BCP põe à venda participação no capital do banco grego Piraeus - TVI

BCP põe à venda participação no capital do banco grego Piraeus

Millenium BCP (Foto: Nuno Miguel Silva)

Esta posição do BCP no capital do Piraeus Bank resultou do negócio concretizado este ano pelas duas entidades relativo à venda do Millennium Bank grego

O Banco Comercial Português (BCP) anunciou esta terça-feira o lançamento de um accelerated placement [colocação acelerada] das ações e warrants do Piraeus Bank, direcionada a investidores institucionais, que resultará na venda do total da participação que detém no banco grego.

A operação foi lançada através da subsidiária holandesa BCP Investment BV, especificou o banco liderado por Nuno Amado num comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), no qual dá conta que o processo de colocação de 235.294.118 ações e de 235.294.118 warrants para subscrição de ações do Piraeus Bank é dirigido apenas a investidores institucionais.

A concretização da venda do «total da participação que o BCP detém atualmente no Piraeus Bank» fica sujeita «às condições de procura, preço e mercado», salientou o banco português, citado pela Lusa.

Os warrants em causa nesta operação foram emitidos pelo Fundo de Estabilidade Financeira Helénico (HFSF, na sigla em inglês), especificou o BCP.

«Conforme anunciado pelo BCP no seu plano de reestruturação (2 de setembro de 2013), esta participação permanece não estratégica para o vendedor e é sua intenção alienar toda a participação», lê-se no documento enviado ao supervisor do mercado português.

O BCP informa ainda que a receção de ordens para esta colocação «tem efeito imediato» e que «o preço e as alocações devem ser anunciadas logo que possível após a conclusão da colocação».

Esta posição do BCP no capital do Piraeus Bank resultou do negócio concretizado este ano pelas duas entidades relativo à venda do Millennium Bank grego (MBG).

Em abril, o BCP anunciou ter chegado a acordo definitivo com o Piraeus Bank para vender o Millennium Bank, banco grego que pertence ao BCP, e para aumentar o seu capital naquela instituição.

Na altura, o BCP explicou que estes acordos visavam respeitar as «determinações do Banco Central da Grécia e do Fundo de Estabilidade Financeira Helénica para a reestruturação do sistema bancário grego e o fortalecimento da sua estabilidade financeira».

Os termos dos acordos, cujas negociações decorriam desde 06 de fevereiro, foram aprovados pelo Fundo de Estabilidade grego, e, depois de passarem pelas respetivas entidades reguladoras, determinavam que as transações deviam ser executadas até junho, algo que se confirmou.

Já em junho, o BCP especificou que, antes da conclusão da operação, o banco português recapitalizou o MBG no valor total de 413 milhões de euros, um montante coberto pela provisão já constituída de 427 milhões de euros para perdas potenciais do MBG.

No âmbito do negócio, o BCP teve que subscrever ações ordinárias do Piraeus Bank, no montante de 400 milhões de euros, no processo de capitalização da instituição financeira grega que estava em curso.

«Com a conclusão da venda, o BCP finaliza com sucesso a sua estratégia de mitigação do risco Grécia, o que permite fortalecer o seu enfoque no plano estratégico traçado», lê-se no comunicado enviado à CMVM a 19 de junho.

Pela venda do Millennium Bank, o BCP tinha a receber um milhão de euros, devendo depois investir 400 milhões num aumento de capital do Piraeus Bank, que é o segundo maior banco grego.

Paralelamente, até ao fecho da venda, o BCP teve que investir 400 milhões de euros no MBG, de acordo com as exigências do Banco Central da Grécia, valor que seria reembolsado pelo Piraeus em duas tranches, como ficou determinado.

A primeira tranche, no valor de cerca de 650 milhões de euros, foi paga na data de fecho da operação de venda, e a segunda, de aproximadamente 250 milhões de euros, no prazo de seis meses.

Depois do sucesso inicial, a operação grega do BCP não resistiu à conjuntura negativa atravessada pela Grécia que, tal como Portugal, está sob resgate financeiro internacional, e tem causado sucessivos problemas ao banco liderado por Nuno Amado.
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