Greve na Portway: 20 voos cancelados no Porto, diz sindicato - TVI

Greve na Portway: 20 voos cancelados no Porto, diz sindicato

  • MM
  • 12 jan 2020, 19:40
Portway (Lusa)

Protesto deve afetar cerca de 3.800 passageiros. São também números do sindicato

Os trabalhadores da empresa de handling Portway iniciaram, este domingo, às 16:00, uma greve no aeroporto do Porto, que deverá cancelar 20 voos, disse à Lusa fonte do Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Aviação Civil (SINTAC).

Em declarações à Lusa, Fernando Simões, do SINTAC, avançou que os trabalhadores de handling (assistência em terra nos aeroportos) da Portway no Porto estão em greve desde as 16:00 de hoje, à semelhança do que aconteceu entre 27 e 29 de dezembro passado.

Os trabalhadores decidiram, num ato inesperado, e com grande surpresa para nós, fechar as operações desde as 16:00, pelo que são cancelados os 20 voos programados para hoje”, disse Fernando Simões, acrescentando que a gare do aeroporto do Porto se encontra “totalmente lotada com passageiros a querer saber mais informações”.

Segundo o sindicalista, serão afetados cerca de 3.800 passageiros.

A Lusa consultou a página online do Aeroporto Francisco Sá Carneiro e constatou, pelas 16:45, que se encontravam já cancelados nove voos, com destino a Paris, Luxemburgo, Dusseldorf, Madeira, Basileia, Genebra e Londres.

Os trabalhadores da Portway estão em greve sobretudo pela falta de progressão das carreiras e por a empresa não ter chegado a acordo na reunião que teve, juntamente com os sindicatos, na semana passada no Ministério do Trabalho.

A reunião foi muito rápida porque a empresa chegou e quis revogar o acordo de empresa. Não quer negociar a progressão nas carreiras nem negociar”, disse o sindicalista, acrescentando que a Portway se sentiu “incomodada” por a reunião decorrer no Ministério do Trabalho, “onde há atas que referem a verdade dos acontecimentos”.

Segundo o sindicalista, a empresa, durante a reunião, demonstrou “um total desrespeito por todos ao vir dizer que tem de ser um acordo novo e que quem não o aceita não é bem vindo”.

De acordo com Fernando Simões, a Portway “ameaçou os trabalhadores que se fizessem greve iam ser despedidos”.

Em 20 de dezembro transato, o SINTAC anunciou um pré-aviso de greve na Portway para os dias 27, 28 e 29 de dezembro nos aeroportos de Lisboa, Porto, Faro e Funchal e para o trabalho aos fins de semana, entre 01 de janeiro e 31 de março.

Na altura do pré-aviso de greve, o SINTAC, em comunicado, indicou que decidiu avançar para a greve, porque a empresa, "através dos seus administradores pertencentes ao grupo Vinci, “não cumpriu o devido descongelamento de carreiras no passado mês de novembro conforme tinha assinado em 2016".

A Portway é a empresa de “handling” (assistência em terra) da ANA – Aeroportos de Portugal, dona dos aeroportos nacionais que foi privatizada e ficou nas mãos do grupo Vinci.

Entretanto, em comunicado hoje divulgado, a Portway revela que o SINTAC “inviabilizou uma solução de diálogo” proposta pela empresa, no passado dia 08 de janeiro.

Esta proposta, para retomar o diálogo construtivo interrompido em novembro pelo SINTAC, constituía um compromisso da empresa para a obtenção de consenso global com as estruturas sindicais no mais curto período de tempo. Este compromisso foi recusado pelo SINTAC. Este sindicato decidiu dar seguimento à greve e inviabilizar uma solução de diálogo”, pode ler-se no documento.

No comunicado, a Portway reafirma a sua postura “construtiva e socialmente responsável”, recordando que, em março de 2016, para evitar o despedimento coletivo, após decisão de montagem de operação de “self-handling” por parte de um importante cliente, “a empresa negociou um Acordo de Empresa (AE), introdução de regras de flexibilidade na organização do trabalho e congelamento da progressão dos salários e carreiras”.

A empresa refere também que em novembro passado fez “a atualização de tabelas, carreiras, anuidades e restantes condições remuneratórias”, conforme previsto no AE, “representando um aumento médio global de remunerações de cerca de 8%”.

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