CGTP diz que proposta de aumentos de 0,3% na função pública é "vergonhosa" - TVI

CGTP diz que proposta de aumentos de 0,3% na função pública é "vergonhosa"

  • CM
  • 12 dez 2019, 16:17
Arménio Carlos

Arménio Carlos considera mesmo "inadmissível" este valor havendo excedente orçamental

O secretário geral da CGTP, Arménio Carlos, classificou de “vergonhosa” a proposta de aumentos salariais para a função pública em 2020, que terá por base "a inflação observada até novembro de 2019, de 0,3% para todos os trabalhadores”.

É uma proposta vergonhosa porque está a apresentar um aumento de 0,3% a mais de 600.000 trabalhadores que durante dez anos não tiveram qualquer atualização salarial”, disse à agência Lusa Arménio Carlos que falava junto do Centro Comercial Vasco da Gama, em Lisboa, onde se realizou um cordão humano em defesa de melhores salariais, horários dignos e pelo direito conjugação da vida pessoal e familiar com a vida profissional dos trabalhadores das grandes superfícies e destes estabelecimentos de retalho.

O Ministério das Finanças afirmou na quarta-feira que “a proposta considera como referencial para aumentos salariais de 2020 a taxa de inflação observada até novembro de 2019 (de 0,3% para todos os trabalhadores)”.

O esclarecimento das Finanças surge depois de o dirigente da Federação dos Sindicatos da Administração Pública (Fesap), José Abraão, ter adiantado aos jornalistas que, na reunião da tarde de quarta-feira com o Governo, o executivo tinha apresentado uma proposta de aumentos salariais que teria em conta a fórmula das pensões, apontando para uma atualização diferenciada em 2020 que podia ir até 0,7%.

Reportando-se ainda à proposta do Governo, o líder da CGTP classificou-a de “vergonhosa e inadmissível porque foram estes trabalhadores da função pública que em condições muito difíceis evitaram que os serviços públicos entrassem pura e simplesmente em declínio”.

Lembrou também que “é vergonhosa porque não se trata [assim] aqueles que são os profissionais que todos os dias dão o seu melhor”.

Para Arménio Carlos, “o problema não é dinheiro, porque este ano Portugal vai ter um excedente orçamental”, advertindo que se há um saldo orçamental positivo “há dinheiro para atribuir quer para a melhoria dos serviços públicos, quer para a melhoria dos salários dos trabalhadores”.

O que não se admite é que o Governo que está a apresentar uma proposta de 0,3% seja o mesmo Governo que já está a preparar o desvio de mais umas centenas de milhões de euros para o Novo Banco, mais uma vez, para pagar a fraude e a má gestão do setor privado.”

Segundo o dirigente sindical, o “problema de fundo” tem a ver com os trabalhadores serem ressarcidos da fatura que tiveram de pagar com “a política de austeridade que lhes foi imposta”.

O Governo, com o aumento da tabela salarial em 2020, prevê que o aumento médio da despesa com pessoal ascenda assim a 3,2%, tendo em conta o descongelamento de carreiras dos últimos anos.

Na prática, em 2021 o aumento salarial deverá situar-se acima de 1%.

 

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