Almofada do BPI para dívida soberana baixa para 446 ME com novas regras - TVI

Almofada do BPI para dívida soberana baixa para 446 ME com novas regras

«Portugal não está em condições de dar lições de moral» a Angola

De acordo com as regras de Basileia III

O recálculo do buffer (almofada) de capital exigido aos bancos para a exposição a dívida soberana, segundo as regras de Basileia III, permitiria que as necessidades do BPI baixassem para 446 milhões de euros, revelou esta quarta-feira o presidente Fernando Ulrich.

«Hoje, com Basileia III, [o buffer] é valorizado ao preço de mercado. Isso significa que, a 25 de outubro, as necessidades temporárias de capital do banco descessem de 1.184 milhões de euros para 446 milhões de euros», afirmou o banqueiro, na conferência de imprensa de apresentação das contas dos primeiros nove meses do ano, em Lisboa.

A descida de 738 milhões de euros na dotação desta almofada de capital significa que o BPI poderia ir ainda mais longe na intenção hoje anunciada de reembolsar grande parte dos instrumentos híbridos convertíveis (CoCo) que estão nas mãos do Estado, num montante de 588 milhões de euros.

«O valor de CoCo que poderíamos reembolsar era ainda maior do que aquele que pedimos às autoridades», realçou Ulrich, apontando para a solicitação recentemente apresentada junto do Banco de Portugal e da Autoridade Bancária Europeia (EBA, na sigla em inglês) e que, caso receba a necessária luz verde, permitirá que o montante de CoCo do BPI que estão na posse do Tesouro baixe dos atuais 920 milhões de euros para 332 milhões de euros.

«Isto é novo, não sabemos como é que o Banco de Portugal e a EBA vão reagir à nossa proposta. Espero que reajam bem, porque vai ser importante para o BPI e também para o sistema bancário português», assinalou o banqueiro, citado pela Lusa.

E reforçou: «É também positivo para a recuperação da credibilidade internacional do setor bancário português».

Em Portugal, foram quatro os grupos bancários que tiveram que se recapitalizar para cumprir as exigências da EBA, que agora se suavizarão com a entrada em vigor das regras de Basileia III.

No total, os bancos CGD, BCP, BPI e a holding do BES aumentaram os seus fundos próprios em 7,4 mil milhões de euros, cumprindo assim os rácios de capital exigidos pelos reguladores.

No caso do BCP, o Estado subscreveu 3 mil milhões de euros de CoCo, a que se somou um aumento de capital de 500 milhões de euros.

No BPI, o Estado subscreveu 1,5 mil milhões de euros de CoCo, sendo que o banco liderado por Fernando Ulrich reforçou o capital em 200 milhões de euros (também até ao fim do mês de setembro de 2012), de forma a recomprar essa mesma quantia ao Estado, pelo que ficou com um total de 1,3 mil milhões de euros em obrigações convertíveis.

Atualmente, a exposição estatal ao banco liderado por Fernando Ulrich diminuiu para 920 milhões de euros, depois de o BPI ter recomprado ao Estado, em diferentes fases, as obrigações subordinadas de conversão contingente ('CoCo') que estavam na posse do Tesouro.

Quanto à CGD, o Estado subscreveu 900 milhões de euros em CoCo e, enquanto acionista único do banco público, fez um aumento de capital de 750 milhões de euros.

Além dos três grupos bancários referidos, também a Espírito Santo Financial Group (ESFG), a holding que detém o BES, é avaliada pela EBA, tendo esta conseguido aumentar os rácios de capital com recurso a aumentos de capital subscritos pelos acionistas, num montante de 1.010 milhões de euros, sem recorrer ao Estado.
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