A Autoridade da Concorrência (AdC) acusou, esta sexta-feira, o Modelo Continente, Pingo Doce, Auchan, Intermarché, Lidl e a E. Leclerc de “práticas equivalentes e cartel” com três fornecedores de bebidas.
A Concorrência alega, em comunicado, que os visados encetaram práticas para “alinhamento dos preços de venda ao consumidor, em três processos distintos”.
Essas práticas envolvem ainda estes três fornecedores de bebidas: Sociedade Central de Cervejas, Super Bock e PrimeDrinks.
Nestas acusações são igualmente visados administradores e diretores da Modelo Continente, da Sociedade Central de Cervejas e da Super Bock”, de acordo com a AdC.
Sociedade Central de Cervejas irá “exercer direito à defesa”
A Sociedade Central de Cervejas (SCC) garante que “irá exercer o seu direito à defesa”, de acordo com um comunicado.
Assim, tendo em conta a decisão da Autoridade da Concorrência (AdC) em que informa “que adotou nota de ilicitude contra, entre outros, a SCC, por alegada infração ao direito da concorrência, visando ainda a atuação de administradores, também alegadamente envolvidos na prática em causa, vem a SCC rejeitar a imputação que lhe é feita, uma vez que não cometeu qualquer infração”, adiantou a empresa.
A SCC recorda que “tal como a AdC reconhece no seu comunicado, a adoção de notas de ilicitude não determina o resultado final das investigações”.
A empresa de bebidas garante ainda que “irá exercer o seu direito de defesa, convicta de que lhe será reconhecida a conformidade das suas práticas com as regras do mercado”.
O grupo reitera “a sua total disponibilidade de colaboração com a AdC tendo como objetivo o apuramento da verdade dos factos, reafirmando que pauta, e sempre pautou, a sua conduta pelo estrito cumprimento das regras da concorrência”.
Pingo Doce "repudia" acusação
O Pingo Doce, cadeia de supermercados detida pela Jerónimo Martins, disse, esta sexta-feira, que “repudia” acusações de "práticas equivalentes a cartel" reveladas pela AdC.
Fonte oficial do Pingo Doce disse à agência Lusa que a empresa iria “analisar” os termos na notificação da AdC e “usar do direito de resposta, a seu tempo”.
Desde já, queremos salientar que repudiamos a acusação que nos é dirigida, na medida em que trabalhamos diariamente para levar até aos consumidores portugueses as melhores oportunidades de preço e promoções, e os maiores descontos”, garante a mesma fonte.
O Pingo Doce considera que “no geral, os consumidores portugueses são muito inteligentes nas suas estratégias de compra, muito sensíveis ao preço e compreendem com muita facilidade as mecânicas promocionais exatamente pelo elevado nível de concorrência que caracteriza o setor do retalho alimentar em Portugal”.
Auchan vai "apresentar contestação"
A Auchan Retail Portugal, dona do Jumbo, rejeita as acusações de "práticas equivalentes a cartel" e adianta que vai "apresentar contestação".
As nossas práticas não configuram os atos ilícitos imputados”, garantiu, referindo que “são assegurados internamente todos os processos de controlo a fim de evitar qualquer tipo de prática deste tipo, mesmo que negligente”.
Super Bock: acusação faz “errada interpretação” dos factos
O Super Bock Group considera que houve uma “errada interpretação dos factos”.
Em comunicado, a cervejeira referiu que “a posição hoje expressa pela AdC é meramente preliminar, não leva ainda em consideração a posição da empresa e não corresponde a uma decisão final”.
A mesma nota salienta que “a empresa apresentará agora a sua defesa por escrito, contextualizando devidamente o que considera ser uma errada interpretação dos factos por parte da AdC”.
O grupo garante que “pauta o seu comportamento pelo estrito cumprimento da lei, incluindo as regras de concorrência e adota as melhores práticas em cooperação com os seus parceiros, implementando medidas sustentáveis e equilibradas em prol da satisfação do consumidor”, e recorda que “o setor cervejeiro/bebidas refrescantes é praticante regular de forte atividade promocional, ampliando o benefício do consumidor na aquisição destes produtos”.
O Super Bock Group (antiga Unicer) diz ainda que “continuará assim e como sempre, a colaborar com as entidades competentes, no sentido de esclarecer a verdade e assegurar o bom nome e reputação”.
Modelo Continente não “abdicará de salvaguardar” os seus direitos
A Modelo Continente, do grupo Sonae, disse que não “abdicará de salvaguardar” os seus direitos.
Em resposta à agência Lusa, fonte oficial da empresa começa por criticar o regulador por este ter revelado que tinha enviado notas de ilicitude.
Não podemos deixar de censurar esta comunicação, que não salvaguarda o direito de defesa e representa uma restrição ao direito ao bom nome e à reputação da sociedade. As notas de ilicitude não representam o resultado final da investigação, mas sim uma fase provisória e que está ainda sujeita ao exercício do direito de defesa da visada”.
Esta comunicação e as referidas notas vão ser analisadas com todo o rigor e cuidado, sendo certo que não abdicaremos de salvaguardar os nossos direitos, nomeadamente o de defesa em lugar próprio”, acrescenta a Modelo Continente.
O grupo refere que está ciente “das suas obrigações legais, tendo sempre pautado a sua atividade pelo estrito cumprimento das mesmas, e por uma conduta condizente com os valores de ética e transparência e cultura de defesa dos nossos consumidores”.
Além disso, a cadeia de supermercados garante que tem “como propósito claro o de garantir uma oferta de produtos e serviços de qualidade e aos melhores preços".
Lidl garante “um escrupuloso cumprimento das melhores práticas de concorrência"
A cadeia de supermercados alemã Lidl grantiu, esta sexta-feira, “um escrupuloso cumprimento das melhores práticas de concorrência”.
A empresa, que “tomou conhecimento, apenas ao fim da tarde, do conteúdo da nota de ilicitude”, “encontra-se neste momento a analisar o documento, sendo por isso prematuro tecer qualquer comentário”, revela, numa nota enviada à agência Lusa.
O Lidl Portugal pauta a sua atuação por um escrupuloso cumprimento das melhores práticas de concorrência, colaborando em permanência com a AdC”, garante.
PrimeDrinks garante que age no cumprimento das regras do mercado
A PrimeDrinks anunciou que vai exercer o seu direito de defesa, garantindo que age “no estrito cumprimento das regras do mercado”.
A PrimeDrinks irá exercer o seu direito de defesa, com a convicção de que sempre agiu e agirá no estrito cumprimento das regras do mercado”, afirma a empresa num comunicado enviado à agência Lusa.
Na nota, a PrimeDrinks declara não se rever “na imputação que lhe é feita e hoje tornada pública pela Autoridade da Concorrência e reafirma a sua total disponibilidade para, no mais curto espaço de tempo, proceder ao cabal esclarecimento desta situação”.