O governador do Banco de Portugal defendeu esta segunda-feira a necessidade de uma mudança no relacionamento entre clientes e bancos, de modo a que o cliente perceba que há produtos de risco e produtos sem risco.
“O cliente tem de perceber que há zonas de risco e zonas sem risco, produtos de risco e produtos sem risco, e não podemos de forma nenhuma contemporizar com más práticas de venda ou com a ideia de que, aconteça o que acontecer, eu estou sempre protegido", disse Carlos Costa num colóquio em Lisboa sobre “Regulação e Consumidor”.
O governador defendeu uma mudança de relacionamento, no que respeita a obrigações de informação, de separação dos balcões onde o produto é vendido e de confirmação escrita de que o cliente sabe o que está a comprar.
Não havendo esta mudança, adiantou, corre-se o risco de “estarmos permanentemente, no final do processo, com uma situação em que toda a gente sabia o que estava a comprar, mas no final ninguém confessa verdadeiramente o que comprou."
Carlos Costa salientou ainda que a qualidade de supervisão “nunca pode garantir” que não há risco de resgate e enalteceu a obrigatoriedade da prestação de contas das instituições financeiras, dos seus mecanismos de fiscalização internos independentes e de mecanismos de auditoria externa eficientes.
“Se isso não acontecer, é óbvio que o supervisor - que é a última linha de defesa da estabilidade da instituição - tem sempre algum atraso, e então tem mais atraso ainda quando a informação de base sobre a qual se faz a supervisão, se faz o controlo, a gestão de risco, se essa informação estiver adulterada", frisou, mas sem especificar referir-se ao caso BES.
O governador defendeu ser do interesse público a qualidade da informação contabilística e de gestão, porque uma instituição financeira que entra em dificuldades constitui uma ameaça a esse interesse pelo risco de contágio às outras instituições.
Em termos de estabilidade financeira, a resolução do BES foi “bem sucedida”, disse, especificando que essa medida permitiu que não houvesse quebra de depósitos no banco nem do financiamento da economia.
BdP quer mudar relacionamento entre bancos e clientes
- Redação
- DC
- 4 mai 2015, 14:05
Cliente tem de perceber que há produtos de risco e produtos sem risco, defende o governador Carlos Costa
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