Banqueiros avisam: «Vamos ter de mudar de vida» - TVI

Banqueiros avisam: «Vamos ter de mudar de vida»

Responsáveis dos cinco maiores bancos partilham ideias sobre a actual situação económica e futuro do país. E deixam um aviso claro: o acesso ao crédito vai mesmo apertar

«Ter várias casas, dois carros por família, fazer refeições em restaurantes e férias no estrangeiro». Estes são alguns exemplos de que «vivemos acima das nossas potencialidades». Algo que, para Carlos Santos Ferreira, presidente executivo do BCP, vai ter de mudar.

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«Vamos ter de mudar de vida. Não vale a pena continuar a reduzir taxa de poupança e a continuar a viver acima das nossas potencialidades. A situação é séria», disse Santos Ferreira, mas estas palavras podiam vir de qualquer outro responsável por um dos cinco maiores bancos nacionais.

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Porque «o crédito fácil acabou», como voltou a referir Fernando Ulrich, do BPI, Faria de Oliveira, responsável pela CGD, orienta o caminho a percorrer: «Temos de apostar nas áreas e sectores onde podemos ser mais fortes».

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Quanto às medidas de austeridade, definidas pelo Governo e que vão hoje a debate na concertação social, serão suficientes.

«Neste momento, é preciso aplicar estas medidas. Foram as que foram decididas e não vejo razões para as criticar», disse aos jornalistas Faria de Oliveira, à margem do VIII Fórum Banca e Mercado de Capitais, que decorreu em Lisboa.

Uma opinião, mais uma vez, partilhada por Santos Ferreira: «Provavelmente estas medidas chegam». E quanto a uma possível ajuda do FMI a Portugal, o líder do BCP é claro: «Numa altura em que toda a gente fala, temos de ter calma quanto aos nossos próprios comentários. Por agora, estas medidas são suficientes».

Adiar grandes obras era importante



Já sobre o adiamento das grandes obras, esta também foi uma decisão aplaudida pelos banqueiros portugueses: «É melhor esperar seis meses do que decidir agora», sintetizou Santos Ferreira.

Os responsáveis dos cinco maiores bancos nacionais apontam, também, o mesmo culpado: as agências de rating.

«Há milhões de desempregados, milhares de empresas falidas que resultaram das más observações das agências norte-americanas», comentou Santos Ferreira.

Por isso, a decisão de criar uma agência de rating europeia é aplaudida pelos banqueiros. «Penso que é uma iniciativa salutar», resumiu Fernando Ulrich, do BPI.

Já Nuno Amado, do Totta, considera que para apoiar a economia, os bancos também precisam de apoio, vindo essencialmente do Estado.

Isto porque, segundo Athayde Marques, presidente da Euronext Lisbon, «os bancos são essenciais para a recuperação económica».

Para o responsável da bolsa nacional, há um engano aparente: «Os investidores internacionais não estão a sair do mercado português, muito pelo contrário. Quem está a sair são os investidores institucionais portugueses. O que é uma pena porque não podemos desinvestir no nosso país».

É neste sentido que o sector financeiro tem «um papel essencial» para apoiar o investimento em Portugal.
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