EuroAtlantic Airways admite dispensar 20 a 30 dos seus 200 trabalhadores - TVI

EuroAtlantic Airways admite dispensar 20 a 30 dos seus 200 trabalhadores

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  • MJC
  • 4 mar 2021, 16:44
euroAtlantic Airways

Eugénio Fernandes explica que a transportadora aérea precisa reduzir os custos em 70% para fazer face à quebra nas receiras

O presidente executivo da euroAtlantic Airways, Eugénio Fernandes, admitiu esta quinta-feira à Lusa a possibilidade de não renovar os contratos a prazo de 20 a 30 dos seus 200 trabalhadores, depois de ter dispensado 150 no ano passado.

Nós acreditamos que, continuando o mercado a não recuperar e com estes sucessivos fechos da economia, proibições de voos, etc, é natural que - não por despedimentos nem por acordos - tenhamos ainda mais uma redução de 10% a 15% dos quadros, por não renovações contratuais”, disse o responsável, em declarações à Lusa.

No ano passado, a companhia aérea reduziu o número de trabalhadores de 350 para 200, sobretudo através da não renovação de contratos a prazo.

“Está a fazer agora um ano que fizemos muitos contratos válidos por um ano, para fazer face ao verão de 2020, esses contratos que estão a acabar agora, não havendo expectativa que o mercado vá recuperar, é natural que não sejam renovados”, acrescentou.

Esta é uma das medidas adotadas pela transportadora aérea para reduzir os custos em 70%, face à queda de 70% nas receitas, devido aos efeitos da pandemia de covid-19.

Nós neste momento ainda estamos a ter uma perda líquida todos os meses, ou seja, estamos a ‘queimar’ caixa mensalmente, mas eu diria que, em valor absoluto, já conseguimos fazer uma redução de custo mensal de mais de dois milhões de euros. Para a nossa dimensão é bastante”, disse Eugénio Fernandes.

A transportadora com quase 30 anos de atividade pediu ao Governo, no ano passado, apoios para fazer face à crise causada pela pandemia, além dos apoios transversais acessíveis a todo o setor, mas não obteve ainda resposta.

“Tivemos uma reunião [no Ministério das Infraestruturas], mas até agora não tivemos qualquer ação, nem temos qualquer evolução nos contactos. Continuamos a tentar falar com o Ministério da Economia, [mas] não somos recebidos e, pura e simplesmente, fomos deixados sozinhos e isto leva-nos a perguntar se, realmente, o setor privado é importante ou não para o nosso país”, apontou o responsável.

De acordo com Eugénio Fernandes, quando a euroAtlantic pediu ajuda ao Governo, há um ano, o objetivo não se prendia com a obtenção de apoios a fundo perdido, mas antes um apoio para os dois anos seguintes que rondaria os 40 a 50 milhões de euros em isenções e majorações.

“Precisávamos de isenções da taxa social única [TSU], precisávamos de isenções do pagamento do IRC por conta, precisávamos que os custos relevantes para as companhias de aviação, que têm a ver com a manutenção, com as aeronaves, fossem majorados, alargado o prazo para a recuperação dos prejuízos fiscais, etc., toda uma série de medidas que estão ao alcance do poder executivo, no fundo, para aliviar a saída de dinheiro da tesouraria das empresas”, explicou.

“Enquanto nós nos formos aguentando, não nos vão ajudar, quando nós já estivermos prontos para morrer é que nos vão ajudar. Temos de ir para a rua dizer que não temos dinheiro para pagar salários, para sermos ajudados? É isso que o nosso Governo espera das empresas?”, questionou.

TAP: Apoio não é equitativo e desvirtua concorrência com privados

O presidente executivo da euroAtlantic Airways considera que a falta de equidade entre os apoios que o Estado está a dar à TAP e às companhias privadas e desvirtua a concorrência no setor.

“Em qualquer setor, em qualquer situação, se os ‘players’ que estão a ser apoiados concorrem com aqueles que não estão a ser apoiados, naturalmente - e parece-me obvio - há uma clara afetação do que é uma concorrência sã”, afirmou o presidente executivo (CEO) da euroAtlantic Airways, companhia fundada em 1993 na Madeira e que concorre diretamente com a TAP nas rotas de São Tomé e de Bissau.

Se temos um concorrente nosso que está a ser apoiado e nós não estamos a ser apoiados, indiretamente isto está a desvirtuar a concorrência, isto a nós deixa-nos extremamente preocupados”, sublinhou o responsável.

Eugénio Fernandes ressalvou que a companhia que dirige não se opõe à ajuda que o Governo está a dar à TAP, que, em 2020, voltou a ser controlada maioritariamente pelo Estado, porém não entende “a falta de equidade para com o setor privado”.

“Nos restantes países da Comunidade Europeia os Estados estão a dar apoio a este setor, que é dito estratégico e que é fundamental que esteja em posição de iniciar a sua operação quando houver a tal retoma do mercado e do turismo, e o que nós assistimos em Portugal é exatamente o contrário, o apoio é apenas direcionado às empresas do Estado e isso é que nos deixa muito preocupados e desagradados”, explicou.

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