Trabalhadores da CGD dizem que reivindicações não são "privilégios" - TVI

Trabalhadores da CGD dizem que reivindicações não são "privilégios"

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  • 14 set 2018, 16:22
CGD: trabalhadores protestam contra reestruturação da empresa

Comissão de Trabalhadores indignada com opiniões difundidas na comunicação social sobre os direitos dos trabalhadores do banco público, após denúncia do acordo de empresa pela administração

A Comissão de Trabalhadores da Caixa Geral de Depósitos (CGD) disse hoje que as reivindicações dos funcionários do banco púbico não se tratam de privilégios e que também estes foram penalizados nas remunerações e que alguns efeitos ainda persistem.

A CT da CGD [...] vem afirmar serem desprovidas de razão e fundamento quaisquer intervenções públicas que associem as reivindicações dos trabalhadores da CGD à defesa de “privilégios”. Rejeitamos liminarmente qualquer julgamento em praça pública com base em falácias, com o propósito único de beneficiar aqueles que se sentem ameaçados por uma CGD pública, interveniente e pilar do sector bancário, fundamental para o desenvolvimento e coesão do país”, referiu em comunicado a estrutura representativa dos trabalhadores do grupo bancário.

A Comissão de Trabalhadores mostra-se indignada com opiniões difundidas na comunicação social sobre os direitos dos trabalhadores da CGD, após a denúncia do acordo de empresa pela administração, considerando que são “baseadas em pressupostos falsos e construídas à volta de um profundo desconhecimento do que é a realidade da CGD”, e considera que se “instituiu designar de ‘privilégios’ todo e qualquer direito ou garantia de um trabalhador, mesmo que livremente negociado e assinado entre as partes, entidade patronal e sindicatos”.

A Comissão de Trabalhadores recorda que nos últimos anos os trabalhadores da CGD tiveram “congelamentos remuneratórios e incumprimento de direitos contratuais” e que alguns “efeitos ainda persistem".

A CGD denunciou, em final de julho, o acordo de empresa.

Segundo disse à Lusa fonte oficial, a revisão das condições atribuídas aos funcionários é fundamental para “dar sustentabilidade futura à CGD”, considerando que não faz sentido fazer uma reestruturação que passa pela saída de 2.000 trabalhadores, no total, até 2020, e depois “ser confrontado com condições não sustentáveis [da massa salarial] e não compatíveis a prazo”.

Ou seja, a CGD quer ter mecanismos para nos próximos anos controlar os custos com os salários dos seus funcionários, mas não indica as metas de poupança que quer atingir anualmente com a revisão do acordo de empresa.

A mesma fonte indicou que o banco quer mexer nas diuturnidades (compensação monetária por anos de serviço, pagas a cada cinco anos), nas condições de reforma e nos serviços sociais (que garantem cuidados de saúde).

Entre as mudanças que pretende está a eliminação das promoções por antiguidade e das anuidades, alterações ao regime das promoções por mérito e redução do número de categorias profissionais.

Sobre ao crédito à habitação aos trabalhadores (que têm melhores condições do que no mercado), a CGD refere que quer que haja as mesmas cautelas na concessão desses créditos do que no caso dos outros clientes.

Contudo, a grande mudança será estabelecer um montante anual agregado para a concessão desses empréstimos.

Depois da denúncia do acordo de empresa, a CGD e os sindicatos têm 18 meses para negociar um novo texto, devendo as novas regras entrar em vigor em 2020.

Em 24 de agosto, os trabalhadores da CGD fizeram greve contra a denúncia do acordo de empresa.

A ação de protesto foi convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores das Empresas do Grupo CGD (STEC), sindicato independente e o mais representativo do banco público, que considerou a denúncia do acordo empresa “uma verdadeira declaração de guerra aos trabalhadores”, até por ter sido denunciado quando a CGD anunciou lucros de 194 milhões de euros relativos ao primeiro semestre deste ano, e pelo Sintaf - Sindicato dos Trabalhadores da Atividade Financeira (ligado à CGTP, pouco representativo).

Já os sindicatos da banca ligados à UGT (agrupados na Febase - Federação do Setor Financeiro) e o Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários (SNQTB) preferem aguardar pelas negociações, que deverão começar este mês.

No final de junho o grupo CGD tinha 7.903 empregados em Portugal.

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