A Comissão de Trabalhadores da Caixa Geral de Depósitos (CGD) disse hoje que as reivindicações dos funcionários do banco púbico não se tratam de privilégios e que também estes foram penalizados nas remunerações e que alguns efeitos ainda persistem.
A CT da CGD [...] vem afirmar serem desprovidas de razão e fundamento quaisquer intervenções públicas que associem as reivindicações dos trabalhadores da CGD à defesa de “privilégios”. Rejeitamos liminarmente qualquer julgamento em praça pública com base em falácias, com o propósito único de beneficiar aqueles que se sentem ameaçados por uma CGD pública, interveniente e pilar do sector bancário, fundamental para o desenvolvimento e coesão do país”, referiu em comunicado a estrutura representativa dos trabalhadores do grupo bancário.
A Comissão de Trabalhadores mostra-se indignada com opiniões difundidas na comunicação social sobre os direitos dos trabalhadores da CGD, após a denúncia do acordo de empresa pela administração, considerando que são “baseadas em pressupostos falsos e construídas à volta de um profundo desconhecimento do que é a realidade da CGD”, e considera que se “instituiu designar de ‘privilégios’ todo e qualquer direito ou garantia de um trabalhador, mesmo que livremente negociado e assinado entre as partes, entidade patronal e sindicatos”.
A Comissão de Trabalhadores recorda que nos últimos anos os trabalhadores da CGD tiveram “congelamentos remuneratórios e incumprimento de direitos contratuais” e que alguns “efeitos ainda persistem".
A CGD denunciou, em final de julho, o acordo de empresa.
Segundo disse à Lusa fonte oficial, a revisão das condições atribuídas aos funcionários é fundamental para “dar sustentabilidade futura à CGD”, considerando que não faz sentido fazer uma reestruturação que passa pela saída de 2.000 trabalhadores, no total, até 2020, e depois “ser confrontado com condições não sustentáveis [da massa salarial] e não compatíveis a prazo”.
Ou seja, a CGD quer ter mecanismos para nos próximos anos controlar os custos com os salários dos seus funcionários, mas não indica as metas de poupança que quer atingir anualmente com a revisão do acordo de empresa.
A mesma fonte indicou que o banco quer mexer nas diuturnidades (compensação monetária por anos de serviço, pagas a cada cinco anos), nas condições de reforma e nos serviços sociais (que garantem cuidados de saúde).
Entre as mudanças que pretende está a eliminação das promoções por antiguidade e das anuidades, alterações ao regime das promoções por mérito e redução do número de categorias profissionais.
Sobre ao crédito à habitação aos trabalhadores (que têm melhores condições do que no mercado), a CGD refere que quer que haja as mesmas cautelas na concessão desses créditos do que no caso dos outros clientes.
Contudo, a grande mudança será estabelecer um montante anual agregado para a concessão desses empréstimos.
Depois da denúncia do acordo de empresa, a CGD e os sindicatos têm 18 meses para negociar um novo texto, devendo as novas regras entrar em vigor em 2020.
Em 24 de agosto, os trabalhadores da CGD fizeram greve contra a denúncia do acordo de empresa.
A ação de protesto foi convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores das Empresas do Grupo CGD (STEC), sindicato independente e o mais representativo do banco público, que considerou a denúncia do acordo empresa “uma verdadeira declaração de guerra aos trabalhadores”, até por ter sido denunciado quando a CGD anunciou lucros de 194 milhões de euros relativos ao primeiro semestre deste ano, e pelo Sintaf - Sindicato dos Trabalhadores da Atividade Financeira (ligado à CGTP, pouco representativo).
Já os sindicatos da banca ligados à UGT (agrupados na Febase - Federação do Setor Financeiro) e o Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários (SNQTB) preferem aguardar pelas negociações, que deverão começar este mês.
No final de junho o grupo CGD tinha 7.903 empregados em Portugal.