CIP: devíamos reduzir férias para 22 dias - TVI

CIP: devíamos reduzir férias para 22 dias

António Saraiva é a favor da redução do tempo de férias dos actuais 25 para 22 dias em prol da competitividade

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O presidente da Confederação da Indústria Portuguesa (CIP) defende que os trabalhadores portugueses devem ter menos três dias de férias do que agora, porque isso é uma forma de diminuir o custo unitário do trabalho e aumentar a competitividade.

« Advogamos que deveríamos retomar os 22 dias» de férias, em vez dos 25 actuais, disse à Lusa António Saraiva.

«Já quando se decidiu aumentar de 22 para 25 dias úteis premiando aqueles que não faltam considerámos a medida errada porque todos nós temos a obrigação de trabalhar mais e melhor», explicou, criticando que se premeie «uma coisa que deve ser natural, que é a comparência ao trabalho».

O que Merkel defende «é natural»

Para António Saraiva, a posição da chanceler alemã, Angela Merkel - que exige a unificação da idade da reforma e dos períodos de férias na União Europeia e criticou os sistemas vigentes na Grécia, Espanha e Portugal - não constitui surpresa.

«Quando somos obrigados a pedir ajuda externa perdemos alguma da nossa liberdade de acção e é natural que os nossos credores e, desde logo, a Alemanha, venham tentar impor condições diferentes daquelas a que estamos habituados». No entanto, «cada país tem especificidades próprias e instituições próprias».

A União Europeia diz, de resto, que uniformizar a idade da reforma é «impossível» enquanto houver 27 sistemas de pensões diferentes.

Ainda assim, António Saraiva acredita que se devem reduzir as férias a bem da competitividade. «A economia portuguesa tem de se tornar mais competitiva e os custos unitários do trabalho têm que ser melhorados, quer pelo lado da Taxa Social Única, quer pelo tempo de trabalho».

O mix proposto pela CIP

Para António Saraiva, a solução deve passar «por um mix até para não ser necessário compensar com penalizações fiscais para diferenciar positivamente alguns sectores e empresas mais expostos à concorrência internacional».

Angela Merkel também defendeu um adiamento da idade de reforma nos países com maior crise financeira, lembrando que a Alemanha passará gradualmente dos 65 para os 67 anos, entre 2012 e 2029.

Uma posição que o presidente da CIP diz ser «uma velha pretensão da União Europeia», mas que ele critica: «Não posso deixar de lamentar que a UE queira nivelar algumas práticas e regras mas feche os olhos a outras, como é o caso da harmonização fiscal».

«O programa de ajustamento deve ser socialmente repartido de forma equitativa e justa. Não se queira adoptar em Portugal as regras da Alemanha, porque a Alemanha tem taxas de juro de 1% e nós suportamos 9 e 10%».

Certo é que as declarações de Angela Merkel já suscitaram uma série de reacções: a UGT diz que a chanceler alemã é «ignorante» e a CGTP critica a sua posição de «colonialismo puro»; o PCP diz que a Merkel «se esqueceu de comparar salários» e o BE acusa-a de «mesquinhez».
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