Sonangol envia auditoria à gestão de Isabel dos Santos para a justiça - TVI

Sonangol envia auditoria à gestão de Isabel dos Santos para a justiça

  • AG
  • 20 jan 2020, 17:52

Consultora KPMG foi a responsável pela auditoria

A auditoria pedida pela Sonangol à gestão de Isabel dos Santos já está concluída e os dados foram enviados para a Procuradoria Geral da República (PGR) de Angola e Inspeção-Geral da Administração do Estado (IGAE), indicou fonte da petrolífera.

A consultora internacional KPMG foi contratada em fevereiro de 2018 para verificar as contas da filha do ex-presidente José Eduardo dos Santos, que presidiu ao Conselho de Administração da petrolífera estatal angolana entre junho de 2016 e novembro de 2017, até ser exonerada pelo Presidente da República, João Lourenço.

A auditoria está concluída e os resultados foram submetidos às entidades competentes”, entre as quais o Ministério das Finanças e o Ministério dos Recursos Mineiras e Petróleo, além da IGAE e da PGR, adiantou a mesma fonte, escusando-se a revelar as conclusões.

A Sonangol trabalha atualmente com um total de cerca de 50 consultores distribuídos por várias equipas.

A empresa está a implementar um Programa de Regeneração que visa recolocar o foco nas atividades petrolíferas: prospeção, pesquisa e produção de petróleo bruto e gás natural, refinação, liquefação de gás natural, transporte, armazenagem, distribuição e comercialização de produtos derivados.

A KPMG foi escolhida em fevereiro de 2018 para auditar as contas da Sonangol, depois de preterida a consultora PriceWaterhouseCoopers (PwC), escolhida pela anterior administração.

De acordo com um despacho presidencial que justificou na altura o negócio, a decisão deveu-se à identificação de uma “situação superveniente de conflito de interesse”, o que obrigou a Sonangol a “cancelar a adjudicação do contrato de prestação de serviços de auditoria ao auditor que inicialmente estava previsto para a contratação”.

O mesmo despacho refere que existe a "necessidade urgente" de se contratar um novo auditor para o grupo, autorizando assim a adoção de um procedimento de contratação simplificada "pelo critério material", visando especificamente os serviços de auditoria às demonstrações financeiras individuais e consolidadas, da Sonangol e subsidiárias, para os exercícios económicos de 2017, 2018 e 2019.

Em dezembro de 2017, um mês depois da saída de Isabel dos Santos, que foi substituída no cargo por Carlos Saturnino, a Sonangol declinou assinar o contrato com a consultora PwC, para auditoria externa da petrolífera, que tinha sido anunciado a 1 de novembro por Isabel do Santos, alegando "conflito de interesses".

A Sonangol referiu, na altura, que aquela empresa "tinha já sido contratada como consultora do processo de transformação", em 2016, pelo que "a adjudicação do mesmo à PwC, conformou um quadro de conflito de interesses".

A PwC já tinha auditado as contas da Sonangol em 2016, validando-as, mas “com reservas", nomeadamente na natureza e circunstância das "transações de diversas naturezas" que a petrolífera mantém com o Estado angolano, sobre a recuperabilidade de investimentos realizados anteriormente e também pela alteração da política contabilística do grupo.

A consultora confirmou ter cessado os contratos de serviços a empresas controladas pela empresária angolana, na sequência da publicação de notícias que revelam transações suspeitas e esquemas alegadamente fraudulentos.

Nós esforçamo-nos para manter os mais altos padrões profissionais na PwC e estabelecemos expetativas de comportamento ético consistente por todas as empresas da PwC na nossa rede global. Em resposta às alegações muito sérias e preocupantes levantadas, iniciámos imediatamente uma investigação e estamos a trabalhar para avaliar minuciosamente os factos e concluir a nossa investigação", comentou, num comunicado enviado à agência Lusa.

A mesma nota acrescenta que tomou "medidas para encerrar qualquer trabalho em curso para entidades controladas por membros da família dos Santos".

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