Portugal teme 2013 de olhos postos nos juros - TVI

Portugal teme 2013 de olhos postos nos juros

Inflação na Zona Euro

«Yields» no mercado secundário continuam a subir. Mas juros dos bilhetes do Tesouro têm vindo a cair e o país já vendeu mais do que o estimado

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As «yields» das obrigações portuguesas estão a subir à medida que os investidores estão ocupados a investir o dinheiro barato que vem do Banco Central Europeu (BCE). Os custos dos títulos a 10 anos, que subiram quase 2 pontos percentuais nas passadas duas semanas demonstra a preocupação, que se sente entre os investidores, de que o país terá de lutar para conseguir regressar aos mercados em 2013.

Portugal não pode vender dívida com o prazo superior a um ano (ou 18 meses) desde que recebeu a ajuda externa de 78 mil milhões de euros, em Maio do ano passado, depois da Grécia e Irlanda também terem sido intervencionados.

«O dinheiro que vem do Banco Central Europeu providencia liquidez, mas não solvabilidade», diz Stuart Thomson, gestor de investimentos em Glasgow, à Bloomberg. Com a perceção de que um país está na bancarrota, este tipo de medidas não funcionam. E existe uma preocupação crescente de que Portugal precise de um segundo resgate».

Os juros implícitos na dívida pública nacional estão em alta, e a tendência de subida na Zona Euro é generalizada. Mas o primeiro-ministro Passos Coelho insistiu, em entrevista à «Bloomberg», que o país não irá reestruturar a sua dívida.

Enquanto os títulos a 10 anos surgem com valores recorde, os custos dos bilhetes do Tesouro que Portugal tem conseguido colocar no mercado estão a diminuir.

O país já conseguiu vender 8 mil milhões de euros este ano, ultrapassando o montante indicativo para o primeiro trimestre que tinha sido anunciado em Dezembro do ano passado. Portugal emite agora também bilhetes do Tesouro com maturidades mais longas, que chegam aos 18 meses.

Esta terça-feira, Abebe Aemro Selassie, chefe da missão do FMI em Portugal, falou da progressiva implementação das medidas de austeridade e, apesar de admitir que não será fácil, acredita que o país voltará aos mercados na data marcada: Setembro de 2013.

Para Pavan Wadhwa, estratega da JP Morgan Chase & Co, em Londres, o Governo português, que tem conseguido emitir bilhetes do Tesouro, não conseguirá regressar aos mercados para o ano. «Não será possível. As obrigações a 10 anos estão perto dos 15%. Ninguém vai aos mercados com este tipo de juros. Quando as «yields» superam os 8% não há forma de voltar atrás.

Ao contrário da Grécia, Portugal persegue o caminho das medidas de austeridade, e não tem saído dos carris definidos pela troika.

O país deverá até alcançar a meta do défice em 2012; mas o facto de a economia ter encolhido mais do que o esperado no fim do ano e o desemprego ter atingido os 14%, leva o gestor Stuart Thomson a considerar que o país vai debater-se com a possibilidade de recorrer a outro pacote de ajuda.

«Portugal tem feito progressos, mas a matemática ainda está contra o país», diz Thomson. A economia portuguesa vai contrair 3,3% este ano, uma estimativa mais profunda do que tinha sido inicialmente estimado pela Comissão Europeia.

«O facto de Portugal continuar sob pressão indica que os empréstimos a longo-prazo provenientes do BCE são apenas liquidez e não uma solução», considera Richard McGuire, um economista da Rabobank International, em Londres.

«Enquanto o enfraquecimento da economia for sistémico, e se assistir a esta falta de unidade fiscal, os países vão continuar muito vulneráveis a situações de contágio».
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