Grécia: saída do euro é agora mais provável - TVI

Grécia: saída do euro é agora mais provável

Grécia

Analistas dizem que instabilidade política e social vai azedar relações com Europa e dificultar cumprimento de compromissos com credores. Sem esforço de ajustamento, ajuda europeia pode cair

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Os analistas acreditam que a Grécia está agora mais próxima do incumprimento, e de abandonar a moeda única, depois dos resultados eleitorais do último domingo, que estão a tornar praticamente impossível a formação de um Governo de coligação.

Por exemplo, o espanhol Bankinter diz numa nota diária emitida na segunda-feira e citada pelo «Cinco Dias», que «a Grécia entrará em incumprimento mais cedo ou mais tarde».

O banco escreve na mesma nota que a saída da Grécia é mais provável do que há um ano. A diferença, diz, é que agora «a moeda única sobreviveria» a essa saída. Há um ano não.

Já um estratega do Citi em Espanha, José Luis Martínez Campuzano, antecipa «uma forte instabilidade política adicional e dificuldades nas relações com a Europa», o que, em última análise, pode precipitar a saída do país do euro. «Nós agora consideramos que a probabilidade de a Grécia sair do euro é superior a 50%».

Também a Link Securities vê este risco. «A Grécia tem um problema grave de financiamento, pelo que recusar as medidas acordadas com o resto dos países da Zona Euro e com os credores, a sua participação no euro ficaria em causa».

Para os parceiros internacionais, o mais importante é que o Governo que venha a formar-se, tenha condições para manter os compromissos de ajustamento orçamental, de modo a que a ajuda do Fundo Monetário Internacional e da Europa possa continuar.

Entre os compromissos está o corte imediato de 3.000 milhões de euros e o detalhar de como serão cortados mais 12.000 milhões para 2013-14.

«No caso de não serem capazes de cumprir, aumenta a instabilidade e o risco de possível default e voltarão os rumores de saída do euro», escreve a Renta 4.

Tendência política na Europa está a mudar

Além dos resultados pouco otimistas na Grécia, e da derrota de Nicolas Sarkozy, um dos pilares da austeridade europeia, nas presidenciais francesas, os analistas antecipam que também em Itália, os resultados das eleições mostrarão uma viragem na vontade do povo, que quer mudança depois de dois anos de austeridade sem resultados à vista.

Uma tendência de mudança política na Europa que intensifica as dúvidas sobre como é que esta crise da Zona Euro acabará por ser resolvida.

Problema de fundo do euro continua por resolver

Para o Bankinter, o lado bom desta instabilidade na Grécia e na França é que, pelo menos durante os próximos dias, desvia as atenções de Espanha e recentra-as no coração da Europa, onde têm de ser resolvidos os principais problemas que agora se colocam à região.

É cada vez mais consensual que está na hora de centrar esforços no crescimento económico, mas no que toca ao financiamento desse esforço, consenso é coisa que não há. Existem rumores de que poderia criar-se uma espécie de «Plano Marshall», em que os Estados Unidos ajudariam a Europa, mas esse cenário parece pouco provável, já que os EUA também não estão propriamente desafogados.

A alternativa é que a injeção de fundos seja feita pelo Banco Europeu de Investimento (BEI), financiado pelo Banco Central Europeu (BCE), um cenário que a maioria dos responsáveis políticos também recusa.

Atenas testou os mercados esta terça-feira, pela primeira vez depois das eleições. Até emitiu mais dívida do que o previsto, mas os juros subiram.

O presidente da Comissão Europeia disse entretanto em Bruxelas que «respeita a democracia» e os resultados eleitorais da Grécia e espera agora a formação de um governo de coligação no país.

Durão Barroso lembrou, segundo a Lusa, a necessidade de Atenas cumprir o acordado no segundo programa de resgate.
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