CGTP acusa UGT de lançar gasolina para a fogueira - TVI

CGTP acusa UGT de lançar gasolina para a fogueira

Secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos (Paulo Cunha / Lusa)

Dirigentes encontram-se amanhã em ambiente tenso entre as duas centrais sindicais

A CGTP acusa a UGT de «lançar gasolina para a fogueira» na relação entre as duas centrais sindicais, em vésperas da reunião marcada para quinta-feira, na sede da CGTP.

«Não me parece [adequado] que, para uma reunião que se vai realizar amanhã [quinta-feira], já se esteja a colocar determinados pressupostos que, na prática, é lançar gasolina para a fogueira», afirmou secretário-geral da intersindical, Arménio Carlos, à saída de uma audiência na comissão parlamentar de Segurança Social e Trabalho.

Arménio Carlos reagia às declarações do líder da UGT, Carlos Silva, segundo o qual a reunião pedida à Intersindical para apresentação de cumprimentos da sua nova equipa devia ser uma «ocasião para trocar impressões sobre a atualidade e para apelar à unidade na ação, mas com respeito mútuo». Carlos Silva falava depois de os dirigentes da Federação Sindical da Administração Pública (FESAP, afeta à UGT), terem sido apupados e assobiados pelos manifestantes afetos à CGTP, na segunda-feira, aquando estes saíram do Ministério da Finanças.

«Creio que não é nisso que os portugueses e os trabalhadores estão a pensar que a reunião de amanhã [quinta-feira] possa resultar», disse Arménio Carlos. «A nossa opinião é outra».

«Respeitamos, como sempre respeitámos, a autonomia e independência de qualquer organização sindical. Defendemos a unidade na ação com todos os trabalhadores, independentemente das suas opções políticas, ou sindicais, a partir do local de trabalho, de problemas concretos, de posições comuns e da disponibilidade para as concretizar», acrescentou o líder da CGTP, citado pela Lusa.

Arménio Carlos deseja que a reunião de quinta-feira na sede da CGTP seja uma oportunidade para, «mais do que discutir o passado ou procurar encontrar álibis para gerar um polémica que não leva a lado nenhum», discutir questões concretas.

E essas, enumerou ainda o secretário-geral da CGTP, são a revisão da legislação laboral, a contratação coletiva, o aumento do salário mínimo nacional, as posições a assumir em relação aos cortes nas funções sociais do Estado, «contra os despedimentos na administração pública e contra a redução dos valores das reformas».

«Quais são as posições da UGT sobre isto?», questionou Arménio Carlos. A CGTP, diz o seu líder, entende que «não se deve aceitar este tipo de posições [do Governo]» e garante que tem «alternativas e propostas».

«Para cortar na despesa parasitária, para aumentar a receita do Estado pela via da taxação do capital. Estas são propostas objetivas», concretiza.

«Agora, não impomos as nossas propostas aos outros, mas também, já agora, se fazem o favor, não nos digam o que temos que fazer. Sabemos o que temos que fazer», rematou.

«O que precisamos, neste momento, mais do que entrarmos em fait divers, é de nos sentarmos, conversarmos e de ver se as palavras correspondem ou não ao desenvolvimento de atos. Pela nossa parte, quando dizemos uma coisa, estamos disponíveis e assumimos o compromisso para a concretizar. Os outros dirão, mas vamos [para a reunião de quinta-feira] com um espírito totalmente aberto», disse Arménio Carlos.

A CGTP apresentou hoje na comissão parlamentar de Segurança Social e Trabalho uma petição com «mais de 90 mil assinaturas» pela defesa das funções sociais do Estado.

Entre os deputados que ouviram a CGTP, Arménio Carlos diz que encontrou «o reconhecimento implícito» de que o país está «perante um quadro em que é necessário proteger as funções sociais do Estado».

«É necessária a implementação de políticas que assegurem que todos têm acesso à saúde, à educação e à Segurança Social. E isso, neste momento, está a ser posto em causa pelas políticas deste Governo», acrescentou o líder da Intersindical.
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