“Portugal precisa de ação e de antecipar os problemas para melhor os resolver", assinalou Paulo Nunes de Almeida no início das VI Jornadas Empresariais das Fundações AEP/Serralves que hoje decorreram no Porto.
Para o também presidente da Fundação AEP, o país não tem “tempo a perder” uma vez que "os fundos estruturais, por si só, não chegam".
Sob o tema “Mudar para desenvolver", as jornadas traduzem o contributo das duas instituições organizadoras para "a melhoria do país e das condições de vida dos portugueses, em geral", sublinhou.
Por seu lado, o presidente da Fundação de Serralves, Luís Braga da Cruz, referiu-se a um "tempo de mudança no país" e lembrou a realidade diferente vivida aquando da adesão europeia.
Para o responsável os "pressupostos da adesão à União Europeia são bem distintos dos de hoje", razão pela qual o país se deve preparar para "mudanças ainda mais profundas e aceleradas".
Durante o debate, o docente universitário Viriato Soromenho Marques alertou para a urgência de a União Europeia corrigir os erros que estão a colocar em risco a moeda única e as economias dos países que dela fazem parte.
Para o filósofo existem "quatro erros mortais" na Zona Euro que é preciso "vencer", a começar pela falta de um entendimento político na União Económica e Monetária.
"Todas as uniões monetárias que funcionaram começaram por ser uniões políticas. Antes de ter uma moeda comum, as uniões devem ter uma constituição e um governo comuns, separando as competências dos dois sistemas", defendeu o orador.
Soromenho Marques criticou ainda que a zona euro tenha sido criada “sem a existência de um orçamento comum, capaz de intervir em caso de choques assimétricos, que atingissem alguns dos seus estados-membros, como veio a ocorrer em 2008 e depois".
Para o docente o terceiro reside na estrutura e no papel que está a desempenhar o Banco Central Europeu (BCE) “que deixou os estados completamente nas mãos dos mercados da dívida pública”.
O último erro prende-se com o funcionamento da zona euro cujas regras “trataram os estados como entidades diabólicas e os bancos como personalidades angélicas".
"Sem a união bancária imposta por Roosevelt [nos EUA] em 1933/35, os bancos teriam destruído a economia americana, depois de a terem incendiado em 1929", lembrou.
Relativamente à situação de Portugal, Viriato Soromenho Marques salientou que o país vive “uma crise existencial” e que “a ideia de um reavivar de velhas alianças é uma fantasia estratégica”.
“Estamos entregues a nós próprios e é na Europa que temos de lutar", frisou.