Produtores de leite reivindicam aumento do preço em 2017 - TVI

Produtores de leite reivindicam aumento do preço em 2017

Protesto de produtores de leite e carne

Dizem não querer depender de subsídios, mas receber sim um preço justo pelo fruto do seu trabalho. Para além do fim das quotas leiteiras que impunham limites à produção, os produtores continuaram em 2016 a ser penalizados pela retração da procura

A Associação dos Produtores de Leite de Portugal (APROLEP) reivindicou hoje o aumento do preço do leite, afirmando que os produtores não querem depender de subsídios, mas receber um "preço justo" pelo fruto do seu trabalho.

"Falta agora o mais importante: aumentar o preço do leite ao produtor", lê-se num comunicado da APROLEP, no qual a associação lembra os últimos "dois anos com preços baixos" e um 2016 de "esforço brutal de conter a produção e de muitas lutas dos produtores na rua a defender os produtos lácteos portugueses".

É tempo de aumentar o preço do leite à produção e tempo da indústria fazer um esforço para acompanhar a recuperação de preços que se regista nos mercados internacionais desde há meses".

Advogam a "repartição mais justa dos esforços entre distribuição, indústria e produtores", dizendo que "os sacrifícios têm sido para os produtores e os lucros para o resto da cadeia".

O comunicado lembra a este propósito que as ajudas conseguidas em 2016 "foram extraordinárias e dificilmente serão concedidas no futuro", estando desde já prevista a redução das ajudas diretas à produção de leite em 2017 como consequência da reforma da Política Agrícola Comum (PAC) e das opções políticas do atual Governo.

2016 foi um ano muito duro para os produtores de leite em Portugal, com preços extremamente baixos e limites significativos à produção, sendo por isso também um ano de intensa atividade para a nossa associação".

Um ano de "sofrimento, desânimo e desespero vivido por tantas famílias de produtores de leite" que foram obrigados a vender terrenos, animais de recria, atrasar pagamentos aos fornecedores ou endividar-se até ao limite junto de bancos ou familiares. "Será preciso muito tempo, gestão apurada e um preço do leite superior ao atual para recuperar o perdido", diz a APROLEP.

O que mudou e o que ficou na mesma

Para além do fim das quotas leiteiras que impunham limites à produção no espaço comunitário, os produtores de leite continuaram em 2016 a ser penalizados pela retração da procura, ditada pelas novas tendências de consumo, pelo aumento da produção fora da Europa e pelo embargo russo, que dificulta o escoamento dos produtos agrícolas europeus.

Os produtores saíram à rua diversas vezes este ano reclamando o regresso das quotas e contestando as importações e o que consideram ser “práticas comerciais abusivas” por parte da grande distribuição, mas, apesar de o Governo ter lançado um pacote de 17 medidas destinadas a apoiar o setor, o problema dos preços mantém-se.

Também o diretor-geral da Associação Nacional dos Industriais de Laticínios (ANIL), Paulo Costa Leite, já tinha afirmado à Lusa que, “atendendo à situação atual não se perspetivam alterações substanciais", mas admitiu, no entanto, que seria desejável trazer os preços “para patamares de maior razoabilidade”.

Um litro de leite custa em média entre os 42 e os 55 cêntimos, mas a própria indústria admite que é difícil apurar um preço médio, atendendo “ao ritmo e intensidade das promoções”.

O presidente da Federação Nacional das Cooperativas de Leite (FENALAC), Fernando Cardoso, por sua vez, lamentou recentemente à Lusa o ano “muito difícil” e salientou que a distribuição tem “aproveitado muitas vezes a grande oferta de leite existente no mercado para pressionar os preços de forma irracional”.

 

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