Utentes do Seixal defendem que Transtejo implemente uma “alternativa fluvial” - TVI

Utentes do Seixal defendem que Transtejo implemente uma “alternativa fluvial”

  • .
  • AM
  • 27 out 2020, 15:57
Faz 45 anos no dia 17 de dezembro que foi fundada a Transtejo

Para os utentes, a empresa devia ter pensado em “soluções técnicas possíveis de ser implementadas faseadamente”, como a criação de um pontão provisório

Os utentes do Seixal defenderam que a Transtejo devia implementar uma “alternativa fluvial” para fazer face ao encerramento do terminal do concelho, no distrito de Setúbal, até porque a solução rodoviária criada não é "viável”.

“Não dizemos que as obras não são necessárias, mas não há uma alternativa, não há uma solução credível ou viável para uma empresa que tem responsabilidades sociais como a Transtejo, que tem técnicas para avaliar e minimizar este impacto com uma alternativa fluvial”, disse à Lusa António Freitas, membro da Comissão de Utentes de Transportes do Seixal.

Na quinta-feira, a Transtejo anunciou que a ligação fluvial entre o Seixal e Lisboa passaria a estar suspensa a partir de segunda-feira, por 45 dias, devido a uma obra de melhoramento marítimo, criando um serviço especial de transporte rodoviário até ao terminal de Cacilhas, em Almada, no distrito de Setúbal.

No entanto, para os utentes, a empresa devia ter pensado em “soluções técnicas possíveis de ser implementadas faseadamente”, como a criação de um pontão provisório.

“Temos uma Ponte 25 de Abril que foi intervencionada, alargada e colocado um tabuleiro, mas os períodos de paragem nunca existiram, nunca ninguém cortou a ponte, tirando nos períodos de mau tempo, foi sempre possível construir uma solução técnica, portanto, não acredito que não exista outra solução”, considerou.

Segundo o responsável, os utentes da ligação fluvial do Seixal estão descontentes com a alternativa rodoviária apresentada, até porque “corresponde a uma hora e meia de viagem até Cacilhas”, mais o tempo da travessia do barco, quando anteriormente demoravam apenas entre 15 a 20 minutos para chegar a Lisboa. 

“Se isto é uma alternativa, não me parece que seja utilizada pela maioria das pessoas. Pelo menos é a informação que tenho. Ninguém quer uma hora de viagem para um transporte que não lhe serve”, relatou.

De acordo com António Freitas, desde segunda-feira os utentes do Seixal têm optado por “pôr em risco a sua saúde e ir para dentro de um comboio que já está cheio e lotado”, referindo-se à ligação ferroviária sobre a ponte 25 de Abril, operada pela Fertagus.

“Esta foi a alternativa posta à disposição pela Transtejo no âmbito da saúde púbica. Certamente irá aumentar o risco de contágio, porque se está a colocar 2.400 pessoas dentro de um transporte ferroviário que todos nós já sabemos que tem grandes dificuldades em manter os afastamentos sociais e sanitários para a contenção e propagação do vírus”, referiu. 

Para a comissão, não faz sentido que a obra e a solução rodoviária apresentada “ocorra em cima deste período em que houve um desconfinamento de pessoas” devido à pandemia da covid-19, pelo que já apresentou uma reclamação à administração da empresa.

“Não percebemos como é que alguém é responsável por todo este processo que está em curso. Demonstra uma total falta de organização, falta de planeamento, desrespeito pela população e, num período de pandemia, desrespeito para com a saúde dos cidadãos. Isto demonstra que os técnicos e as pessoas responsáveis por esta área são de uma incompetência atroz. Lamento dizer isto, mas é a única coisa que eu vejo”, frisou.

Na segunda-feira, o ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, justificou que as obras de substituição do pontão do cais fluvial do Seixal tinham de ser realizadas agora porque “o certificado de navegação expira em novembro”.

Já a Transtejo tinha explicado na quinta-feira, em comunicado, que obra abrange uma área total de 450 metros quadrados que “não é compatível com a operação fluvial, pelo que a empresa é forçada a suspender a atracação”, por um período estimado de 45 dias.

No entanto, frisou que a oferta de transporte de e para Lisboa continuará a ser garantida através de um “serviço especial de transporte em autocarro” entre o terminal do Seixal e o de Cacilhas, em Almada, no distrito de Setúbal.

Segundo a empresa, durante os dias úteis, este transporte rodoviário vai estar disponível das 06:00 às 23:30, com uma frequência de 20 a 20 minutos, enquanto aos sábados será operado entre as 07:00 e as 22:00 e aos domingos e feriados entre as 08:00 e as 22:00, ambos com uma frequência de 60 minutos.

Na sexta-feira, o presidente da Câmara Municipal do Seixal, Joaquim Santos (CDU) exigiu a suspensão das obras “até que sejam encontradas alternativas que não prejudiquem a população”.

A Transtejo assegura as ligações fluviais entre o Seixal, Montijo, Cacilhas e Trafaria/Porto Brandão, no distrito de Setúbal, e Lisboa.​​

Continue a ler esta notícia