Bancos: «Há falta de procura de crédito em Portugal» - TVI

Bancos: «Há falta de procura de crédito em Portugal»

Faria de Oliveira

Associação do setor reconhece que empréstimos são mais caros e empresas precisam de melhores situações financeiras para poderem obtê-lo e pagar menos

O presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB) garante que há pouca procura de crédito e que os bancos até têm interesse em emprestar. Reações às declarações do primeiro-ministro sobre a falta de apoio dos bancos às empresas.

Faria de Oliveira, que falava na apresentação do portal de educação financeira «Boas Práticas, Boas Contas», disse que, por causa da crise, passou a «haver falta de procura de crédito» em Portugal.

À margem do evento, em declarações aos jornalistas, Faria de Oliveira, explicou que depois do segundo semestre de 2011, com a necessidade de desalavancagem da banca, o setor abrandou a concessão de empréstimos, mas que hoje «não há qualquer constrangimento» e que os «bancos estão preparados para conceder crédito à economia», cita a Lusa.

Antes de Faria de Oliveira já Fernando Ulrich, presidente do BPI, reagira às declarações de Passos Coelho, afirmando-se «perplexo» com as mesmas. Já o presidente do BES, Ricardo Salgado, foi mais comedido ao afirmar que «a preocupação é legítima», mas que «os bancos portugueses enfrentam muitos constrangimentos» e que «os projetos de investimento contam-se pelos dedos de uma mão».

O presidente da APB explicou hoje que a própria banca «tem o objetivo de aumentar o volume de crédito às empresas», até porque isso é »fundamental para a rentabilidade dos bancos», que tem estado pressionada.

O problema é que o preço do crédito é hoje «alto», consequência da penalização das instituições nos mercados de financiamento a que se junta a recessão em Portugal, que agrava as imparidades (perdas) dos bancos, e que são depois repercutidas no custo do crédito. E considerou que as taxas de juro cobradas têm vindo a descer, ainda que lentamente.

O responsável reconhece que é necessário recapitalizar as empresas, para que estas tenham balanços mais sólidos para poderem recorrer ao crédito, assim como formas alternativas de se financiarem para além do crédito bancário.

O responsável deixou ainda um recado ao Governo e à oposição: os partidos políticos devem entender-se nas medidas que permitam a Portugal ultrapassar os problemas que vive, assim como conciliação entre consolidação orçamental e crescimento económico.

«O nosso país vive uma situação em que não pode deixar de prosseguir a consolidação orçamental, mas que tem de conciliar com a absoluta necessidade crescimento económico», disse.

Para Faria de Oliveira, Portugal vive hoje uma situação de «absoluta necessidade de haver convergência, capacidade de negociação», tanto entre os partidos políticos como em Concertação Social.

«Podemos ter opiniões que não são coincidentes, mas a responsabilidade que temos com todos portugueses deve ser posta acima de convicções para encontrar as vias de se atingir os objetivos», sublinhou.
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