Inquérito CGD: Vara pediu para não ser ouvido por estar preso e não conseguir preparar-se - TVI

Inquérito CGD: Vara pediu para não ser ouvido por estar preso e não conseguir preparar-se

  • CE
  • 7 jun 2019, 18:55
Armando Vara (LUSA)

O advogado de Vara, Tiago Rodrigues Bastos, dirigiu uma carta à Comissão Parlamentar de Inquérito à recapitalização e gestão do banco público na qual pediu a escusa do ex-banqueiro. O pedido vai agora ser analisado pelos deputados que compõem a Comissão

Armando Vara, ex-administrador da Caixa Geral de Depósitos (CGD), pediu para não ser ouvido na segunda Comissão Parlamentar de Inquérito à recapitalização e gestão do banco público entre 2000 e 2015. O ex-ministro socialista alegou que já foi ouvido uma vez no Parlamento – em março de 2017 - e, para além disso, se encontra preso e por isso não consegue preparar-se devidamente para a audição, devido à impossibilidade de aceder a informação. A notícia foi avançada pelo Observador e, entretanto, confirmada pela TVI.   

Não pode o exponente deixar de invocar a situação em que se encontra, a qual é do conhecimento público, e de que resulta a sua impossibilidade de acesso a qualquer tipo de informação desde há cinco meses", pode ler-se na carta a que a Lusa teve acesso.

O advogado de Vara, Tiago Rodrigues Bastos, na carta que dirigiu à Comissão alegou ainda que as matérias sobre as quais Vara poderia, eventualmente, ser questionado poderem estar em segredo de justiça.  

O exponente entende que, para salvaguarda dos seus direitos de defesa, não deve, por ora, pronunciar-se mais sobre questões relacionadas com a CGD até que as mesmas se encontrem devidamente elucidadas nos processos criminais em curso"

A situação de estar atualmente preso em Évora por tráfico de influência "inviabiliza, objetivamente, a necessária preparação sobre os assuntos que possam estar em causa na sua inquirição". E acrescenta,  "a tudo isto acresce a óbvia penosidade, quer física, quer emocional, que a sua deslocação ao parlamento acarretará"

No documento é ainda dito que Vara já prestou "todos os esclarecimentos que lhe foram solicitados sobre a sua atuação enquanto administrador da Caixa Geral de Depósitos e sobre todos os dossiês em que esteve envolvido", ao ter comparecido na anterior comissão parlamentar no dia 22 de março de 2017.

Este pedido vai ser analisado pelos deputados que compõem a Comissão e só depois será anunciado se foi, ou não, concedido. O ex-administrador da Caixa Geral de Depósitos iria ser ouvido no dia 14 de junho, sexta-feira da próxima semana, a pedido do presidente da Comissão de Inquérito.

Armando Vara foi nomeado administrador da Caixa Geral de Depósitos em 2006, para a equipa presidida por Carlos Santos Ferreira, tendo depois ambos transitado para o BCP em 2008.

O também ex-ministro Adjunto e da Juventude e Desporto do segundo governo de António Guterres é ainda um dos 28 arguidos da Operação Marquês.

Dos arguidos deste processo, foram já ouvidos na comissão parlamentar de inquérito à CGD Joaquim Barroca e Diogo Gaspar Ferreira.

Em 29 de maio foi dado a conhecer que o ex-primeiro-ministro José Sócrates, também arguido na Operação Marquês, responderá por escrito às questões dos deputados da comissão.

Na Operação Marquês estão também envolvidos Ricardo Salgado, Carlos Santos Silva, Henrique Granadeiro, Zeinal Bava, Bárbara Vara (filha de Armando Vara), Helder Bataglia, Rui Mão de Ferro e Gonçalo Ferreira, empresas do grupo Lena (Lena SGPS, LEC SGPS e LEC SA) e a sociedade Vale do Lobo Resort Turísticos de Luxo.

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