CGTP acusa FMI de desrespeito pelo povo português - TVI

CGTP acusa FMI de desrespeito pelo povo português

Arménio Carlos (LUSA)

Arménio Carlos fala em cinismo e hipocrisia

O secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, acusou esta sexta-feira o FMI de cinismo, hipocrisia e desrespeito pelo português, com o alerta de que a austeridade se pode tornar «política e socialmente insustentável».

«Estamos perante uma declaração cínica, cínica mesmo, e de profundo desrespeito para com o povo português», disse à Lusa Arménio Carlos.

O dirigente sindical acusou o FMI de, ao mesmo tempo que «assume publicamente que a austeridade vai condenar os países a uma situação ainda mais insustentável», dar «indicações ao seu representante que está na troika em Portugal para continuar a exigir a redução dos salários, a revisão ainda para pior da legislação laboral, continuar a exigir a redução da despesa social».

«Estamos perante uma enormíssima hipocrisia, um enormíssimo cinismo», acusou.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou quinta feira que os programas de austeridade nas economias europeias com mais dificuldades podem ter limites políticos, à medida que aumenta a resistência na Grécia e em Portugal aos termos dos seus resgates financeiros.

Numa nota divulgada em Washington, sobre o encontro de 4 e 5 de novembro com o G20 no México, o FMI considera que as condições financeiras na zona euro «continuam frágeis» e que há riscos de que os países que pediram apoio não consigam cumprir as reformas de ajustamento exigidas.

A instituição liderada por Christine Lagarde entende a austeridade «pode tornar-se política e socialmente insustentável nos países periféricos, uma vez que as reformas estruturais e orçamentais vão ainda levar anos para se concluírem».

«FMI é uma sigla de uma entidade que, onde entra, só deixa terra queimada. Pura e simplesmente, aumenta a pobreza, as desigualdades, a exclusão social, a exploração dos povos e dos países», disse Arménio Carlos, apontando os exemplos da América Latina e da Ásia.

O sindicalista alargou as críticas aos outros membros da troika (Banco Central Europeu e Comissão Europeia (CE), para vincar que a CE «devia ter vergonha do que se está a passar na Europa e, particularmente, do que está a fazer em Portugal».

«Não é só empobrecer, é colonizar-nos financeiramente, tornar-nos prisioneiros dentro do nosso país, não nos deixa crescer, trabalhar, criar emprego, dinamizar a economia», acusou.

Para Arménio Carlos, a troika «não está a ajudar Portugal, mas sim a enterrar Portugal».
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