Domingues explica troca de SMS com Centeno - TVI

Domingues explica troca de SMS com Centeno

António Domingues

Banqueiro confirma a troca de mensagens com o ministro, o pedido para continuar e a sua disponibilidade nesse sentido desde que houvesse uma solução jurídica. Tudo isto na última semana do ano, quando estava de férias. Não continuou e explica porquê

Passou-se tudo na última semana de 2016, estava António Domingues de férias. O ex-presidente da Caixa Geral de Depósitos confirma que trocou mensagens por telemóvel com o ministro das Finanças, Mário Centeno, que o abordou no sentido de prolongar o mandato por mais alguns dias. Garante que mostrou disponibilidade para continuar. Só que precisava de uma "solução jurídica" que o Governo não chegou a apresentar em tempo útil. E acabou por sair na data que inicialmente indicou: 31 de dezembro.

"Em dezembro tive conversas frequentes com o ministro das Finanças e Paulo Macedo [o próximo líder da CGD] sobre o que para mim são prioridades e como ia implementar já, em termos de orçamento, o primeiro ano de aplicação do plano. Durante este tempo, salvo erro 27 à noite, o ministro das Finanças perguntou-me por SMS se podia falar comigo", contou em resposta aos deputados, na comissão de Orçamento e Finanças, no Parlamento, já na segunda ronda de perguntas e respostas.

Explicou ao ministro que não tinha tido férias no verão e que lhe dava "jeito" gozar uns dias agora no final do ano. Diz que no dia 28 de dezembro Centeno não lhe telefonou, mas no dia 29 sim, a pedir-lhe então para ficar mais uns dias à frente da CGD. O que lhe respondeu?

Não estava a contar com isso, estou fora. Se dá jeito conte com a minha disponibilidade, mas arranje-me uma solução jurídica. Está só a pedir-me a mim, não para o conselho [de administração] prolongar. Se encontrarem solução jurídica capaz…".

No dia a seguir, 30 de dezembro, disse que um colega seu lhe enviou um SMS a perguntar o que se passava, se ia continuar.  "Para meu espanto essa notícia tinha aparecido sem os meus advogados terem sido contactados".

O Ministério não apresentou soluções. À noite sou confrontado com um e-mail e respondi 'não vejo como posso materializar a minha disponibilidade".

Passa-se o fim de ano e chega a segunda-feira, 2 de janeiro, vê a notícias da SMS nos jornais. Aí enviou também uma mensagem a Centeno a dizer "tenha paciência, o que está a ser transmitido não é o que se passou". 

Já no final da audição respondeu a Mário Centeno, que hoje disse, em entrevista ao DN e à TSF, que "a tentativa de generalizar SMS como se fosse o Facebook não funciona". "Não foi Facebook, foi mesmo SMS", sublinhou António Domingues.

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