Acionista da TAP quer usar já o Montijo para estacionar aviões - TVI

Acionista da TAP quer usar já o Montijo para estacionar aviões

  • Redação
  • VC - Atualizada às 17:50
  • 17 nov 2016, 14:46
Humberto Pedrosa e David Neeleman

David Neeleman diz que a base aérea será útil nesse sentido, como espaço temporário, e é preciso que comece a funcionar como aeroporto no verão de 2018. E assume que tem feito "muita pressão" para que o projeto avance

O acionista da TAP David Neeleman voltou a reclamar a necessidade de se avançar com um aeroporto no Montijo para que a TAP possa crescer. Defendeu mesmo que a base aérea comece a ser usada entretanto como espaço temporário, nomeadamente para estacionar aeronaves, e que é preciso que esteja a funcionar como aeroporto no verão de 2018.

[Tenho feito] muita pressão para que a Força Aérea, o Governo e a ANA [Aeroportos de Portugal] se sentem à mesa e resolvam tudo isso. Tem que se montar alguma coisa temporária lá para que possamos abrir - não este verão - no verão que vem [2018 já o aeroporto do Montijo]".

Neeleman refere-se aos constrangimentos ao crescimento da TAP pela falta de espaço em Lisboa. "Temos muitas aeronaves estacionadas em Lisboa que podem ser mudadas para lá. Tem espaço. Não é somente usar a pista", disse aos jornalistas, à margem de um congresso em Ponta Delgada, nos Açores.

Quando questionado se a TAP pretendia usar o Montijo para estacionar aviões, o responsável disse estar "a falar da Eurotlantic".

Tem muitas aeronaves lá estacionadas. Se quer estacionar mais do que um dia tem que talvez mudar para o Montijo. Não se pode usar espaço [para estacionar] que está sendo usado pelas empresas que estão a trazer pessoas [turistas] para Portugal. Ninguém quer isso. Devem-se mudar as aeronaves que não estão a ser usadas e deixar-se o aeroporto para quem o está a usar para trazer pessoas".

Depois, perante uma plateia repleta de hoteleiros, David Neeleman voltou a lembrar que 80% dos turistas que chegam a Portugal vêm por meio aéreo e não se pode estar a abrir hotéis - como previsto já - e ter "um aeroporto fechado". O setor aplaudiu, segundo a Lusa.

E as low-cost? "Quem quer crescer vai ter de ir"

Já sobre a possibilidade de as companhias low-cost (de baixo custo) virem a recusar mudar-se para o Montijo, nomeadamente em rotas que concorrem com a TAP, se a sua companhia não for também, o responsável ressalvou que quem "quer crescer vai ter que ir para lá".

Pode-se dizer que não se quer ir para lá, mas para crescer só assim. Penso que a Ryanair não tem problemas com um aeroporto secundário. Não sei da easyJet, mas a Ryanair vai. O Montijo é um local bom, é perto de Lisboa".

Já em 10 de novembro, por ocasião da Web Summit, em Lisboa, o acionista da TAP tinha reclamado da falta de espaço no aeroporto de Lisboa, condicionando o crescimento da transportadora, e apelou ao Governo para resolver rapidamente o problema, sugerindo transferir as low cost para o Montijo.

Não podemos crescer se nos dizem que está limitado, temos de abrir outro aeroporto. O Montijo está lá, não podemos esperar três anos para que isso aconteça, as low cost podem ir para lá e nós ficamos aqui [no aeroporto Humberto Delgado], mas tem de acontecer mais rápido do que está a ser feito".

Lembrou ainda que "o país precisa de desenvolvimento económico através do turismo, que representa 10 a 15% do PIB.

David Neeleman sublinhou que quer abrir mais rotas, "voltar para Toronto e para Montreal (Canadá)", chegar a mais cidades secundárias nos Estados Unidos, no nordeste do Brasil e em África.

O objetivo da companhia aérea ter 70 voos semanais para os EUA nos próximos três anos, o que significa mais do que triplicar as atuais 23 ligações por semana. "As ilhas dos Açores têm e vão ter muito interesse para as pessoas dos Estados Unidos da América (EUA)", justificou Neeleman, explicando que lá "ninguém conhece Portugal", daí os Açores terem "muito espaço para crescer". 

Regulador recebe documentos esta semana

O acionista da TAP garantiu ainda à Lusa que o consórcio vai enviar esta semana a documentação que a Autoridade Nacional de Aviação Civil, o regulador, pediu à empresa para identificar informação confidencial antes de emitir o parecer sobre a privatização.

A ANAC já tem tudo o que nos pediu. Está sempre a pedir-nos coisas, mas sim - se não respondemos já - sei que vamos responder ainda esta semana".

No dia 28 de outubro, a ANAC confirmou que pediu à TAP para identificar informações de natureza sensível antes de emitir parecer sobre a venda da companhia aérea ao consórcio Atlantic Gateway.

"A ANAC informa que foi solicitado à TAP, SGPS, SA, que comunicasse a esta autoridade, no prazo de 15 dias úteis, a contar da notificação feita na presente data, quais as informações de natureza confidencial e não confidencial constantes da notificação e posteriores requerimentos", como prevê a lei que regula o acesso aos documentos administrativos, disse, na altura, fonte oficial da ANAC à Lusa, confirmando uma notícia avançada pelo Jornal de Negócios.

Este parecer para o qual a ANAC pede esta clarificação, de modo a “salvaguardar o segredo do negócio”, diz ainda respeito à venda de 61% da TAP em 2015 ao consórcio de Humberto Pedrosa e David Neeleman (Atlantic Gateway).

No entanto, agora está em curso outro processo que reverte parcialmente o negócio, depois do acordo de compra e venda de ações da TAP assinado entre o consórcio e o Governo de António Costa e que permite ao Estado ficar com 50% da transportadora aérea.

Neste modelo, o consórcio Atlantic Gateway fica com 45% da TAP, podendo chegar aos 50% com a aquisição de 5% do capital que será entretanto colocado à disposição dos trabalhadores.

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