Todos os sindicatos dos trabalhadores dos CTT, exceto um, chegaram esta quarta-feira a acordo com a administração dos Correios quanto a aumentos salariais. Os trabahadores vão receber mais 0,7% a 1,3%, num mínimo de 10 euros.
O acordo aplica-se a mais de metade dos trabalhadores (os que estão representados nos sindicatos que subscrevem o acordo) e tem "efeitos retroativos a janeiro 2016", especificou à Lusa o secretário-geral do SINDETELCO - Sindicato Democrático dos Trabalhadores das Comunicações e dos Media, José Arsénio.
Mais concretamente, o aumento de 1,3% abrange 8.000 trabalhadores, a subida de 0,9% abrange 1.600 trabalhadores e a de 0,7% aplica-se a 350 trabalhadores.
"Esta foi a quarta reunião de negociação. Os CTT começaram com um aumento de zero. Na sexta-feira subiu de 1% para 1,25%. É um acordo melhor do que o do ano passado. O aumento mínimo garantido é de 10 euros e o acordo aplica-se a todas as empresas do grupo."
"É ofensivo"
O único sindicato que não chegou a acordo foi o Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações (SNTCT).
O secretário-geral do SNTCT, afeto à CGTP, reagiu entretanto ao acordo, dizendo que o aumento salarial proposto pela administração dos CTT é "ofensivo" e que se mantém a greve de 28 de março.
"A proposta de aumentos salariais é ofensiva, tendo em atenção que o presidente do Conselho de Administração dos CTT ganha um milhão de euros por ano. O que seria razoável seria um aumento nunca menor a 2%".
"Os trabalhadores não tiveram aumentos salariais em seis anos, perderam o poder de compra devido à inflação, aumento de impostos e agora é proposto este aumento de 10 euros, que representa 33 cêntimos por dia", disse ainda a mesma fonte sindical, que afirma representar "5.200 trabalhadores, ou seja, quase 50%" dos funcionários do grupo CTT.
Vítor Narciso disse ainda que o sindicato propôs continuar a negociação, mas que depois viu que estava "tudo cozinhado", pelo que não subscreveu a proposta.
E anunciou ainda que vão "fazer um pedido de conciliação ao Ministério do Trabalho", estando a ser ponderada uma semana de luta entre 25 e 29 de abril. Para além de considerar o aumento salarial diferenciado ilegal, este sindicato pondera avançar com uma providência cautelar, segundo a Reuters.
A assembleia-geral anual dos acionistas dos CTT está agendada para 28 de abril.
O SNTCT, adiantou Vítor Narciso, representa carteiros, trabalhadores do atendimento e quadros médios e superiores da empresa e propôs no final do ano passado às administrações das empresas do grupo CTT um aumento de 4% dos salários em 2016, com subida mínima de 35 euros.