O comissário dos Assuntos Económicos e Financeiros, Pierre Moscovici , assume que o ministro das Finanças português é um dos potenciais candidatos à liderança do Eurogrupo , mas defende que não é o favorito.
Numa entrevista em Bruxelas à rádio TSF, Moscovici reconhece que Mário Centeno é um dos candidatos com quem “gostaria de trabalhar”, mas diz que há “vários candidatos” com idênticas condições.
Vários candidatos têm as condições requeridas. E, Mário Centeno está certamente entre eles. Mas, depois eu também penso que pode não ser óbvio que seja um socialista a presidir ao Eurogrupo. E, também não é o único que pode lá chegar. Isso terá de ser decidido antes de quinta-feira", afirmou Moscivici à TSF.
A pouco mais de dois dias para o fecho das candidaturas, sem candidatos formalmente conhecidos, o comissário espera que entre os eventuais aspirantes ao grupo informal dos países do euro haja um "bom líder".
Penso que devia haver pelo menos um bom candidato para presidir ao Eurogrupo, porque este grupo precisa de liderança. Nunca é fácil. É muito importante ter um forte e bom líder, que esteja dedicado ao projeto europeu e que saiba que ao mesmo tempo é preciso ter seriedade e flexibilidade" , salienta o comissário.
O homem que até há semanas era apontado também como um potencial candidato a presidente do Eurogrupo espera que o futuro chefe do grupo informal dos países do euro tenha em conta que a fusão entre a pasta das Finanças na Comissão e a presidência do Eurogrupo deve avançar "o mais tardar" em 2019.
Eu não sou candidato. Eu pensei e continuo a acreditar que devemos avançar para a fusão entre a Comissão em funções e a presidência do Eurogrupo. Mas, isto ainda não está preparado. Isto tem de ser incluído no pacote [de reforma da União Económica e Monetária]", afirmou.
"Quem quer que se torne presidente, gostaria que em princípio fosse apenas para um curto período, até ao momento que tenhamos uma nova comissão, o mais tardar", defendeu.
O nome do futuro presidente do Eurogrupo deverá sair da reunião dos ministros das Finanças da zona euro agendada para a próxima segunda-feira e será anunciado pelo holandês Jeroen Dijsselbloem, que assume a presidência desde a saída de Jean-Claude Juncker.
OE2018: Confiança na economia portuguesa não invalida reclamar esforços
O comissário europeu dos Assuntos Económicos, Pierre Moscovici, reiterou hoje que a Comissão Europeia “tem confiança na economia portuguesa ”, o que não invalida que Bruxelas seja vigilante e reclame a Portugal os esforços necessários para cumprir as regras.
Num debate na comissão de assuntos económicos do Parlamento Europeu, Moscovici, interpelado pelo eurodeputado Pedro Silva Pereira (PS), que lembrou o facto de no passado recente a Comissão ter “revisto em alta as previsões para o crescimento económico e em baixa as previsões para o défice e dívida pública”, admitiu que tal pode voltar a suceder, mas enfatizou a necessidade de, ainda assim, Portugal prosseguir as reformas estruturais, pois para já há riscos de incumprimento.
“É verdade que no passado os resultados em Portugal foram melhores do que as nossas previsões, o que não é surpreendente, porque nós obviamente temos de ter uma abordagem muito cuidadosa e prudente” , começou por reconhecer Moscovici.
Relativamente ao parecer adotado na semana passada pela Comissão sobre o plano orçamental português para 2018, o comissário começou por lembrar que a opinião do executivo comunitário começa por reconhecer que “o desempenho económico é forte, que o défice orçamental está claramente a ser reduzido e que há um esforço estrutural em curso”.
“Mas este esforço não é suficiente se considerarmos os critérios” do Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC), pelo que poderá haver necessidade de “eventuais esforços adicionais” , advertiu.
No parecer adotado em 22 de novembro, a Comissão Europeia considerou que a proposta orçamental portuguesa para o próximo ano "pode resultar num desvio significativo" do ajustamento recomendado, identificando então um “risco de incumprimento” do ajustamento necessário para alcançar o Objetivo de Médio Prazo (de 0,25% do Produto Interno Bruto - PIB) "tanto em 2017 como em 2018".
Nesse sentido, Bruxelas "convida as autoridades a tomar as medidas necessárias dentro do processo orçamental nacional para garantir que o orçamento de 2018 vai estar em conformidade com o PEC".
“Em suma, há confiança na economia portuguesa? A minha resposta é sim, mas esta confiança não invalida o facto de o ajustamento reclamado ter de ser feito”, sublinhou hoje o comissário europeu dos Assuntos Económicos.
Mais à frente no “diálogo” com os eurodeputados, Moscovici refutou as críticas do eurodeputado comunista Miguel Viegas, que apontou o dedo às políticas “neoliberais” e de austeridade alegadamente impostas pela Comissão.
“Os nossos amigos portugueses não têm razões de queixa desta Comissão”, argumentou, apontando a título de exemplo o apoio dado por Bruxelas para que Portugal conseguisse ter uma “saída limpa” do seu programa de ajustamento e a leitura flexível das regras feita pelo executivo comunitário quando estavam em cima da mesa possíveis sanções e suspensão de fundos a Portugal.
“Não tenha dúvidas de que esta Comissão teve uma atenção particular para com Portugal”, concluiu.