A greve dos enfermeiros, que cumpre hoje o segundo dia, vai obrigar ao adiamento de mil cirurgias nos hospitais de Santa Maria e S. José, em Lisboa, e no São João, no Porto, disse à Lusa uma fonte sindical.
“Nestes cinco dias [de greve] 1.000 cirurgias vão ser adiadas” nestes três hospitais, porque “os blocos cirúrgicos normais estão parados”, adiantou José Correia Azevedo, dirigente da Federação Nacional dos Sindicatos de Enfermeiros (FENSE), que convocou a paralisação.
Sobre a adesão à greve no turno da noite, o dirigente sindical disse que se “mantém nos níveis” de segunda-feira, oscilando entre os 83 e os 96%.
José Correia Azevedo referiu que não são esperadas grandes oscilações nos próximos três dias, porque “as equipas, quando recebem o pré-aviso, começam a fazer o plano de trabalho, que neste momento já está feito para os cinco dias”.
Sobre o impacto que a paralisação está a ter nas consultas e nas cirurgias de urgência, o sindicalista disse que estão assegurados os serviços mínimos para “evitar situações de não retorno”.
Nos cuidados primários mantemos o apoio àqueles doentes que estão dependentes e não têm recursos perto, não vamos deixar que se desloquem aos hospitais”, afirmou.
Explicou ainda que tudo o que diz respeito “a pensos, injetáveis, administração terapêutica” que são “absolutamente essenciais”, o serviço está garantido.
Relativamente às consultas hospitalares, José Correia Azevedo disse que as que são asseguradas por médicos estão a funcionar normalmente, as que têm o apoio da enfermagem “estão paradas”.
Adesão à greve dos enfermeiros no Norte varia entre 9,5% e os 62%
Já o conselho diretivo da Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte afirmou hoje que a percentagem de adesão à greve dos enfermeiros, que começou na segunda-feira, “oscila entre os 9,5% e os 62%”.
Em declarações à Lusa, no primeiro de cinco dias de greve dos enfermeiros, o dirigente da Federação Nacional dos Sindicatos de Enfermeiros (FENSE), José Correia Azevedo, disse que a adesão rondava os 90% e que só no Hospital de São João, no Porto, foram adiadas “400 cirurgias programadas”.
Em comunicado, a ARS/N afirma que “a percentagem de adesão verificada é variável, oscilando entre os 9,5% e os 62% – com maior predominância para o intervalo entre os 30 e 40% – ao contrário do que tem vindo a ser noticiado, informando uma participação, em alguns hospitais, superior a 90%”.
Esta greve dos enfermeiros, marcada pela FENSE, que integra o Sindicato Independente Profissionais de Enfermagem (SIPE) e o Sindicato dos Enfermeiros (SE), visa protestar contra o impasse na negociação do acordo coletivo de trabalho, que começou há um ano.
Os enfermeiros exigem a conclusão da negociação do Acordo Coletivo de Trabalho entregue pelos sindicatos em 16 de agosto de 2016 e pretendem que seja criada uma carreira especial de enfermagem que integre a categoria de enfermeiro especialista.
Reclamam também o descongelamento da carreira, lembrando que o Estado deve aos enfermeiros 13 anos, 7 meses e 25 dias nas progressões, e a revisão das tabelas remuneratórias.