Patrões pressionam Passos com cartas a pedir que recue na TSU - TVI

Patrões pressionam Passos com cartas a pedir que recue na TSU

  • Redação
  • VC - Atualizada às 12:25
  • 19 jan 2017, 09:43
António Saraiva e António Costa

Estruturas associadas da CIP dizem que não estão a fazer política partidária, mas sim a defender o interesse das empresas. Também do lado dos sindicatos, UGT não entende a posição do PSD e vai ter hoje uma reunião com Passos Coelho

Passos Coelho e o PSD mostram-se irredutíveis no chumbo da descida da Taxa Social Única paga pelas empresas, mas os patrões não se dão por vencidos. Algumas estruturas associadas da CIP, a confederação que os representa, estão a enviar cartas ao líder social-democrata a pedir-lhe que volte atrás na sua decisão e não comprometa o acordo de concertação social.

Quem o assume é o próprio presidente da CIP, António Saraiva, dando conta ao Jornal de Negócios que esses apelos escritos estão a chegar ao PSD. Uma das associações é a Associação Têxtil e Vestuário de Portugal, que agrega cerca de 500 empresas com 35 mil trabalhadores. Mas haverá pelo menos mais cinco ou seis a subscrever a missiva.

A compensação de descida em 1,25 pontos percentuais da TSU para contrabalançar a subida do salário mínimopara 557 euros já em janeiro pode não ser "suficiente", mas "ajuda a minorar o aumento do custo do fator trabalho", explica Paulo Vaz.

Esta associação argumenta que é um passo importante para a competitividade das empresas. E demarca-se de politiquices. "Não fazemos política partidária, a nossa política é o interesse das empresas. Quisemos sensibilizar [Passos Coelho] para esta questão, que não afeta só os salários abrangidos pela medida, mas todos os outros na grelha salarial. Não estávamos a contar com esta posição do PSD".

 

Se não votam contra as iniciativas condenáveis mas entendíveis na extrema-esquerda, pelo menos que se abstenham e deixem passar a medida".

A Confederação dos Agricultores de Portugal também admite vir a sensibilizar o líder da oposição. Já os industriais da metalurgia e metalomecânica, a AIMMAP, entende que é a CIP que deve tratar do assunto, embora subscreva "integralmente" o que a representante dos patrões defende.

Também do lado dos sindicatos, a UGT mostrou "espanto" pela mudança de opinião de Passos Coelho. Patrões e alguns sindicatos não estavam a contar com isto porque ele próprio, quando foi primeiro-ministro, defendeu no seu programa de Governo a competitividade das empresas e ter, inclusive, desceu a TSU para subir o salário mínimo. O líder da UGT, Carlos Silva, tem hoje uma reunião com Passos, pelo meio-dia. A pressão deverá aumentar frente-a-frente.

Para a CGTP, este é o momento certo para revogar a medida. “Vamos aguardar até à próxima semana na perspetiva de que os partidos que se comprometeram a votar pela revogação da TSU venham a concretizar a sua promessa em votos e em maioria na Assembleia da República(…). Também aqui, mais do que falar, é preciso concretizar”, disse à Lusa Arménio Carlos depois de uma reunião com o grupo parlamentar do PCP sobre o assunto.

Não pode servir de moeda de troca para colocar as empresas privadas na subsidiodependência dos dinheiros da segurança social e também do Orçamento do Estado. A queda da taxa social única corresponde a uma confrontação com a manutenção de um sistema de baixos salários e trabalho precário e de um bloqueio da contratação coletiva que estava subjacente”.

O Bloco de Esquerda antecipou a apreciação parlamentar da TSU para 25 de janeiro, de forma a não acontecer depois da entrada em vigor do diploma já promulgado pelo Presidente da República.

Se houvesse sintonia entre PS, BE e PCP, como regra geral aconteceu até aqui, entraria em vigor a 1 de fevereiro. Mas como só o PS quer viabilizar a medida e não conta com o PSD para tal, corre mesmo o risco de cair. Nesse caso, o partido do Governo promete uma alternativa, mas não desvenda qual.

 

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