Limitação da capacidade é o “grande constrangimento” para reabertura de restaurantes e hotéis - TVI

Limitação da capacidade é o “grande constrangimento” para reabertura de restaurantes e hotéis

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  • Publicada por ALM
  • 15 mai 2020, 13:34

Uso de máscaras é obrigatório para funcionários e clientes, mas a medida não se aplica aos trabalhadores nas zonas de calor, como as cozinhas, onde o uso não é obrigatório

A secretária-geral da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) afirma que cerca de 20% dos estabelecimentos já avisou que não terá condições para abrir na segunda-feira, sendo o "grande constrangimento" a limitação da capacidade a 50%.

"O grande constrangimento e o ponto mais crítico tem que ver com a limitação da capacidade a 50%", disse Ana Jacinto hoje durante um 'webinar' organizado pela AHRESP para apresentação de um guia de boas práticas para o setor, que contou com a presença do secretário de Estado do Comércio, Serviços e Defesa do Consumidor, João Torres.

Os empresários esperam pelo decreto regulamentar do Governo para saber, em definitivo, as restrições que terão na abertura dos seus estabelecimentos, depois das orientações emitidas pela Direção Geral da Saúde (DGS) para o setor.

"[A redução para 50%] é um ponto muito crítico que nós desejaríamos que assim não fosse porque efetivamente compromete a rentabilidade do espaço e compromete a abertura de muitos estabelecimentos que desejariam abrir e não vão ter condições", disse a responsável, lembrando que "há muitos anos" que o setor convive com normas de higiene e segurança "muito apertadas".

De acordo com o último inquérito feito aos seus associados, 20% das empresas avisou a AHRESP que não tinham condições para abrir com limitação de capacidade a 50%, o que Ana Jacinto considera "extremamente preocupante".

Dos que vão abrir, continuou, apenas uma parte dos trabalhadores vai voltar, pelo que se mantém a necessidade de o Governo apoiar a manutenção destes postos de trabalho e dos apoios ao setor, nomeadamente dando continuidade ao lay-off simplificado.

Na sessão, o secretário de Estado João Torres reconheceu que no atual contexto, em que é necessário dar confiança aos empresários e aos consumidores, o setor da restauração e similares “precisa de uma especial atenção e especial foco por parte do Governo e das autoridades públicas para que a retoma decorra da forma desejada”.

“É expectável que os estabelecimentos de restauração possam reabrir no próximo dia 18 com regras específicas”, disse o governante, enquanto se aguarda pela avaliação do Governo sobre a calendarização da abertura das atividades.

João Torres lembrou também que se trata de um setor “especialmente cumpridor” no que diz respeito às regras de higiene e sanitárias.

“Estaremos coletivamente à altura de ultrapassar esta crise, cumprindo as disposições, de forma a conseguirmos assegurar os postos de trabalho neste setor que emprega sensivelmente 240 mil pessoas, a que se somarão muitas famílias, e que representa um valor aproximado de 75 mil empresas no nosso país”, disse.

Na sessão, a maioria das questões apresentadas pelos participantes estava sobretudo relacionada com os horários de funcionamento dos estabelecimentos e as distâncias entre clientes.

Os responsáveis da AHRESP destacaram que é necessário, antes de mais, que os empresários consigam distinguir aquilo que será obrigatório cumprir ou que será proibido, daquilo que é aconselhado ou indicativo e que terá que ser adaptado à realidade de cada estabelecimento.

“Vai ter que haver alguma reflexão por parte dos empresários em relação aos seus espaços, de forma a que sejam cumpridas as regras sem pôr em causa a viabilidade do seu funcionamento”, disse a responsável, referindo que o uso de esplanadas e espaços exteriores deve ser incentivado.

Sobre o distanciamento, Ana Jacinto esclareceu que a distância de dois metros entre mesas não é obrigatória, mas sim “para respeitar sempre que possível”, da mesma forma que “é possível ter clientes de pé ou ao balcão, desde que o distanciamento social seja respeitado”.

O distanciamento não será necessário no caso de se tratarem de pessoas que convivem na mesma casa e neste ponto terá que haver “muito bom senso e equilíbrio” por parte dos cidadãos que frequentam os estabelecimentos, disse.

A proibição de entrada nos estabelecimentos depois das 23:00 também não será impeditiva de que os clientes possam permanecer no interior e terminar tranquilamente as suas refeições após essa hora, disse.

A responsável desaconselhou ainda o investimento em acrílicos para a divisão de mesas, uma vez que estes serão mais uma superfície a desinfetar e porque não reduzem a necessidade do distanciamento obrigatório.

O uso de máscaras é obrigatório para funcionários e clientes, mas a medida não se aplica aos trabalhadores nas zonas de calor, como as cozinhas, onde o uso não é obrigatório.

As viseiras não são obrigatórias e não poderão substituir as máscaras utilizadas pelos trabalhadores.

O vice-presidente da AHRESP, Carlos Moura, sinalizou no debate a importância da articulação das autoridades de segurança e fiscalização (ASAE) com a DGS, “para que não sejam criados mais problemas aos empresários”.

“Não pode haver atuações contraditórias nas ações inspetivas das diferentes autoridades policiais e de fiscalização”, disse o responsável.

Carlos Moura sinalizou ainda a necessidade de o Governo calendarizar, com a máxima urgência, a abertura dos estabelecimentos de animação noturna, áreas de restauração nos centros comerciais, espaços dedicados a eventos e parques de campismo.

 

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