OPA: Conselho Executivo da EDP considera que "há mérito nas intenções estratégicas" - TVI

OPA: Conselho Executivo da EDP considera que "há mérito nas intenções estratégicas"

  • PP
  • 9 jun 2018, 10:01
António Mexia

Num relatório divulgado ao mercado, o Conselho afirma que não dispõe de "elementos suficientemente claros sobre quanto tempo a CTG Europe pretende preservar a identidade portuguesa da EDP e a sua qualidade de sociedade cotada em Lisboa"

O Conselho Executivo da EDP, liderado por António Mexia, considera que "há mérito nas intenções estratégicas" da China Three Gorges (CTG), que "dependem do seu modelo de implementação, o qual não é claro nesta fase", pedindo clarificação.

No relatório hoje divulgado ao mercado, o Conselho de Administração Executivo da elétrica afirma que não dispõe de "elementos suficientemente claros sobre quanto tempo a CTG Europe pretende preservar a identidade portuguesa da EDP e a sua qualidade de sociedade cotada em Lisboa, do modelo societário previsto que garantiria autonomia do centro de decisão e como é que este modelo proporcionaria proteção adequada aos acionistas minoritários, nomeadamente na eventualidade de conflitos de interesse decorrentes da contribuição de ativos".

Entre os méritos reconhecidos na proposta anunciada no passado dia 11 de maio, António Mexia refere a intenção da CTG de "aportar os ativos detidos pela China Three Gorges Corporation na EDP, através de subsidiárias, no Brasil e na União Europeia", a possibilidade de expansão para o mercado eólico 'offshore' (no mar) chinês, o reforço do perfil de crédito da EDP e a intenção de manter uma política de dividendos estável.

"Os méritos das intenções acima descritas dependem do seu modelo de implementação, o qual não é claro nesta fase", lê-se no relatório.

Em 11 de maio passado, a CTG anunciou a intenção de lançar uma OPA voluntária sobre o capital da EDP, oferecendo uma contrapartida de 3,26 euros por cada ação, cujo pedido foi registado junto do regulador, sem alterações ao preço oferecido inicialmente.

O preço oferecido pela CTG é a principal razão pela qual a administração da EDP recomenda aos acionistas que não aceitem esta oferta, por não refletir adequadamente o valor da elétrica, pois o prémio implícito na oferta é baixo, considerando a prática pelas empresas europeias do setor.

"O prémio implícito no preço oferecido encontra-se significativamente abaixo do que é a prática em transações em dinheiro no setor europeu das 'utilities', no mercado ibérico e mais genericamente no mercado europeu, em casos em que o oferente adquire controlo", refere, realçando que está abaixo do oferecido em 2011, quando a CTG adquiriu 21,35% da elétrica.

Esta tomada de posição foi aprovada em reunião do Conselho de Administração Executivo da EDP realizada na quinta-feira, por unanimidade dos membros, e recebeu, na sexta-feira, parecer favorável do Conselho Geral e de Supervisão, órgão liderado por Luís Amado.

Também Conselho de Administração da EDP Renováveis, liderado por Manso Neto, recomendou aos acionistas "não aceitar o preço da oferta" da CTG, por não traduzir o valor da empresa, e considerou que "o calendário proposto subjacente à oferta poderá não corresponder aos melhores interesses dos acionistas da EDP Renováveis e deveria ser clarificado".

A CTG, que já detém 23,27% do capital social da EDP, pretende manter a empresa com sede em Portugal e cotada na bolsa de Lisboa.

Caso a OPA sobre a EDP tenha sucesso, a CTG avançará com uma oferta pública obrigatória sobre 100% do capital social da EDP Renováveis (EDPR) a 7,33 euros por ação.

A EDP controla 82,6% do capital social da EDPR, que tem a sua sede em Madrid.

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