Costa promove na China o alargamento dos vistos Gold - TVI

Costa promove na China o alargamento dos vistos Gold

Primeiro-ministro apelou ainda aos líderes de alguns dos maiores grupos económicos chineses para entrarem num novo patamar de investimento em Portugal

O primeiro-ministro destacou este sábado a política do Governo português de alargar o programa de 'vistos gold' a novas áreas de investimento e o plano de criar um novo consulado em Cantão para cobrir o sul da China.

António Costa falava perante empresários chineses, durante a abertura de uma conferência promovida pelo Clube de Investidores da China, em Pequim.

Logo na parte inicial da sua intervenção, o primeiro-ministro abordou a atribuição (a estrangeiros não europeus) de residência em território nacional, mais conhecida por 'vistos gold', que foi iniciada pelo executivo PSD/CDS-PP.

Como sabem, temos uma política de atribuição de residência que favorece a atração de investimento. Temos um programa de 'vistos gold', que primeiro foi muito centrado em investimentos no setor do imobiliário, mas que agora está aberto para ser concedido a investimentos em outros setores da economia", declarou o líder do executivo português.

António Costa disse então que o objetivo do Governo com essa mudança "é permitir uma maior diversificação dos investimentos em Portugal".

"Para facilitar esta política, vamos abrir um novo consulado em Cantão, de forma a podermos servir melhor toda a população do sul da China", adiantou o primeiro-ministro, num discurso em que também fez alusão ao facto de estar prevista uma ligação área direta entre Lisboa e a China a partir de junho próximo.

O turismo é uma área com grande potencial, com Portugal a crescer a uma média de 10 por cento. Mas o crescimento de turistas chineses é ainda superior a essa média", disse, antes de se referir igualmente "às potencialidades" dos setores agroalimentar e das indústrias automóvel e aeronáutica.

Na sua intervenção, António Costa abordou ainda a existência de "um cada vez maior número de chineses a aprender português" e de haver 30 instituições universitárias da China que ensinam a língua portuguesa.

Os países de língua oficial portuguesa não se resumem a Portugal, são nove países, desde o Brasil a Timor-Leste. Toda esta comunidade lusófona é uma área muito importante e em franco desenvolvimento", acrescentou o primeiro-ministro, destacando neste ponto o papel de Macau como plataforma de aproximação da China a este grupo de países.

O primeiro-ministro apelou ainda aos líderes de alguns dos maiores grupos económicos chineses para entrarem num novo patamar de investimento em Portugal, criando agora "novos ativos", e destacou as potencialidades estratégicas do porto de Sines.

No pequeno-almoço onde falou António Costa estiveram presentes vários empresários chineses, entre os quais se encontravam praticamente todos os que já realizaram elevados investimentos em Portugal, como os líderes da Fosun (Guo Guangchang), da China Three Gorges (Lu Chun), da State Grid (Yang Qing), da Haitong (Qu Qiuping) e do Bank of China (Tian Guoli).

Na mesa do encontro encontravam-se ainda representantes de potenciais investidores chineses em Portugal, como o vice-presidente da Huawei Qu Wenchu, e do 'chairman' do HNA Tourism, Zhang Ling, assim como alguns dos principais gestores portugueses de aquisições chinesas em Portugal, casos do presidente executivo da EDP, António Mexia, e do administrador do Haitong Bank José Maria Ricciardi.

No discurso de abertura da reunião, que foi aberto aos jornalistas, o primeiro-ministro português dedicou precisamente as suas últimas palavras aos gestores portugueses: "Vejo aqui à volta desta mesa vários portugueses, o que quer dizer que os empresários chineses encontraram no meu país excelentes quadros para garantir os seus investimentos", disse.

Perante os empresários chineses, a intervenção de António Costa teve como objetivo defender que "há um novo patamar" na cooperação, "com a criação de novos ativos no país, ou a partir de Portugal para terceiros países".

Há novas áreas que justificam uma parceria económica entre os dois países", acentuou António Costa, numa alusão ao facto de os investimentos chineses até agora realizados em Portugal se terem limitado à aquisição de ativos empresariais.

Entre as novas áreas de cooperação, o primeiro-ministro disse que Portugal está interessado em corresponder ao "grandes projetos" do Presidente chinês, Xi Jinping, ao nível da interconexão internacional da energia e no sentido de criar uma rota marítima mundial chinesa.

António Costa destacou então as potencialidades do acordo recentemente celebrado entre Portugal e Marrocos no domínio da energia e a localização "estratégia" do porto de Sines na faixa atlântica para as ligações com África e com o continente americano (sobretudo na sequência do alargamento do canal do Panamá).

Com o ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, ao seu lado, António Costa deixou também uma mensagem política aos empresários chineses: "Os vossos investimentos representaram um sinal de confiança em Portugal e no potencial da economia portuguesa na Europa e ao nível trilateral [com os países lusófonos]".

Mas há novas áreas em que podemos cooperar", insistiu.

António Costa iniciou no sábado uma visita oficial à China que, além de Pequim, o levará também a Xangai e Macau.

A visita acontece numa altura em que o Governo chinês anunciou novas medidas para facilitar o investimento privado, que será incentivado em setores como a saúde, educação, cultura e desporto.

As medidas foram adotadas na reunião do Conselho de Estado (Governo) de sábado, presidida pelo primeiro-ministro Li Keqiang, e de cujas conclusões informa hoje o Diário do Povo, órgão oficial do Partido Comunista chinês.

Segundo o jornal, Li disse que a China tem de simplificar os procedimentos para pôr em marcha novos projetos de investimento.

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