Os acionistas do BPI decidiram esta quarta-feira suspender a assembleia-geral que deveria votar a venda de 2% do Banco Fomento Angola (BFA) à Unitel, uma operação destinada a cumprir as exigências do Banco Central Europeu (BCE).
De acordo com a Lusa, o pedido de suspensão foi feito pelo espanhol Caixabank, maior acionista do BPI, com 45,50% do capital e que tem em curso uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) sobre a totalidade do capital social do banco, alegando que ainda não é conhecida a posição do Banco Central Europeu (BCE) sobre a alienação.
A suspensão foi aprovada pelos acionistas que deverão voltar a reunir-se a 13 de dezembro.
Esta venda de 2% do BFA à operadora angolana Unitel, por 28 milhões de euros, significaria o fim do controlo daquele banco angolano pelo BPI e foi proposta em setembro passado pela administração liderada por Artur Santos Silva e Fernando Ulrich, considerando-a a "única solução" para o BPI cumprir as exigências do BCE que obrigam à redução da exposição ao mercado angolano, onde Frankfurt entende que a supervisão bancária não é equivalente à europeia.
Caso a venda avance, o BPI ficará com 48,1% do BFA, deixando de o controlar o banco em Angola, e a Unitel com 51,9%.
Pequenos acionistas da ATM apanhados de "surpresa"
O presidente da associação de pequenos investidores ATM disse esta quarta-feira que os seus associados foram apanhados de "surpresa" com o pedido de suspensão da assembleia-geral pelo Caixabank e que não entendem as motivações do banco espanhol para o fazer.
"Fomos apanhados de surpresa", disse aos jornalistas Octávio Viana no final da assembleia-geral do BPI que esta quarta-feira à tarde deveria ter deliberado sobre a venda de 2% do Banco Fomento Angola (BFA) à Unitel, uma operação destinada a cumprir as exigências do Banco Central Europeu (BCE), e que acabou suspensa ao fim de uma hora.
Acionistas aprovam novos administradores ligados ao Caixabank
Os acionistas do BPI aprovaram a ida de Gonzalo Gortázar Rotaeche e de Pablo Calderón, ambos do espanhol Caixabank, para o Conselho de Administração do banco.
A aprovação, com 97,60% dos votos, foi anunciada em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
Os novos nomes do Conselho de Administração visam fazer face às saídas de António Domingues - que passou a liderar a Caixa Geral de Depósitos (CGD) desde o final de agosto - e de Edgar Alves Ferreira, que representava a 'holding' Violas, o maior acionista português do BPI, com 2,7%.