualquer problema", afirmou. 

No fim do encontro, onde esteve presente, o responsável disse ter sido aprovado, por unanimidade, "manter a greve tal com estava prevista."

O sindicalista reforça que sem uma mudança de posição da Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (ANTRAM) a paralisação avança e lamenta a atitude do Governo.

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Anacleto Rodrigues recorda que a greve começa às 00:00 horas de segunda-feira e que "ainda falta algum tempo e por tanto ainda há margem [por parte da ANTRAM] para a evitarem, se assim o desejaram. Até ao momento não chegou ao nosso conhecimento qualquer abertura por parte da ANTRAM."

Volta a frisar que o que está em causa "é uma relação laboral mais justa. Os motoristas querem ser pagos pelas horas que trabalham. Ter um ordenado minimamente digno. Pagar as nossas contribuições para a Segurança Social e Finanças do rendimento do nosso trabalho e que nos paguem todas as horas que trabalhamos."

Sobre as decisões que o Governo tem vindo a tomar, Anacleto Rodrigues diz que "o que era uma indignação por parte destes trabalhadores que estiveram, praticamente, 20 anos a perder poder de compra, deu lugar à revolta porque sentem que há uma série de poderes que se conjugam na tentativa de os silenciar."

Este grupo segue para Aveiras onde faz o último plenário conjunto com o Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP).

Já em Aveiras, ao início da tarde, Francisco São Bento, presidente do SNMMP, reforçou a ideia do seu antecessor: deram um prazo à ANTRAM e ao Governo - até às 16.00 - para que apresentassem algo. 

Os trabalhadores querem os 900 euros de salário base, já em janeiro. Não querem isenções de horário. Querem sim o seu trabalho extraordinário a ser remunerado como em qualquer outra profissão nacional", afirmou, acrescentando que se não se está perante uma requisição civil parece já que há empresas a estipularem serviços mínimos, 24 horas antes da greve, "o que demonstra má fé e vai contra ao que está prevista na lei."

O responsável não deixou de assumir que com tanto serviços mínimos pode acontecer que a greve fique esvaziada do seu objetivo.

O SNMMP e o SIMM entregaram um pré-aviso de greve em 15 de julho e acusaram a ANTRAM de não querer cumprir o acordo assinado em maio, acordo esse que, segundo os sindicatos, levou à desmarcação de uma greve que estava programada para aquela altura.

Os representantes dos motoristas pretendem um acordo para aumentos graduais no salário-base até 2022: 700 euros em janeiro de 2020, 800 euros em janeiro de 2021 e 900 euros em janeiro de 2022, o que, com os prémios suplementares que estão indexados ao salário-base, daria 1.400 euros em janeiro de 2020, 1.550 euros em janeiro de 2021 e 1.715 euros em janeiro de 2022.

Também se associou à greve o Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos do Norte (STRUN).

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