Novo Banco com primeiro lucro trimestral - TVI

Novo Banco com primeiro lucro trimestral

  • Redação
  • (Atualizada às 17:47) ALM
  • 10 nov 2016, 17:06

Desde o fim do Banco Espírito Santo, e da cisão entre "banco mau" e Novo Banco, que a instituição não tinha resultados positivos. O sinal continua vermelho se olharmos para o período entre janeiro e setembro. Na reestruturação já saíram 1.062 trabalhadores

É a primeira vez que o Novo Banco, o "banco bom" que resultou do fim do Banco Espírito Santo (BES) em agosto de 2014, tem resultados positivos. Segundo a informação revelada esta tarde, foram 3,7 milhões no terceiro trimestre, contra os prejuízos de 113,3 milhões do trimestre anterior e os 249,4 milhões do primeiro trimestre deste ano. 

Em termos dos nove meses do ano, o Novo Banco registou prejuízos de 359 milhões de euros, o que representa, mesmo assim, uma melhoria de 14,3% em relação aos 418,7 milhões de euros negativos verificados no homólogo de 2015.

Por seu lado, o resultado operacional dos primeiros nove meses foi positivo em 217,7 milhões, "um crescimento assinalável face aos 26,4 milhões no período homólogo de 2015", acrescenta o documento.

Um resultado para o qual contribui, por exemplo, o fato do produto bancário acumulado se ter situado em 667,7 milhões até setembro, representando um  aumento de 7,5%, para o qual contribuiu um crescimento de 29,2% na margem financeira.

Em linha com a prossecução do processo de desalavancagem do balanço, especialmente na carteira internacional, o crédito a clientes registou, nos primeiros nove meses do ano, uma redução de 3,1 mil milhões", afirma o Novo Banco.

Que vai mais longe, assegurando que "os recursos de clientes retomaram, no trimestre um processo de estabilização". Ainda assim os depósitos totais que ascenderam a 24,7 mil milhões, representam menos 2,7 mil milhões face a dezembro de 2015.

No entanto, os depósitos de clientes, no segmento de retalho [as famílias], registaram uma evolução positiva com um crescimento superior a 800 milhões de euros, "resultado que ilustra um claro sinal de consolidação da confiança dos clientes no Novo Banco", garante a instituição financeira.

Mais Imparidades, menos custos

No que toca às provisões, no valor de 762,6 milhões de euros, representam um acréscimo de 298,3 milhões face ao período homólogo de 2015, “dando continuidade ao esforço de consolidação do Novo Banco", acrescenta o comunicado.

As imparidades - em linguagem corrente a diferença, negativa, entre a quantia recuperável do ativo e o valor pelo qual o mesmo ativo está inscritos nas contas -  incluem 425,8 milhões para crédito, 113,7 milhões para títulos e 110,6 milhões para custos de reestruturação.

Os custos operacionais situaram-se em 449,9 milhões, evidenciando uma redução de 24,3% face ao período homólogo do ano anterior.

“O banco optou por antecipar boa parte dos objetivos do ano fixados pelo Plano de Reestruturação já anunciado”, diz ainda administração liderada por António Ramalho.

Já saíram 1.062 trabalhadores do banco

Assim a redução prevista de pessoal foi atingida em setembro (menos 1.062 colaboradores contra o objetivo de menos 1.000); a redução de custos operacionais também já está garantida (menos 145 milhões até setembro contra um objetivo de menos 150 milhões para final do ano); e o número de balcões após os últimos encerramentos previstos, situar-se-á em 540, contra 550 previstos no plano.

O tema dos trabalhadores, tem sido uma preocupação legítima do sindicato. Sobretudo, depois de se levantar a possibilidade de, além das 1.000 prevista para sair, no âmbito do processo de reestruturação, afinal, serem mais 500 os trabalhadores que teriam que abandonar o banco, caso este não fosse vendido até agosto de 2017, como acordado com Bruxelas.

E por falar em cumprimento de rácios europeus, o comunicado refere ainda que o rácio de capital regulamentar Common Equity Tier 1 (CET1) estimado para 30 de setembro de 2016 fixou-se em 12,3% o que representa uma melhoria de 30 pontos base face a junho de 2016.

Casamento para a venda em marcha

Ainda hoje, o Governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, assegurava que o Novo Banco, cujo processo de venda está nas mãos da instituição que lidera, não vai custar nada aos portugueses. Numa conferência obde participou,na Universidade de Évora, Carlos Costa disse ainda que o Novo Banco é “uma rede muito importante” para o financiamento da economia do país, manifestando a expetativa de que a venda daquela instituição seja compatível com o seu papel.

O prazo para a entrega de propostas, junto do Banco de Portugal, terminou na passada quinta-feira. Na lista dos potenciais interessados na compra direta estariam, antes ainda do prazo fechar, BPI, BCP, Apollo Management/ Centerbridge e Lone Star. Sendo que o BCP terá, entretanto, desistido desta aposta, o pelo menos não melhorado a oferta que fez incialmente. 

Para a segunda fase, se a primeira hipótese, fosse, de fato esvaziada, surgiram nomes como os chineses do China Minsheng Financial Holding e o espanhol Santander e poderia ainda reaparecer o BCP. Na semana passada, o Jornal Económico avançava com mais dois nomes:  China Three Gorges e Anbang.

 

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