Aeroportos de Faro e Lisboa já usam reservas de emergência de combustível - TVI

Aeroportos de Faro e Lisboa já usam reservas de emergência de combustível

Greve dos motoristas de matérias perigosas está a ter várias consequências. Já há, inclusive, voos cancelados. ANA deixa conselhos aos passageiros. ANAREC diz que "ainda não há rutura de stock, mas para lá caminhamos". Combustíveis podem ir esgotando em postos de várias marcas para o consumidor comum

As reservas de emergência de combustível já foram atingidas no aeroporto de Faro e de Lisboa, havendo pelo menos dois voos cancelados até perto das 13:15, um cada um destes aeroportos. As consequências desta greve também estão a traduzir-se em maiores filas de veículos para abastecer nos postos de combustível, em ambas as cidades. 

Por volta do meio-dia, a ANA- Aeroportos de Portugal admitia já "disrupções de serviço" que, de facto, se têm vindo a verificar:

Não tendo sido assegurados os serviços mínimos, e em função do tempo necessário para a requisição civil ter efeitos práticos, os nossos aeroportos podem ter disrupções de serviço ao nível operacional. [A ANA] está a acompanhar a situação em permanência. No Aeroporto de Faro já foram atingidas as reservas de emergência, estando o fornecimento de combustível suspenso, pelas empresas petrolíferas, desde ontem [segunda-feira] à noite".

O Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, ficou sem abastecimento de combustível às 12:00, disse fonte oficial da ANA - Aeroportos de Lisboa, aqui citada pela Lusa. No Aeroporto de Faro aconteceu ainda antes dessa hora, pelo que confirmou a TVI.

Em declarações à agência Lusa ao início da manhã de hoje, Francisco São Bento, do Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) em greve, já tinha advertido para o cenário de, ao início da tarde, os aeroportos de Lisboa e Faro ficarem sem combustível.

Segundo os dados do sindicato, ao início da manhã cerca de 40% a 50% dos postos e abastecimento já estavam sem combustível.

A ANAREC- Associação Nacional de Revendedores de Combustíveis dizia à TVI pelas 13:00 que "ainda não há rutura de stock, mas para lá caminhamos".

Combustível pode esgotar nas bombas

Entretanto, a Prio prevê que até ao final do dia de hoje quase metade dos seus postos esgotem os seus depósitos de gasóleo ou gasolina, e que o mesmo possa acontecer nos das restantes marcas na quinta-feira.

Será este o cenário pascal, que poderá ser agravado se o sindicato dos motoristas não aconselhar os seus associados a acatar a requisição civil hoje decretada pelo Governo para cumprir os serviços mínimos no que respeita ao abastecimento de postos", lê-se em comunicado.

A Prio tem hoje cerca de 50 milhões de litros de combustível armazenados no seu parque de tanques em Aveiro, mas encontra-se impossibilitada de transportar este produto para os seus postos onde, como é prática corrente no setor, a capacidade de armazenamento do produto está limitada a poucos dias de vendas.

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Conselhos aos passageiros

A ANA aconselha os passageiros com voos nos aeroportos de Lisboa e Faro a informarem-se junto das companhias aéreas sobre os seus voos, lamentando "o transtorno causado aos passageiros" e esperando que "a situação seja resolvida com a máxima urgência pelas autoridades competentes".

Sindicato espera reunir-se ainda hoje com ministro

O sindicato que decretou a greve dos motoristas de matérias perigosas (SNMMP) aguarda por uma reunião com o ministro das Infraestruturas e Planeamento, Pedro Nuno Santos, durante esta tarde, depois de uma conversa "informal" com o governante.

A informação foi divulgada à agência Lusa pelo vice-presidente e advogado do sindicato, Pedro Henriques, que disse aguardar "durante a tarde" pela marcação da reunião com o ministro, depois de ter tido uma conversa "informal" com o governante sobre a paralisação.

Pedro Henriques espera que haja condições para "chegar a um consenso", mas avisa que o sindicato não tem intenção de terminar a greve e simplesmente "passar por cima" da situação.

A portaria

Entretanto, a portaria que efetiva a requisição civil dos motoristas de matérias perigosas em greve já foi publicada em Diário da República: “[…] decreta-se, com efeito imediato, a requisição civil dos motoristas aderentes à greve nas empresas em que se encontra comprovado o incumprimento dos serviços mínimos”, refere a portaria hoje publicada, assinada pelo ministro do Ambiente e da Transição Energética, João Matos Fernandes.

A portaria refere ainda que, nos dias 16, 17 e 18 (entre hoje e quinta-feira), “os trabalhadores motoristas a requisitar devem corresponder aos que se disponibilizem para assegurar funções em serviços mínimos e, na sua ausência ou insuficiência, os que constem da escala de serviço”.

A requisição civil produz efeitos até ao dia 15 de maio.

CDS quer audição urgente do ministro

Entretanto, o deputado do CDS-PP Pedro Mota Soares anunciou um requerimento para audição urgente do ministro do Ambiente e Transição Energética no parlamento sobre esta greve.

A paralisação nacional dos motoristas de matérias perigosas, que começou às 00:00 de segunda-feira, foi convocada pelo Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP), por tempo indeterminado, para reivindicar o reconhecimento da categoria profissional específica, tendo sido impugnados os serviços mínimos definidos pelo Governo.

Governo apela para que motoristas em greve cumpram serviços mínimos 

O ministro da Economia deu uma conferência de imprensa esta tarde e disse que, até ao momento, não há notícias de perturbação nos aeroportos por causa da greve dos motoristas, mas alertou que a situação pode mudar "nas próximas horas" caso não sejam cumpridos os serviços mínimos.

Neste momento, não temos notícia de perturbação em nenhum dos aeroportos nacionais. Houve um cancelamento de um voo em Faro e de um voo em Lisboa exclusivamente por questões de gestão de rotas, mas não quero esconder que, se não for retomado o abastecimento nas próximas horas, podemos vir a ter perturbações das operações aéreas", afirmou Siza Vieira numa conferência de imprensa realizada no Ministério da Administração Interna, em Lisboa.

O ministro da Economia, Siza Vieira, apelou aos motoristas de mercadorias perigosas que estão em greve para que cumpram os serviços mínimos decretados no âmbito da requisição civil.

Queria apelar mais uma vez aos motoristas para que, no exercício do seu direito de greve, não deixem de cumprir a lei e a requisição civil no âmbito dos serviços mínimos que foram determinados", disse Siza Vieira.

O ministro da Economia afirmou ter "razões para acreditar" que as empresas de transporte e o Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) irão conseguir "chegar a um entendimento", apelando para que o diálogo seja retomado entre as duas partes.

Trata-se de um conflito entre entidades privadas, as empresas de transportes, e um sindicato, a que o Governo é alheio, mas em qualquer caso gostávamos de fazer um apelo a que o diálogo se possa retomar e, sobretudo, que os serviços mínimos possam ser respeitados", considerou Siza Vieira.

A TAP já elaborou um plano de contingência para limitar ao máximo o impacto da greve dos motoristas de matérias perigosas e espera que a "situação se resolva com a maior celeridade possível".

A empresas de transportes rodoviários também estão “já nos limites” devido à falta de combustível motivada pela greve, disse à agência Lusa o presidente da Associação Nacional de Transportadores Rodoviários de Pesados de Passageiros (ANTROP).

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