Portugal precisará de mais financiamento quando acabar o atual plano de salvamento, e vai consegui-lo graças à «boa vontade» que Lisboa granjeou, disse em entrevista à Lusa o líder europeu da Eurasia, a maior consultora mundial de risco político.
«Haverá a necessidade de financiamento adicional, e esse financiamento adicional vai aparecer. Essa é a nossa análise. Mas penso que há muito boa vontade em relação a Portugal, quer em Bruxelas quer em Washington», disse Wolfango Piccoli, diretor para a Europa do Grupo Eurasia, presente em Nova Iorque, Washington, Londres e Tóquio.
Para Piccoli, a necessidade de reforçar o financiamento português em 2013, quando Portugal deveria voltar aos mercados, não implica a inevitabilidade de mais medidas de austeridade sobre os portugueses.
«Por agora, um novo pacote ou um financiamento relacionado com o pacote existente não implica necessariamente mais austeridade. Só significa, neste momento, que há a vontade, em Bruxelas, de apoiar Portugal no futuro próximo», referiu.
«Novas medidas de austeridade dependem muito do que vai acontecer até 2013 (¿) obviamente, de quanto a economia vai contrair este ano e no próximo», acrescentou.
Lembrando que Portugal assegurou financiamento até 2013, Wolfango Piccoli desvalorizou também as variações nas taxas de rentabilidade que os investidores no mercado secundário exigem para deter dívida portuguesa e que, segundo deputados alemães, terá estado na lista de preocupações da chanceler alemã Ângela Merkel na passada semana.
«O que acontece ao ¿spread¿ [entre os títulos de dívida de Portugal e da Alemanha] não interessa, na verdade. Porque Portugal está financiado até setembro de 2013 e aí será a fase crítica, quando o país terá de voltar aos mercados de dívida de longo prazo, para pagar uma linha de financiamento de 9,7 mil milhões de euros. A nossa opinião é que Portugal vai receber, nessa altura, um novo financiamento», disse o responsável da Eurasia.
Piccoli elogiou também o trabalho de equilíbrio das contas públicas que Portugal está a fazer, e disse que esse será o ativo mais valiosos de Lisboa quando o país precisar de mais financiamento.
«Portugal fez progressos significativos desde o início do programa. Bruxelas e Washington olham para Portugal de forma razoavelmente positiva», referiu.
«Portugal vai precisar de financiamento adicional»
- Redação
- LF
- 12 mar 2012, 17:00
«Há muito boa vontade em relação a Portugal, quer em Bruxelas quer em Washington», diretor para a Europa do Grupo Eurasia
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